Mira Murati | Foto: divulgação
Mira Murati | Foto: divulgação

No badalado – pra não dizer ultravalorizado – mundo da inteligência artificial, a Thinking Machines é um dos nomes que mais chamaram a atenção nos últimos tempos. Com apenas um ano de existência, a companhia liderada pela ex-OpenAI Mira Murati já virou unicórnio ao levantar uma megarodada antes mesmo de ter um produto, e agora ela já está fazendo mais barulho, negociando um novo aporte bilionário, podendo chegar em um valuation de US$ 50 bilhões.

Segundo reportou o The Information, a Thinking Machines está prestes a fechar uma rodada de US$ 5 bilhões, mas o nome dos investidores interessados não foi revelado. Caso a rodada seja concretizada – e o valuation esperado se confirmar – a companhia multiplicará seu valuation em cinco vezes, isso em menos de seis meses.

Em julho, a startup captou US$ 2 bilhões em uma rodada seed liderada pela Andreesen Horowitz, com a participação da Conviction Partners. Com o deal, a empresa da ex-CTO da OpenAI já entrou para a história, fazendo uma das maiores rodadas seed da história do Vale do Silício, a um valuation de US$ 10 bilhões.

Um detalhe importante: quando a Thinking Machines fez a primeira rodada, ela ainda não possuía sequer um produto – isso só veio a aparecer em outubro, quando a companhia apresentou o Tinker, uma ferramenta que ajuda desenvolvedores na customização de modelos de IA open source.

Segundo fontes próximas à empresa, a deeptech pretende usar a rodada para reforçar sua parte de pesquisa e desenvolvimento para novos produtos, contratando talentos e infraestrutura para ampliar seu poder computacional.

Por falar em novos produtos, a startup está preparando uma solução voltada ao público-geral, possivelmente uma ferramenta de voz para apoiar a criação de assistentes pessoais. Todas estas “cartas na manga” seriam os fatores que animaram os investidores para uma nova – e polpuda – rodada.

Segundo investidores, a capacidade de Mira Murati de levantar valores tão altos é respaldada pela sua expertise comprovada como CTO (e CEO por alguns dias) da OpenAI. Vale lembrar que ela um papel central no desenvolvimento de produtos como o ChatGPT, o gerador de imagens Dall-E e o modo de voz da OpenAI.

Conforme apontou uma reportagem da Reuters em julho, a ausência de produtos públicos não afastou os VCs, que veem Murati como um “alvo cobiçado” no cenário de talentos em IA.

O valuation elevado da Thinking Machines, que em pouco tempo já ultrapassou o valor de empresas conhecidas como a Perplexity, fez alguns analistas torcer o nariz, rotulando as avaliações como sintoma de uma bolha. Inclusive, durante o Web Summit Lisboa na semana passada, o sócio de Peter Thiel na Thiel Capital, Jack Selby, compartilhou sua opinião sobre o assunto.

“Acho que já passamos do pico da IA. Provavelmente isso aconteceu há uns três a seis meses”. Na visão de Jack, o sinal que marou o topo do fenômeno para ele foi a megarodada de uma startup liderada pela ex-CTO da OpenAI, que teve uma avaliação bilionária antes mesmo de ter um produto. Para bom entendedor, meia palavra basta.