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* Maria Laura Saraiva, especial para o Startups

Empresas e startups têm trabalhado juntas com mais e mais frequência nos últimos tempos. Mas a relação não acontece sem desafios. Pelo lado das empresas, entender que as startups não são fornecedores tradicionais, e sim parceiros com demandas específicas – prazos de pagamento que não podem ser de 60, 90 dias ou 180 dias, por exemplo – não é fácil. Já para as startups, é preciso garantir entregas e ter consistência no atendimento para não colocar em risco operações que têm às vezes têm grande porte e alcance.

Esses desafios foram um dos temas do Metamorfose, evento realizado pela Energisa em parceria com o Startups, ontem, em São Paulo. O encontro no Google for Startups reuniu fundadores, investidores e nomes do ecossistema de inovação para falar sobre inovação aberta e dados. O encontro foi transmitido no canal do Startups no YouTube e a gravação já está disponível.

“É preciso ter humildade para reconhecer que nem todo conhecimento está dentro de casa”, destacou, Lucas Pinz, diretor de inovação e planejamento estratégico da Energisa.  Atualmente, a companhia possui 8 projetos em andamento ao lado de startups.

Um dos exemplos recentes é o trabalho com a Umgrauemeio, que desenvolve soluções para detecção precoce e combate a incêndios florestais usando inteligências artificial. O assunto é menos óbvio do que o atendimento e o relacionamento com o cliente, algo que fica mais latente para uma distribuidora de energia, mas é fundamental para a prestação do seu serviço porque tem a ver com o acesso à energia em biomas como o Pantanal. Um outro exemplo é o trabalho com a Aunica, especializada no uso de data intelligence e marketing orientado por dados.

Com quase 120 anos de história, a Energisa é um dos maiores grupos privados de distribuição de energia do país, levando luz para 20 milhões de pessoas, e também tem uma forte raiz empreendedora, tendo sido a 3ª empresa do país a ser listada na antiga bolsa de valores do Rio. Há dois anos, ela montou sua própria fintech, a Voltz.

“O setor de energia é muito tradicional, mas agora vive uma transformação”, comentou Lucas. Na visão do executivo, o setor enfrenta obstáculos tanto no que diz respeito aos novos padrões dos consumidores, quanto à implementação de tecnologias, regulamentações e outras adversidades do próprio mercado. “Os desafios são maiores, mas as oportunidades também”, lembrou ele.

Nesse cenário imerso em mudanças, a melhor receita para o sucesso vem sendo a conexão entre a experiência de grandes companhias e a experimentação de novas startups. Segundo Lucas, as transformações no setor fazem com que o mindset voltado para inovação seja ainda mais importante entre empresas já estabelecidas.

Do lado das startups, o desafio também é grande

Por outro lado, identificar as demandas e executar as potenciais soluções em meio à era digital constituem alguns dos desafios para o ecossistema das startups. Para Priscila Santos, COO e diretora de customer success da Aunica, transformar os dados em informações úteis ao cliente é um dos quebra-cabeças do negócio.

Por outro lado, identificar as demandas e executar as potenciais soluções em meio à era digital constituem alguns dos desafios para o ecossistema das startups. Para Priscila Santos, COO e diretora de customer success da Aunica, transformar os dados em informações úteis ao cliente é um dos quebra-cabeças do negócio.

“Essa ativação dos dados é o que importa no final”, afirma. No caso da parceria entre Aunica e a Energisa, isso se deu pelo aperfeiçoamento da experiência do cliente. “Em tempos de home office, é possível usar os dados para detectar que determinada rua ficará sem energia durante a tarde em ocorrência de alguma manutenção. A partir daí, a distribuidora avisa o consumidor para que ele se prepare para uma adversidade do tipo”, explica.

Além de maior assertividade, neste caso para a comunicação com o público, as startups também costumam acelerar o andamento dos projetos em grandes corporações. Em relação a isso, Lucas e Priscila combinam que agregar velocidade ao pilar burocrático é essencial para que a dinâmica do relacionamento funcione. “Essas operações não podem ser conduzidas da mesma forma que projetos multimilionários”, pontua o diretor de inovação.

Por isso, a conexão entre os dois ecossistemas se torna um trabalho a quatro mãos. Se, por um lado, as corporações precisam oferecer o suporte e investimento para viabilizar a operação das startups, incluindo o empenho dos setores internos de finanças e  tecnologia, os grupos de inovação devem se manter cada vez mais abertos ao nem sempre linear processo de oferta de soluções. “Quem reconhece a importância de expandir esse networking sai ganhando no mercado”, conclui Lucas.

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