Logística

Com aquisições, nstech fatura R$ 800M e quer ser gigante global

Empresa quer se firmar como one-stop-shop de soluções logísticas, mira IPO e aquisições no mercado internacional

Vasco Oliveira, fundador e CEO da nstech (Crédito: Vivian Koblinsky/Divulgação)
Vasco Oliveira, fundador e CEO da nstech (Crédito: Vivian Koblinsky/Divulgação)

“Lá fora, empresas como a nossa valem 12, 13 vezes a receita”, dispara o CEO da nstech, Vasco Oliveira, ao falar sobre o potencial de crescimento que sua empresa mira para o futuro. Com apenas três anos de mercado, a logtech está fechando 2023 com uma receita de R$ 800 milhões, e tem investido agressivamente para se firmar como líder em infraestrutura logística na região.

Contudo, o plano da companhia ao montar um superapp – ou como eles preferem dizer, um ecossistema de soluções logísticas, é se tornar um grande nome a nível global. “Temos a pretensão de ser uma empresa top 3 global do ramo nos próximos anos”, afirma Vasco, em entrevista exclusiva ao Startups.

A nstech foi fundada durante a pandemia, em 2021, com um investimento de R$ 500 milhões liderado pela gestora sueca Greenbridge e pela Tarpon, através de seu veículo Niche Partners. Contudo, desde então mais de R$ 1,5 bilhão foi investido na plataforma, da criação interna de soluções até M&As – foram mais de 20 desde então. Só neste ano, foram quatro.

Apesar do foco agressivo em fusões, Vasco reforça que o crescimento da companhia – cerca de 32% em 2023 – veio de forma orgânica. “As compras tem sido muito mais no complemento de portfólio do que crescimento no top line, e apostamos em um crescimento baseado na comunidade, atraindo grandes clientes que chamam outros grandes clientes”, explica.

Pelo jeito, a estratégia tem dado resultado, já que a nstech tem se tornado escolha de grandes operadores logísticos como fornecedor de sistemas de infraestruturas, da ponta dos embarcadores até o last mile. De acordo com a própria nstech, são mais de 100 soluções, em 40 famílias de produto. “DHL, Fedex, Sequoia, Loggi. São todos clientes nossos”, revela Vasco.

Segundo Vasco, o papel da nstech na cadeia de supply chain é semelhante ao que players de infraestrutura bancária hoje estão fazendo ao disponibilizar produtos para a criação de diversas fintechs. “Hoje a maioria das logtechs são mais operadoras do que desenvolvedoras de tecnologia. Nós somos os ‘enablers’ de tecnologia para este ecossistema”, explica.

Contudo, em seu objetivo de ser um ambiente completo de soluções para a cadeia, a companhia também está ensaiando o lançamento de novos produtos, incluindo camadas de serviços financeiros, como uma fintech que já movimenta mais de R$ 2 bilhões em TPV, recursos como pagamentos de combustível para frotas, seguros e outros produtos relacionados à cadeia logística. “Hoje, nosso portfólio endereça 80% das dores dos clientes, de maneira que encontrem tudo, ou quase tudo, em um único lugar”, frisa o CEO.

Plano global

Atualmente, a nstech já atende clientes em cerca de 15 países, entretanto, Vasco adianta que o plano a partir de 2024 é intensificar essa presença internacional. Recentemente, a companhia fechou contratos que possibilitaram a sua entrada no mercado europeu, e a meta é construir em cima disso, incluindo a possibilidade de fusões com startups de fora.

Para bancar esse roadmap ambicioso, a companhia não descarta uma ida ao mercado, inclusive com a possibilidade de novas captações e um IPO quando as condições de mercado estiverem mais favoráveis.

O potencial lá fora é gigante: segundo Vasco, o segmento global de supply chain é um gigante que movimenta cerca de US$ 24 bilhões. “A maior empresa do mundo neste setor fatura US$ 1,2 bilhão, para ter uma ideia do quanto o mercado é fragmentado”, explica.

Com a Tarpon e a Greenbridge na retaguarda, a nstech está de olho nas oportunidades, mas segundo Vasco, não se trata de ir com muita sede ao pote. Segundo o executivo, a companhia tem um balanço saudável, gerando mais de R$ 100 milhões em caixa por ano, com 97% de sua receita sendo recorrente, e a estruturação da expansão global virá naturalmente.

“Estamos aqui para o 20 mile march”, dispara Vasco, fazendo menção ao conceito de negócios que prega o crescimento sustentado em passos não tão largos, mas consistentes.