Não é algo novo, mas vira e mexe alguma startup faz uma rodada que borra as linhas entre os valores e tipos de captação que podem ser feitas. O mais recente exemplo é o da IDTech norte-americana Descope, que acabou de levantar generosos US$ 53 milhões em uma rodada seed. Isso mesmo, uma rodada seed que para muitas empresas poderia ser muito bem uma série B ou C. O volume arregala ainda mais os olhos por conta do atual momento de cheques magros.
Segundo reporta o TechCrunch, a rodada foi liderada pela Lightspeed Venture Partners e pela GGV Capital, com participação da Dell Technologies Capital, TechAviv, J Ventures e executivos do Vale do Silício como o chairman da Microsoft, John W. Thompson.
Com o aporte, a Descope planeja aumentar os recursos do seu produto, investir em pesquisa e apoiar iniciativas de código aberto em torno de sua solução de autenticação, autorização e gerenciamento de usuários.
Agora a pergunta pertinente: por que a grande infusão de dinheiro – especialmente inflada para uma rodada early stage – em uma startup focada em desenvolvimento? Segundo o CEO da Descope, Slavik Markovich, o cenário atual favoreceu, já que a empresa toca em uma dor de muitos negócios. Em economias apertadas, as organizações sentem a pressão de mudar os esforços de desenvolvimento de software para iniciativas que moverão a agulha para os negócios.
Na explicação do CEO, sua empresa permite que os clientes consigam reduzir custos e otimizar processos, afirma Markovich, terceirizando muitos componentes necessários – mas não geradores de receita – de aplicativos de autenticação e gerenciamento de usuários, liberando as equipes de desenvolvimento.
Contudo, no mercado norte-americano, a Descope não está em um oceano azul. A empresa tem nomes grandes – e até mesmo mais capitalizados – na briga, como ConductorOne, Stytch, Transmit Security and Auth0, unicórnio argentino que foi comprado pela gigante norte-americana Okta por US$ 6,5 bilhões em 2021.
O mercado brasileiro também tem seus nomes que tem fome de pisar no palco global deste segmento. É o caso do unicórnio unico e da CAF, que no último ano levantou uma rodada de R$ 80 milhões e está investindo pesado na contratação de executivos internacionais para escalar a sua operação junto a clientes globais.