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Esses dias, em uma conversa com um agente do ecossistema local sobre o ritmo em que startups têm fechado as portas em 2023, ouvi ele dizer que “lá fora está rolando um banho de sangue”. Não demorou muito para vir o PitchBook respaldar isso com dados. Segundo a consultoria norte-americana, cerca de 3,2 mil startups faliram este ano no EUA.

Entretanto, o fato que mais chama a atenção nisso tudo é o montante de dinheiro que evaporou junto com estas startups que “não chegaram lá”. De acordo com a empresa de inteligência de dados, mais de US$ 27 bilhões em recursos de venture capital “viraram fumaça” com o fim destes negócios.

Este valor equivale quase ao volume total de investimentos de VC no mercado norte-americano no último trimestre – que segundo dados da EY, foi de US$ 29,8 bilhões. Ainda assim, os números contabilizados pelo PitchBook não representam o cenário total da quebradeira, já que o número de negócios que fecham silenciosamente podem passar por debaixo do radar.

Talvez o negócio que mais chame a atenção nesse bolo todo foi o da WeWork, que anunciou seu pedido de recuperação judicial (Chapter 11) no mês passado, colocando fim na história de uma startup que foi decacórnio e levantou mais de US$ 11 bilhões em investimentos junto à gigante SoftBank.

Outros nomes nesta lista de startups caídas são a fintech Frank, que levantou US$ 175 milhões, a foodtech de automação de pizzas Zume, que captou US$ 500 milhões e a proptech Zeus Living (US$ 150 milhões). Um caso interessante é o da Bird, uma startup de patinetes elétricos que chegou a fazer IPO, levantando mais de US$ 776 milhões, mas acabou sendo retirada da lista na bolsa de Nova Iorque por atingir um preço baixo demais para seus papéis.

Aqui no Brasil, este ano também teve a morte de uma famosa empresa de patinetes. A Yellow, startup brasileira de aluguel de bicicletas e patinetes elétricos que se fundiu com a mexicana Grin em 2019, teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, após não honrar o cumprimento de seu plano de recuperação judicial.

O ano mais difícil

A Carta, uma empresa que fornece serviços financeiros para muitas startups do Vale do Silício, disse que 87 das startups em sua plataforma que arrecadaram pelo menos US$ 10 milhões fecharam este ano em outubro, o dobro do número de todo o ano de 2022.

Este ano foi “o mais difícil para startups em pelo menos uma década”, escreveu Peter Walker, chefe de insights da Carta, no LinkedIn.

Entretanto, segundo reporta o The New York Times, tem gente que está aproveitando o tal “banho de sangue”: empresas que trabalham em cima da falência de outras, como a SimpleClosure. Fundada em setembro pelo empresário Dori Yuna, a startup tem enfrentado dificuldades para atender a demanda. A empresa oferece serviços como preparar a documentação legal e liquidar obrigações para investidores, fornecedores, clientes e funcionários.

Em entrevista ao jornal norte-americano, Dori admite que é triste ver tantas startups fechando suas portas, mas é gratificante ajudá-los a lidar com este momento – que segundo o empresário, nada mais é uma parte do ciclo da vida dentro do Vale do Silício. “Muitos deles já estão trabalhando em suas próximas empresas”, disse ele.

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