Desde o mês passado, o Chippu, plataforma de curadoria e de conteúdo sobre filmes e séries, vem comemorando a marca de 1 milhão de usuários atingidos em 2023, uma marca significativa para um negócio que começou há cerca de três anos. Entretanto, a marca representa uma virada de chave para a startup, que quer ser bem mais que um app e site de informações sobre cultura pop.
“Somos uma entertainmentech, uma plataforma de tecnologia e dados que é alimentada por conteúdo e engajamento da comunidade”, dispara Thiago Romariz, fundador e CEO do Chippu em entrevista ao Startups, dando a base para um outro negócio que sua empresa quer endereçar agora que estabeleceu uma base robusta e fiel de fãs.
Jornalista com experiência na área de cultura pop, Thiago trabalhou por sete anos em um dos portais mais renomados do país, o Omelete, onde chegou ao cargo de diretor de conteúdo antes de deixar a empresa. Por outro lado, ele também se imergiu no cenário tech, quando assumiu o posto de head de comunicação do Ebanx, onde ficou de 2019 até o ano passado. Thiago também atuou por um ano como diretor de marketing da Appnovation, empresa de TI em Vancouver, onde ele mora com sua família.
No começo deste ano, o Chippu deixou de ser um projeto paralelo para se tornar o trabalho de tempo integral de Thiago. “Tivemos um grande crescimento orgânico antes mesmo deste ano”, afirma o CEO, falando sobre suas razões de dar o salto “rumo ao desconhecido” de empreender full-time. “Até o fim de 2024 nossa meta é chegar à marca de 4 milhões de usuários únicos no ano e 500 mil usuários ativos mensais”, completa.
Dos hábitos aos dados
Atualmente, o app do Chippu soma cerca de 100 mil a 200 mil usuários ativos por mês, consumindo tanto as notícias e críticas publicadas pela equipe de conteúdo da startup, quanto também utilizando as funcionalidades sociais da plataforma para fazer o “check in” dos filmes e séries a que assistem.
Em uma análise mais superficial, são funcionalidades que não são muito diferentes de outros apps conhecidos como o Letterboxd e JustWatch. Entretanto, o que está por baixo do capô é algo diferente, incluindo algoritmos de curadoria para os usuários. “Eu nunca olhei para o conteúdo como algo de simples consumo. Ele é a matéria prima para engajar a partir dos dados de comportamento”, pontua Thiago.
Com a massa crítica adquirida no último ano, o Chippu construiu um data lake sobre o mercado de entretenimento do país, algo que, segundo Thiago, é uma realidade para poucos players. “Estamos fazendo o que plataformas como o Netflix e Prime Video fazem, só que de forma ainda mais abrangente. Temos uma grande moeda de troca com estas informações”, avalia.
“Criamos uma plataforma em que é possível ver em tempo real como está o comportamento dos usuários, tipo o serviço de streaming mais consumido, filme mais visto, atores preferidos, entre outras informações”, completa o CEO.
Com este ativo em mãos, agora o Chippu quer se aproximar de marcas e agências que precisam de inteligência de dados para ter estratégias mais precisas no seu marketing para o mercado de entretenimento. “Para muitos players, as pesquisas e ações são feitas quase do mesmo jeito que eram feitas há 20 ou 30 anos”, dispara Thiago.
Hora de faturar
Com a máquina de aquisição de usuários em ação de forma orgânica, e sua estratégia B2B engatilhada, o Chippu se prepara para a parte interessante: a de se tornar uma empresa lucrativa. Segundo Thiago, desde o seu início a companhia se segurou no bootstrapping, operando no breakeven com um quadro enxuto (10 colaboradores), mas agora chegou a hora de escalar.
Um dos primeiros passos pensados pela a startup é direcionado aos usuários mais engajados, com o plano de lançar uma assinatura premium (que deve custar de R$ 1 a R$ 5 mensais), trazendo conteúdos exclusivos e gamificação. “Esperamos que entre 5% a 10% de nossa base sejam convertidos para pagantes”, avalia Thiago. A empresa também está investindo em outros produtos para manter os usuários consumindo dentro do app, como a criação de um marketplace de assinaturas de streaming, assim como a venda de ingressos para cinema.
Para alimentar toda essa ambição, será preciso sair do bootstrapping – e Thiago atesta que sua empresa agora está pronta para encarar o mercado. “Tivemos propostas durante a pandemia, com valores acima de R$ 1 milhão, mas naquela hora ainda não estávamos prontos. Não tinha ainda a maturidade e engajamento para crescer como o esperado”, afirma.
De acordo com Thiago, a expectativa é que uma rodada seed seja levantada no ano que vem, o que será investido em produto, na ampliação da base de usuários, e em ideias ainda mais ambiciosas. “Já estamos conversando com potenciais investidores para expandir não apenas no Brasil, mas também em outros países da América Latina”, finaliza Thiago.