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Nvidia é a bola da vez, mas até quando? Analistas respondem

Companhia teve crescimento de 628% no lucro líquido e de 262% na receita; ações superaram os US$ 1 mil pela 1ª vez

Nvidia. Foto: Divulgação
Nvidia. Foto: Divulgação

A Nvidia superou expectativas com o balanço financeiro do primeiro trimestre, divulgado nesta quarta-feira (22), e teve suas ações negociadas acima de US$ 1.000 pela primeira vez. Os números impressionam, com crescimento de 628% no lucro líquido e de 262% na receita, na comparação anual. Mas será que esses níveis se sustentam no longo prazo?

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (23), o Bank of America (BofA) manteve a recomendação de compra para os papéis da Nvidia, destacando a combinação de três fatores que tornam a companhia um bom investimento. Em primeiro lugar, o fato de que a empresa domina 80% do mercado de chips de IA.

Em seguida, o banco destaca a variedade de verticais de clientes que podem ser atendidos pela Nvidia, e uma “execução consistente do roadmap, garantindo uma transição suave para o produto Blackwell de última geração, bem como o crescimento sustentado da rede (Spectrum-X atingirá vários bilhões de dólares dentro de um ano)”.

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Apesar disso, o BofA acredita que a Nvidia já atingiu o pico em suas margens de lucro. “Acreditamos que as margens de ~75% GM/65% EBIT podem marcar o pico deste ciclo, a menos que o NVDA possa complementar as vendas de hardware com um pipeline crescente de software (automóveis, empresas, omniverse, gaming). Em segundo lugar, a transição para a Blackwell exigirá mudanças no data center para energia/resfriamento, etc., o que poderia exigir despesas de alto valor na execução trimestral para manter bem o estoque”, aponta o relatório.

À frente da corrida pela IA

Fundada em 1993 e pioneira no desenvolvimento de unidades de processamento gráfico (GPU), a Nvidia saiu na frente da corrida pela construção da infraestrutura para a inteligência artificial, e hoje nada de braçada nesse mercado. Em comunicado enviado aos acionistas, o fundador e CEO da Nvidia, Jensen Huang, classificou o momento atual como a “próxima revolução industrial”, na qual a IA é a nova commodity e a Nvidia é o principal player.

“Empresas e países estão fazendo parceria com a Nvidia para mudar os data centers tradicionais de trilhões de dólares para a computação acelerada e construir um novo tipo de data center – fábricas de IA – para produzir uma nova commodity: inteligência artificial”, disse.

A companhia registrou lucro líquido de US$ 14,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 628% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 21% em comparação com o último trimestre de 2023. Já as receitas alcançaram US$ 26 bilhões, uma alta de 262% em relação aos 12 meses anteriores e de 18% na comparação com o trimestre passado.

O destaque ficou por conta das vendas no segmento de data centers, que atingiram a receita trimestral recorde de US$ 22,6 bilhões, um aumento de 23% em relação ao quarto trimestre de 2023 e de 427% em relação ao ano anterior.

Concorrência

No entanto, gigantes como a Advanced Micro Deviced (AMD) e a Intel já estão se preparando para entrar nesse mercado. “Todo mercado que é muito atrativo gera competição, e certamente as margens da Nvidia estarão em jogo”, afirma Cauê Mançanares, CEO da Investo, gestora do grupo VanEck. Ele pondera, contudo, que ao contrário de commodities como o petróleo, que são limitadas, a inteligência artificial e a tecnologia permitem ganhos de escala cada vez maiores.

Para ele, a perspectiva é que as margens aumentem conforme novos concorrentes entrem nesse mercado, desenvolvendo novas soluções. “Os resultados divulgados pela Nvidia esta semana superaram até mesmo as expectativas mais agressivas, o que mostrou que a IA não é apenas um desejo das empresas, mas uma realidade acompanhada de receita e lucro. É o oposto do que ocorreu com o metaverso, em que a expectativa não veio acompanhada por margens, mas por projetos de longo prazo”, explica.

Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, acredita que a Nvidia possui uma vantagem competitiva substancial em relação à AMD e Intel, que, segundo ele, ainda estão engatinhando nesse mercado. “A AMD, com uma projeção de receita de IA de apenas US$ 3,5 bilhões para este ano, concentra-se principalmente em inferência, enquanto a Nvidia, com uma receita anualizada de US$ 112 bilhões e crescendo, domina o mercado de treinamento de IA, onde a demanda por GPUs de alto desempenho é muito maior”, explica.

Para ele, a Intel, que ainda está em fase de desenvolvimento de seus aceleradores de IA, não representa uma ameaça imediata.

“O principal concorrente da Nvidia no longo prazo são os esforços de silício próprio das grandes empresas de tecnologia, como o Google, que desenvolve suas próprias TPUs (Tensor Processing Units) para uso interno. No entanto, o Google não comercializa suas TPUs, o que limita seu impacto no mercado”, aponta.

Próxima onda

No comunicado aos acionistas, a Nvidia afirma que está preparada para a próxima onda de crescimento. Jensen Huang explica que a plataforma Blackwell está em plena produção e constitui a base para IA generativa em escala de trilhões. “O Spectrum-X abre um mercado totalmente novo para levarmos IA em larga escala para data centers Ethernet-only. E Nvidia NIM é o nosso novo software que oferece IA generativa otimizada de nível empresarial para rodar em CUDA (uma API da Nvidia) em qualquer lugar — da nuvem a data centers locais e PCs com IA RTX — por meio de nossa ampla rede de parceiros de ecossistema”, diz o CEO.

O analista Matheus Popst acredita que a Nvidia se destaca dos concorrentes por oferecer não apenas GPUs de alto desempenho, mas também um ecossistema completo de software e hardware otimizado para IA. Para ele, quando a Nvidia começar a vender a sua nova geração de chips no fim do ano, as GPUs Blackwell, a companhia terá espaço para continuar a crescer receita.

“O data center está se tornando a nova unidade de computação, e a Nvidia oferece soluções completas. Além disso, a companhia está investindo em novas tecnologias, como a CPU Grace Hopper, baseada na arquitetura Arm, que oferece um desempenho superior em cargas de trabalho de IA em comparação com as CPUs tradicionais da AMD e Intel“, ressalta.