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A América Latina ficou com a 7ª posição no ranking de países que mais movimentaram recursos de venture capital nos últimos 5 anos. Segundo relatório do Distrito feito em parceria com o SoftBank, foram US$ 36,9 bilhões investidos entre 2019 e 2023, o que deixou a região à frente do Canadá, de Singapura, de Israel e do Japão. Na nossa frente ficaram EUA, China, Reino Unido, Índia, Alemanha e França. Em número de rodadas, a fotografia é ainda mais interessante. A região fica em 5º lugar com 5.464 operações, atrás dos EUA, do Reino Unido, da China e da Índia.

Daí você fala: mas comparar uma região com diferentes países? Não faz sentido! “É um ponto sim, mas o investidor, especialmente o estrangeiro, tem uma visão regional. Por isso faz sentido olhar como um bloco”, explica Gustavo Gierun, managing partner do Distrito.

Brasil lidera

Que o Brasil é o maior país em dimensões territoriais e população na América Latina, isso nem se discute. Entretanto, segundo um estudo do Distrito com o SoftBank, isso se traduz de forma significativa no cenário de startups. Segundo o levantamento, o Brasil representa 62,9% do total de startups em toda a região, seguido por por México (11,7%), Argentina (7,1%), Colômbia(6,2%) e Chile (5,1%).

De acordo com o levantamento, que reúne dados do setor nos últimos 10 anos, o Brasil sempre esteve à frente de outros mercados da região no número de startups ativas, com o México ficando com a medalha de prata. Na terceira colocação, entretanto, Argentina e Colômbia revezaram vezes.

Quanto ao número de novas startups abertas, os últimos anos arrefeceram um pouco o apetite dos novos empreendedores. No boom de startups, entre 2015 e 2018, a média de novas empresas abertas passava das 2 mil ao ano – em 2017 somente, foram 2508 startups entrando em operação.

Corta para 2022 e o número de novas empresas foi apenas 543. Em 2023, então, o número é ainda menor: apenas 51 startups novas foram contabilizadas pelo estudo. No agregado de startups em operação em 2023, o report da Distrito mapeou cerca de 22,7 mil startups, número que se manteve estagnado desde o ano passado. Os números dão conta das companhias formalmente constituídas e em operação. Sendo assim, é possível que exista uma quantidade até maior de startups em operação na região, mas que não foram “enxergadas” pelo levantamento.

Em termos de participação no volume de venture capital, o Brasil também está na dianteira, com 63,9% do total de recursos aplicados em 2023. É um patamar parecido com o que foi registrado em 2020, quando o pais ficou com 65,9% do bolo. E mostra um novo ganho de representatividade das startups brazucas uma vez que, entre 2021 e 2022, o percentual tinha caído para 59,6% e depois para 58,1%.

Fintechs seguem liderando, mas outros setores crescem

Outro dado interessante do estudo mostra como as fintechs, setor que historicamente liderou na preferência dos investidores na região, começa a dar espaço para outros segmentos. Em 2020 por exemplo, os aportes em fintechs representavam mais de 45% do volume de investimentos. Em 2023, este percentual caiu para 27%.

Por outro lado, subiram setores como agtech (de 1,5% para 4,5%), traveltech (de 0,2% para 2,1%) e uma categoria chamada de “outras”, englobando negócios como energytechs, sportstech, ESG, deeptechs etc. Esta última categoria saltou de 5,4% do volume de investimentos em 2020 para 28,8% em 2023.

Falando de geografia, a concentração de rodadas continua maior no Brasil – em 2023, 62,4% das rodadas envolveram negócios brazucas. Da mesma forma, mais capital tem se concentrado no país. De 2022 para 2023, o percentual do Brasil nos investimentos realizados por VCs na região pulou de 58,1% para 63,9%.

Desde 2019, as startups brasileiras receberam US$ 21,9 bilhões por meio de 3340 rodadas de financiamento, ficando em primeiro lugar. O México ocupa o segundo lugar, com US$ 5,1 bilhões em 600 rodadas, seguido pela Colômbia, em terceiro lugar, com US$ 4,6 bilhões e 445 rodadas.

PIB e venture capital

O mercado de venture capital tem se desenvolvido muito na região nos últimos anos, mas sua representatividade na economia como um todo ainda é, desculpa a sinceridade: pífia. No Brasil, a a participação em relação ao PIB ficou em 0,2% em 2022. É o dobro dos 0,1% de 2019, e bem menos que os 0,6% de 2021, mas ficou abaixo dos 0,3% de 2020. No México, a participação era de 0 em 2019, chegou a 0,2% em 2021, e ano passado caiu para 0,1%.

Para efeitos de comparação, na França, o percentual foi de 0,5% ano passado. Nos EUA, a fatia ficou em 0,7%. Já em Israel, VC representa 1,6% do PIB – menos que os 2% de 2021.

O momento é de aproveitar a volta do otimismo para ver onde o mercado pode chegar nos próximos anos.

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