Faz cerca de um mês desde que Fernanda Caloi anunciou a sua saída da Latitud, após um período de dois anos como diretora da companhia fundada por Brian Requarth, Gina Gotthilf e Yuri Danilchenko. Agora, a executiva está pronta para um novo ciclo. Nesta semana, Fernanda anunciou a sua chegada à Academia Latino-americana de Liderança (LALA), como CEO das operações no Brasil.
A notícia chega em meio a uma recente reestruturação na Latitud. Fundada como um ecossistema de inovação para founders e startups na América Latina, a companhia se reposicionou como fundo de venture capital, focando exclusivamente em seu braço de investimentos early-stage. “Eu tocava a área de produtos na Latitud apoiando o desenvolvimento de soluções para a comunidade. Com o tempo vimos que não seria um modelo sustentável e quando a Latitud optou por focar no fundo de venture capital, percebi que eles já tinham o time ideal para essa operação”, afirma Fernanda.
A decisão estratégica da Latitud casou com a vontade da executiva de testar e se aventurar em novos desafios. “Ao sair da Latitud, pensei muito em trabalhar com meio ambiente e cheguei a conversar com climatechs e organizações internacionais, como COP e ONU. Além disso, falei com pessoas e fundos para seguir no mercado de startups e venture capital, formando comunidades”, conta.
Ela descreve a LALA como “o cavalo de ouro que passou na frente”, e que resolveu subir. Com apoiadores globais como David Vélez (Nubank) e Kevin Efrusy (Accel Partners), a instituição visa formar novos líderes na América Latina, oferecendo oportunidades para jovens de 14 a 20 anos se desenvolverem e impactarem suas comunidades.
“A LALA é uma missão que serve a várias outras. Une educação, futuro e a construção de comunidades, que eu amo. Também é uma forma de ajudar o meio ambiente, porque os nossos jovens poderão criar soluções neste setor. E é um trabalho que envolve toda a bagagem e conhecimento que tenho em tecnologia e venture capital”, diz Fernanda. Segundo a executiva, a maioria dos doadores e apoiadores da LALA são founders e fundos de investimento. “Vi um oceano azul de oportunidades de integrar a minha rede com a da LALA“, destaca. Ao longo de sete anos, a organização desenvolveu mais de 2.600 jovens por toda a América Latina, dos quais 1.745 são brasileiros.
Fortalecendo a comunidade
Não à toa, a LALA escolheu o Brasil como sede do seu primeiro hub nacional, criado com o intuito de fortalecer a presença da instituição no país e “puxar a fila” para sua expansão em todo o continente. “O hub no Brasil vai trazer capilaridade e escalabilidade, e servirá de playbook para a LALA implementar hubs em outros países”, explica Fernanda. A expectativa é desenvolver 700 líderes por ano no Brasil e criar um modelo de hub nacional que possa ser replicado em outras regiões como Peru, México e Colômbia.
“O programa da LALA é voltado para jovens que queiram gerar um impacto positivo em suas comunidades. Diversidade é importante e, para isso, precisamos de gente vinda de todos os lados e lugares. Então, esperamos ter pessoas de diferentes classes sociais. O grande sucesso será ter uma base de jovens de todas as camadas sociais criando iniciativas e empreendimentos que façam o bem para a sociedade”, explica Fernanda.
Atualmente, 70% dos líderes formados pela LALA são de perfis sub-representados e 37% vêm de famílias de baixa renda. Cerca de 90% dos selecionados ganham bolsa integral ou parcial para os Acampamentos de Liderança, programa criado pela organização para que os jovens descubram seu potencial de liderança, se conectem com seu propósito e se juntem a uma comunidade de pessoas com ideias semelhantes em toda a região. A iniciativa oferece treinamentos em habilidades socioemocionais, autoconhecimento, storytelling, construção de comunidade, inovação e impacto social.
Além da capacitação, os chamados LALíderes recebem seis meses de mentoria e acompanhamento de executivos como Guto Araújo (Monashees), Gina Gotthilf (Latitud e ex-Duolingo) e Marcelo Pizzato Dantas (LAVCA), e contam com Paulo Passoni (Valor Capital e ex-Softbank) e Mariana Donangelo (Kaszek) no board global da organização. “Trabalhamos por uma geração diversa, capaz e conectada, comprometida em resolver os maiores desafios da nossa região”, afirma Diego Ontaneda, peruano co-fundador da LALA global, em nota.
A expertise da nova CEO no Brasil será fundamental para alcançar esses planos. Ex-lead global de programas para startups no Google e ex-diretora na Latitud, Fernanda traz experiências diversas no fomento e gerenciamento de comunidades com grande visibilidade, como os próprios programas do Google e da B2Mamy. A executiva também atuou como mentora de captação de investimentos de startups e fundou uma comunidade sustentável onde vive com a sua família desde 2019.
Neste momento, suas prioridades serão finalizar a estrutura do time e montar um conselho para a LALA Brasil, trazendo pessoas com habilidades complementares. Outro pilar é a visibilidade, mostrando o que a organização já fez até aqui e seus planos de expansão no país. Fortalecer a comunidade, a governança e a base de parceiros e doadores também serão responsabilidades da executiva na nova função. “Queremos parceiros que tenham fit com o propósito da LALA. O dinheiro por dinheiro pode fazer mal; Precisamos de pessoas que realmente queiram participar dessa missão, apoiando uma nova geração de líderes e fazendo parte do movimento de inovação do país”, conclui.
Para saber mais sobre a LALA, a organização realizará um encontro online gratuito na próxima quarta-feira (21), às 17h. Link para participar: https://lu.ma/06x3jrxy