*Rodrigo Loureiro, especial para o Startups
Mais uma veterana do mercado brasileiro de tecnologia se rendeu à inteligência artificial. Nesta semana, o Grupo Elsys, fundado em 1989 e que atua principalmente com manufatura, conectividade e controle de acesso, realizou uma operação de M&A visando incorporar IA ao seu negócio.
A companhia com sede em Valinhos, São Paulo, adquiriu participação na dtLabs, startup fundada em 2018 e que é especializada no desenvolvimento de softwares com o uso de IA. O negócio envolveu a compra de uma participação na deep tech por cash. Os valores e percentuais não foram divulgados, mas sabe-se que a posição não é majoritária.
“A inteligência artificial se tornou um elo para nossas soluções de conectividade e de controle de acesso”, diz Damian Zisman, CEO do Grupo Elsys, em entrevista ao Startups. “Era questão de tempo para investirmos nesta tecnologia dessa forma.”
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A operação de compra foi intermediada pela ACE Advisors, braço da ACE Ventures que atua como uma boutique de M&A. O negócio começou a ser costurado ainda no ano passado, quando os executivos da dtLabs procuraram a ACE para auxiliar em uma possível venda.
Na época, a dtLabs já prestava alguns serviços em um modelo de parceria com o Grupo Elsys. Com 13 clientes em países como Estados Unidos, China e Europa, a startup que nasceu dentro de um laboratório de robótica da Unesp, em Bauru, cresceu de forma bootstrap.
Segundo Ricardo Achilles, cofundador e CEO da dtLabs, a transação só foi efetuada porque as duas partes enxergaram sinergia para a fusão. “É uma conta em que dois mais dois não pode dar quatro, mas sim oito. Era preciso ir além”, afirma o empresário.
Damian afirma que o processo de integração já está em vigor e não deve enfrentar grandes dificuldades. A ideia é manter a marca dtLabs operando normalmente – mas com o auxílio do Grupo Elsys. “Vamos ser um canal importante na distribuição da dtLabs”, diz o CEO da companhia de Valinhos.
O Grupo Elsys não revela muitos dados financeiros de sua operação, mas diz que sua receita é bem diversificada entre as diferentes frentes em que a companhia atua. “Hoje nenhum negócio representa mais de 25% da receita”, afirma o CEO.
A fusão deve fazer com que a holding ganhe mais fôlego para competir em soluções de visão computacional para o setor corporativo e governamental. A divisão de controle de acesso (com fechaduras eletrônicas) também deve ganhar um novo impulso.
Ao investir em inteligência artificial, o Grupo Elsys dá mais um passo para modernizar sua operação. Em abril, a companhia já havia criado uma nova empresa, a Netylink, para fortalecer a conectividade no agronegócio. A meta é atingir 100 mil assinantes até o fim do ano.