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Desde o ano passado, quando iniciou uma “nova fase” no negócio com o apoio de um investimento de R$ 500 mil da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), o Carteiro Amigo Express (CAE) deu um salto em tecnologia e em seu crescimento. A logtech é especializada em postagem, retiradas e entregas de cartas e encomendas dentro e fora das favelas do Rio.

Além de investir em tecnologia e infraestrutura, a startup fez o rebranding da marca (antes era conhecida como Carteiro Amigo) e passou a atender o público B2B – Mercado Livre, Renner, Centauro e Reserva são alguns dos parceiros. Atualmente, a empresa possui três bases (ou lojas) em comunidades no Rio de Janeiro – Rocinha, Rio das Pedras e Cidade de Deus – que, juntas, atendem mais de 30 bairros em toda a cidade.

Agora, com um novo aporte que acaba de receber, o CAE aposta em muitas novidades mirando um faturamento de R$ 500 mil este ano, e prevê números ainda mais animadores para 2024. “Atualmente, temos 1.500 usuários pagantes e fazemos 100 mil entregas por ano. Nossa meta para 2024 é chegar a mais de 2.600 clientes, 400 mil pedidos ao ano e faturar R$ 1,6 milhão”, adianta Thiago Monsores, CPO e sócio-investidor do CAE, ao Startups. Há ainda o objetivo de criar 100 empregos locais em comunidades desfavorecidas até o ano que vem.

Ao contrário de outras startups que também fazem entregas em comunidades, a Carteiro Amigo Express se diferencia por focar no cliente morador e não somente nas empresas que querem vender para esse público. “No nosso caso, não disponibilizamos apenas uma caixa postal para o morador da comunidade receber encomendas e retirá-las. Ao assinar um plano da CAE, o cliente pode personalizar suas entregas, registrando quais os melhores horários para receber o produto na porta de sua casa, por exemplo”, destaca Pedrinho.

Atualmente a logtech oferece dois planos de assinatura: o Plano Amigo, por R$ 22 ao mês e o Plano Express, por R$ 33, sendo que neste último o cliente tem direito ao dobro de encomendas e de postagens no Correio do que no outro plano, e ainda tem direito a um dependente. Assinando os planos semestralmente ou anualmente, a startup oferece descontos.

Como tudo começou

A Carteiro Amigo nasceu em 2000, quando três jovens empreendedores e moradores da Rocinha (RJ) perceberam a dificuldade que a população da comunidade enfrentava em receber correspondências em casa, por não possuir um CEP exclusivo. O trio era formado pelos pais e tio de Pedrinho Jr, atual CEO da logtech.

Na época, eles trabalhavam como recenseadores do IBGE, fazendo entrevistas com os moradores da Rocinha para o Censo. De olho nas dificuldades com as entregas, decidiram acrescentar duas perguntas à pesquisa: “Recebe carta em casa?” (a maioria respondeu que não) e “Você pagaria uma pequena taxa para poder receber essas cartas em casa?” (80% de uma média de 1.200 entrevistados falou que sim). Pronto, a oportunidade de negócio estava ali.

Depois de 23 anos, além do atendimento nas favelas onde ficam suas bases, a logtech opera também no Vidigal, Vila das Canoas, Parque da Cidade, Muzema, Tijuquinha, Gardênia, Morro do Banco e em breve incluirá o Complexo do Alemão e Santa Marta à sua rota.

Além disso, a empresa, por meio de sua área de inovação batizada de GCA Ventures, pretende acelerar iniciativas tecnológicas que estejam alinhadas com a missão da startup. O objetivo, com o Carteiro Amigo Express e seus serviços, é construir um ecossistema de valor que fortaleça a missão de democratizar as entregas, tanto dentro quanto fora das comunidades.

O CPO e sócio-investidor do CAE, Thiago Monsores, e Pedrinho Jr, CEO (Foto: Ramadã)

Novo aporte, novos caminhos

Com mais R$ 500 mil que acaba de receber da Vai Fácil, empresa de transporte parceira que é comprometida com entregas sustentáveis, o Carteiro Amigo Express dá mais um passo em sua missão de levar inovação, tecnologia e sustentabilidade para os que vivem nas comunidades.

Segundo os empreendedores, o dinheiro será direcionado para aquisições de galpões, equipe de suporte e aumento da capacidade operacional. “A ideia é a gente estar presente nas 50 comunidades do Rio de Janeiro para daí sim expandirmos para favelas de outros Estados”, afirma Thiago.

Um dos pilares do CAE é a sustentabilidade, e o aporte também será destinado à incorporação de veículos elétricos – como motos e tuk-tuks- à frota da empresa, uma medida que contribui significativamente para a redução das emissões de CO2. Além do aporte recebido, o CAE planeja investir mais de R$ 1 milhão em tecnologia para impulsionar inovações que garantirão maior comodidade e rapidez às entregas.

As novidades não param por aí. Para 2024, a logtech pretende criar um novo plano de assinatura, voltado 100% para o público empreendedor, moradores de comunidades que possuem uma loja no Instagram, por exemplo. Também está prevista a criação de lockers (armários inteligentes) onde cada morador terá o seu. Nele, ficaram guardadas as encomendas, à medida que chegam, e o assinante poderá retirá-las a qualquer hora do dia, abrindo seu armário mediante uma senha.

“O principal foco do CAE nos próximos anos é impulsionar e desenvolver um ecossistema que forneça soluções inovadoras capazes de gerar um impacto positivo nas favelas, incentivando o empreendedorismo e fortalecendo a empregabilidade dentro dessas comunidades”, finaliza Thiago.

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