No mundo acelerado das startups de inteligência artificial, ficar um ano sem captar investimentos parece muito tempo. Sendo assim, mais de um ano após sua última rodada, a Mistral AI está se preparando para levantar um novo cheque, no valor de € 2 bilhões.
Conforme reporta a Bloomberg, a nova rodada está em fase de finalização, e deve elevar o valuation da “OpenAI francesa” para US$ 14 bilhões, mais do que o dobro anotado em sua série B em junho do ano passado, quando levantou € 600 milhões (cerca de US$ 660 milhões), em deal liderado pela General Catalyst.
A Mistral tem chamado a atenção de investidores com um crescimento notável na sua receita, projetando um aumento de cinco vezes, de € 10 milhões em 2023 para cerca de € 60 milhões em 2025. O crescimento é impulsionado pela forte adoção empresarial e por parcerias estratégicas. Um exemplo é a operadora francesa Free Mobile, que oferece o chatbot de IA da empresa, o Le Chat Pro, gratuitamente a seus assinantes.
A equipe fundadora da Mistral inclui Arthur Mensch, que vem da DeepMind, e Guillaume Lample, que teve papel central no desenvolvimento do Llama, da Meta. Inclusive, a experiência de Lample tem papel central na estratégia open-source-first da Mistral, diferenciando seu LLM de concorrentes mais proprietários como a OpenAI, atendendo especialmente às exigências regulatórias europeias sobre transparência de dados e soberania.
Além de contar com investidores como Andreessen Horowitz, General Catalyst, Nvidia e fundos públicos da Europa do seu lado, outras parcerias estratégicas, como a Microsoft, que investiu € 15 milhões e distribui os modelos da Mistral no Azure, têm ajudado na ascensão da companhia.
No lado da clientela, grandes corporações europeias como BNP Paribas, AXA e Stellantis comprometeram € 100 milhões ao longo de cinco anos para aplicar a IA da Mistral em logística e atendimento ao cliente, consolidando ainda mais o ecossistema da startup.
Com os investimentos, a Mistral planeja expandir sua infraestrutura de data centers próximos a Paris, abastecidos por energia de baixo carbono, além de ampliar sua presença global para Ásia-Pacífico e América do Norte. Os fundadores também já sinalizaram planos para um IPO, a fim de consolidar a posição da Mistral como campeã europeia da IA.
O investimento ocorre em um momento de forte aceleração das startups de IA na Europa. Segundo a Dealroom, companhias europeias de IA garantiram 55% mais investimentos ano a ano no 1º trimestre de 2025, com 12 startups alcançando o status de unicórnio só na primeira metade do ano. Nssa onda está a sueca Lovable, plataforma de vibe coding que atingiu avaliação de US$ 1,8 bilhão em julho, apenas oito meses após sua fundação.