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Em recuperação judicial e com dívidas de R$ 43 bilhões, a Americanas estuda a venda de sua fintech, a Ame Digital. Em comunicado ao mercado na noite de quinta-feira (18), a varejista informou que iniciou um processo de “avaliação de alternativas estratégicas para o negócio”, mas que não há nenhuma decisão concreta até então.

“A companhia comunica também que vem sendo abordada de forma não solicitada por partes potencialmente interessadas nas operações da Ame e que, nesse momento, tomou a decisão de iniciar um processo de avaliação de alternativas estratégicas para o negócio, que pode envolver contatos preliminares com os potenciais interessados”, disse a Americanas.

No texto, a empresa ressalta não ter tomado até o momento nenhuma decisão estratégica sobre a Ame. Em outras palavras, ainda restam dúvidas sobre o futuro da fintech da varejista. “Mas, caso a Americanas venha a perseguir algum tipo de desinvestimento ou parceria, organizará também um processo de ‘market sounding’, nos moldes do que vem fazendo sobre Grupo Uni.Co e HNT“, afirmou a companhia.

Números

Criada em 2018, a Ame nasceu como uma carteira digital para atender o ecossistema da Americanas e ganhou corpo, tornando-se uma plataforma financeira. Tanto é que, para fortalecer a estratégia, realizou três aquisições: a financeira Parati e as fintechs Bit Capital, de banking as a service (BaaS), e Nexoos, de empréstimos peer-to-peer (P2P) e credit as a service (CaaS).

Até a última divulgação de resultados da Americanas, no terceiro trimestre do ano passado, os números da Ame eram de respeito. A operação teve lucro líquido de R$ 20,2 milhões no período, 5x superior ao indicador registrado no segundo trimestre de 2022. O Ebitda ajustado também cresceu no mesmo ritmo, para R$ 41,5 milhões.

Com mais de 30,5 milhões de contas, a base de usuários ativos mensais passou de 10 milhões no terceiro trimestre de 2022. O volume total de pagamentos (TPV) na plataforma foi de R$ 32,6 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2022, o que representou um incremento de 49,3% na comparação ano contra ano.

Além dos indicadores, outro chamariz do negócio é a licença de instituição de pagamento (IP), nas modalidades de emissor de moeda eletrônica e credenciador, cuja autorização foi concedida pelo Banco Central em outubro do ano passado e, na prática, permite a ampliação da oferta de produtos e serviços financeiros.

Contexto

Há uma semana, a Ame e suas afiliadas Bit CapitalParati e Nexoos fizeram uma rodada de demissões que pode ter chegado a 90 pessoas, segundo informações que circularam nas redes sociais. Na ocasião, diversos veículos de mídia noticiaram a informação, confirmada pela companhia, que não revelou o número de colaboradores desligados. “As demissões fazem parte da adequação dos produtos financeiros da Ame às necessidades atuais da Americanas“, disse a companhia.

Com um rombo contábil de cerca de R$ 20 bilhões, que veio à tona em janeiro, a Americanas está em recuperação judicial desde o primeiro mês do ano. As dívidas da varejista somam R$ 43 bilhões. De acordo com publicação recente do colunista d’O Globo, Lauro Jardim, a companhia deve fechar um acordo com os sete bancos credores e debenturistas em um intervalo entre 30 e 60 dias.

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