Lá Fora

Tik Tok Shop chega oficialmente nos EUA; no Brasil, nem sinal

Após meses de testes, funcionalidade é lançada para rivalizar com Amazon, Shein e outros gigantes

Tik Tok Shop
Tik Tok Shop. Crédito: reprodução

Depois de diversos meses de testes e ajustes, a funcionalidade de e-commerce dentro do Tik Tok foi lançada. Espera, não estou falando do Brasil. O Tik Tok Shop, fenômeno que na Ásia movimenta mais de US$ 60 milhões por dia, agora está disponível para os usuários da rede social nos Estados Unidos.

Segundo reporta o TechCrunch, a novidade está disponível para os mais de 150 milhões de usuários que o app tem em terras ianques. Desde novembro, a funcionalidade já estava rodando em caráter de teste, com um número restrito de usuários e vendedores. Entretanto, nos últimos meses, a empresa intensificou o seu rollout, trazendo mais merchants até a hora de disponibilizar o serviço de forma geral, que foi hoje (12).

“A Tik Tok Shop permite que marcas e criadores se conectem com clientes altamente engajados com base em seus interesses e combina o poder da comunidade, da criatividade e do comércio para oferecer uma experiência de compra perfeita”, disse a empresa em uma postagem em seu blog oficial, em inglês.

Segundo a companhia, pelo Tik Tok Shop criadores podem marcar produtos para facilitar aos usuários a compra de itens em vídeos InFeed e vídeos ao vivo. As marcas podem criar seus próprios portfólios de produtos, que podem ser acessados em suas páginas de perfil. Tudo isso pode ser acessado pelos usuários em uma aba dedicada, como uma loja online à parte do feed de vídeos tradicional, com opções de busca e compras recomendadas.

Por falar no feed tradicional de conteúdos, a empresa também criou um programa de afiliados, em que criadores podem recomendar produtos e receber comissão por isso. Segundo o Tik Tok, já no lançamento cerca de 100 mil criadores se inscreveram no programa.

No lado dos vendedores, além de parcerias com marcas e opções logísticas fornecidas pelo próprio Tik Tok, a companhia registrou mais de 200 mil cadastros de vendedores independentes. Entretanto, segundo uma matéria publicada pelo New York Times na última semana, mais de 90% dos sellers atuais na plataforma são de fora dos EUA, vendendo produtos de procedência no mínimo duvidosa.

Enquanto isso, em outros mercados

Apesar do Tik Tok Shop estar apenas engatinhando nos EUA, o potencial é grande, visto o crescimento que a ByteDance está registrando em outras praças, como é o caso do Reino Unido. Por lá, a ByteDance já vende produtos de sua própria subsidiária no Tik Tok. Esta nova seção “Trendy Beat”, que estreou em junho, é supostamente um desafiante para Shein e Amazon, de acordo com uma reportagem do Financial Times.

Já nos Estados Unidos, o caminho das pedras para o Tik Tok pode ser mais árduo, frente à concorrência de nomes como a Amazon e também a resistência de órgãos governamentais, que ainda veem a plataforma com a bandeira da China atrelada a ela, apesar de repetidas alegações dos fundadores da ByteDance que a empresa é 100% independente, sem nenhum laço com o governo chinês.

Segundo dados apurados pelo The Information, dentro de seu período de testes, o Tik Tok Shop não movimentou muito mais do que US$ 3 milhões ao dia, enquanto que no mercado asiático o volume diário passa dos US$ 60 milhões, com meta de extrapolar US$ 90 milhões até o fim do ano.

Entretanto, o esforço em fazer a entrada no mercado ianque dar certo é alta. Segundo a mesma matéria do The Information, fontes revelaram que os investimentos no mercado norte-americano passam dos US$ 500 milhões.

E o Brasil?

Em conversa com o Startups durante o Fire Festival 2023, a gerente geral de marketing e operações do Tik Tok no Brasil, Kim Farrell, se manteve reticente ao falar sobre rumores do Tik Tok Shop chegar ao Brasil, que circulam desde o ano passado, e que previam a chegada da funcionalidade por aqui no primeiro semestre deste ano.

Entretanto, até agora a companhia não virou essa chave no país, e parece que ainda não é a hora de fazer. “Quando chegar a hora, nós vamos contar para vocês”, desconversou a executiva, em entrevista exclusiva ao Startups.

O que se sabe, porém, é que a empresa andou revendo os planos de expansão da sua plataforma de social commerce. Uma reportagem recente do Financial Times divulgou que a equipe responsável pela estruturação do projeto do Tik Tok Shop em outros países (incluindo o Brasil), foi realocada para regiões onde a operação já está ativa, mas passava por ajustes – o que no caso de aplica à implementação do Tik Tok Shop nos EUA.

O Tik Tok não abre números regionais de usuários – globalmente a empresa conta com cerca de 1 bilhão deles – mas Kim Farrell é categórica ao colocar o Brasil como uma parcela importante deste bolo.

“Eu posso afirmar que a gente continua num ritmo bem saudável de crescimento no país, trazendo mais comunidades e agregando novas funcionalidades para atender estes públicos”, disse Kim.