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Meta é considerada culpada por coletar dados menstruais de mulheres

Usuárias do app de saúde menstrual Flo acusaram a Meta de usar dados menstruais sem consentimento para fins de anúncios

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Júri considerou a Meta culpada por violar leis de privacidade em ação movida por usuárias do app Flo | Foto: Canva
Júri considerou a Meta culpada por violar leis de privacidade em ação movida por usuárias do app Flo | Foto: Canva

Ao longo do ciclo menstrual, mulheres e pessoas com útero enfrentam variações hormonais que influenciam o humor, a energia, o apetite, o desejo sexual e diversos outros aspectos do cotidiano. Para empresas como a Meta, acessar esses dados representa uma poderosa vantagem comercial. Imagine receber um anúncio de chocolate durante a TPM ou uma propaganda de lingerie justamente no período fértil?

Nesta semana, um júri na Califórnia (EUA) considerou a Meta culpada por violar leis estaduais de privacidade em uma ação coletiva movida por usuárias do aplicativo de saúde feminina Flo – que também possui operações no Brasil. As usuárias alegaram que a big tech coletou dados privados de saúde menstrual sem consentimento e os utilizou para fins de ad tracking. Esse processo analisa como os usuários interagem com os anúncios, desde a visualização e cliques até as conversões.

Protocolada em 2021 contra o Flo, a ação também incluía como rés a Meta, o Google e as empresas de análise de anúncios AppFlyers e Flurry. Tanto o Google, quanto a Flo fecharam acordos recentemente para que o caso não fosse levado a júri. No entanto, a Meta optou por levar o caso a julgamento, e foi considerada culpada pelo júri.

Em nota, os advogados responsáveis pelo caso, Michael P. Canty e Carol C. Villegas, disseram que o veredicto envia uma mensagem clara sobre a proteção de dados de saúde digital e as responsabilidades das big techs.

“Empresas como a Meta, que lucram de forma oculta com as informações mais íntimas dos usuários, precisam ser responsabilizadas. O resultado de hoje reforça o direito fundamental à privacidade – especialmente quando se trata de dados de saúde sensíveis”, afirmaram.

A Meta, por sua vez, discordou da decisão e afirmou que nunca teve acesso aos dados das usuárias do aplicativo.

“Discordamos veementemente desse resultado e estamos explorando todas as opções legais. As alegações das autoras contra a Meta são simplesmente falsas. A privacidade dos usuários é importante para a Meta, e é por isso que não queremos informações de saúde ou outros dados sensíveis, além de nossos termos proibirem que desenvolvedores enviem esse tipo de informação”, disse um porta-voz da empresa em comunicado.