No novo campo de guerra da inteligência artificial, parece que a batalha para as big techs do Vale do Silício não é apenas econômica – ela é política. Isso explica o crescente interesse das grandes empresas do setor em injetar dinheiro em “comitês de ação política” (PAC, na sigla em inglês), para avançar seus interesses no mercado da IA.
O mais recente exemplo disso vem da Meta, que anunciou nesta terça (26), o Mobilizing Economic Transformation Across California, um super PAC que apoiará candidatos a cargos estaduais de qualquer partido que defendam a inovação em inteligência artificial em vez de regras rígidas.
Segundo reporta a Reuters, a dona do Facebook e do Instagram planeja gastar dezenas de milhões de dólares por meio do PAC, o que pode posicionar a empresa entre os maiores doadores políticos do estado antes da corrida para governador em 2026.
A decisão da Meta de apoiar candidatos mais “amigos da inovação” se alinha com seus interesses comerciais, já que a empresa está investindo pesado para competir na corrida de IA cada vez mais acirrada no Vale do Silício.
“O ambiente regulatório de Sacramento (capital da Califórnia) pode sufocar a inovação, bloquear o progresso da IA e colocar em risco a liderança tecnológica da Califórnia”, disse Brian Rice, vice-presidente de políticas públicas da Meta e líder do recém-lançado PAC.
A Califórnia tem sido um dos estados mais agressivos na busca por regulamentações de IA e de mídias sociais, e ainda estão em discussão leis para definir regras sobre segurança, transparência e proteção ao consumidor que podem impactar os produtos das empresas de tecnologia.
Outros Super PACs?
Os “manda-chuvas” tech do Vale do Silício começaram recentemente a expressar o desejo de ampliar sua participação nas eleições estaduais e estruturar suas máquinas de campanha como parte de uma estratégia para inclinar o campo político em direção a políticas mais favoráveis ao seu segmento.
Esse movimento vem no rastro do que elas mesmas já sinalizaram no começo do ano, quando fundadores de empresas como Apple, Meta, Amazon e outras foram para Washington e se colocaram lado a lado com o presidente eleito Donald Trump, ávidos para novas relações na capital federal, se aproximando dos republicanos e virando oposição para o status democrata na Califórnia.
O Airbnb, que mantém um PAC na Califórnia desde 2021, disse ao site Politico este mês que está “apenas começando” na Califórnia. A empresa destinou US$ 15 milhões ao seu PAC este ano, com planos de fazer “contribuições significativas” para candidatos de 2026 que impulsionem – ou seja, diminuam regulações – a indústria do turismo da Califórnia, permitindo que mais moradores aluguem suas casas.
Um outro “super PAC”, conhecida como Leading the Future, foi lançada na segunda-feira com mais de US$ 100 milhões comprometidos pela empresa de capital de risco Andreessen Horowitz. Também entraram nesse super comitê nomes como Greg Brockman, presidente da OpenAI, executivos da Perplexity, o investidor-anjo Ron Conway, Joe Lonsdale, cofundador da Palantir e outros.
A rede espera atuar como uma “força de contraponto” ao movimento de segurança em IA na Califórnia e em outros três estados, inspirando-se no modelo do Fairshake, um super PAC que há tempos tem sido uma força em favor do mercado cripto. Agora, o plano é usar o mesmo tipo de estratégia para a IA.