Nos últimos anos, a Spiro vem impactando de forma significativa o segmento de mobilidade na África – e agora anunciou o maior investimento de mobilidade elétrica no continente até hoje. A startup acabou de levantar um investimento de US$ 100 milhões, liderado pelo Fund for Export Development in Africa (FEDA), braço de desenvolvimento do Afreximbank.
“Isso solidifica a Spiro como a companhia de motos elétricas mais agressiva do continente”, disse a companhia em comunicado divulgado essa semana. Com o investimento, a startup tem planos de chegar a mais de 100 mil motos elétricas em funcionamento em todo o continente africano.
Atualmente, a empresa opera em seis países africanos (entre eles Ruanda, Quênia, Nigeria e Uganda), com cerca de 60 mil motos em atividade e 1,5 mil estações de troca, onde condutores podem trocar baterias vazias por uma carregada. Segundo destacou o CEO Kaushik Burman ao site TechCrunch esta semana, o volume de trocas de baterias subiu de 4 milhões para 27 milhões este ano.
O crescimento da Spiro tem sido vertiginoso. Quando Kaushik Burman ingressou há dois anos, vindo da gigante taiwanesa de troca de baterias Gogoro, a startup tinha apenas 8 mil motocicletas elétricas e 150 estações de troca, distribuídas entre os países vizinhos Benin e Togo.
A rodada de US$ 100 milhões ajudará a financiar essa expansão. Ela se soma a mais de US$ 180 milhões em investimentos anteriores e será direcionado para ampliar a rede de estações de troca da Spiro, aumentar a capacidade de fabricação e investir em P&D, além de lançar projetos-piloto em novos mercados, como Camarões e Tanzânia.
Explicando o sucesso
Com sua proposta elétrica, a Spiro atraiu padrinhos de peso para sua jornada de crescimento. O principal deles foi o Uber, que anunciou sua primeira investida em mobilidade elétrica na África em 2023, com o plano de colocar mais de 3 mil motos elétricas no primeiro ano de operação.
De acordo com o CEO, o segredo por trás do rápido crescimento da Spiro é um modelo de negócios desenhado para a realidade africana. Os mototáxis – chamados de boda bodas no Quênia e okadas na Nigéria – são usados para o transporte de pessoas e mercadorias. Contudo, o alto custo do combustível reduz drasticamente a renda dos milhões de motociclistas que dependem desse trabalho diário.
As motos elétricas da Spiro custam cerca de 40% menos do que as versões a gasolina e têm custo por quilômetro até 30% inferior. Essa equação – menor investimento inicial e retorno mais rápido – tem atraído cada vez mais motoristas, que pagam uma taxa diária para acessar a rede de energia e economizam até US$ 3 por dia em combustível e manutenção.
A Spiro gera receita tanto com a venda e aluguel das motos quanto com sua rede de estações de troca de baterias, onde os condutores retiram baterias carregadas e pagam apenas pela energia consumida. Todo o processo é monitorado por um algoritmo proprietário, que calcula o consumo de energia de cada motorista.