E se você pudesse testar seu produto antes de desembolsar um alto valor em desenvolvimento? Pois é exatamente esse o conceito do MVP, um termo que se tornou bem popular principalmente no universo das startups e entre empreendedores modernos.
Criar um MVP é uma das melhores maneiras de validar sua ideia no mercado. Além de colher importantes feedbacks de usuários reais, podendo assim aplicar melhorias em uma segunda versão do seu produto.
Entre diversas empresas bem sucedidas da era digital, como Facebook, Airbnb ou mesmo Amazon, muitas começaram por meio de um simples MVP. E, depois, aperfeiçoaram seus produtos tornando-os nas versão que conhecemos hoje em dia.
Então, se você tem uma ideia, mas não sabe muito bem por onde começar, esse texto vai ajudar você a entender o que é um MVP, seus principais conceitos e como criar o seu.
O que é MVP?
Minimum Viable Product, ou em português Produto Mínimo Viável, pode ser considerado a primeira versão de um produto. Sendo que uma de suas principais características é oferecer apenas as funcionalidades fundamentais para um produto funcionar e ser usado por potenciais clientes.
Esse contato inicial permite testar sua ideia no mercado e analisar sua demanda. Além disso, outro fator importante é utilizá-lo para colher o máximo de feedbacks de clientes que você conseguir. E, a partir dessas opiniões, é possível descobrir se a sua proposta realmente faz sentido para os clientes e quais pontos precisam ser aprimorados para o lançamento de uma “segunda versão”.
A ilustração por Henrik Kniberg pode ser muito bem, interpretada como um framework a ser seguido, para criar um negócio do zero. Ter um produto minimamente viável não é ter ele por peças, e sim, por etapas. Veja a ilustração abaixo.
Esse processo é extremamente útil porque permite se certificar que o seu produto é útil e tem potencial para crescer. Já que existem diversas ideias que, num primeiro momento, podem parecer extraordinárias, mas, no final, não servem a nada.
Quer um exemplo? Um dos nossos preferidos é o guarda-chuva para sapatos. Ele foi criado, claro, com a intenção de manter os sapatos secos mesmo em dias chuvosos. Mas sejamos francos, alguém realmente sairia com dois guarda-chuvas colados em seu sapato?
Embora possa parecer um exemplo bobo, o que queremos ilustrar é a necessidade de criar um produto que soluciona um real problema. E o desenvolvimento de um MVP permite exatamente isso, validar sua usabilidade com quem realmente importa: seu público-alvo.
Conceito oficial de produto mínimo viável
O MVP é uma das técnicas consideradas mais importantes no livro Lean Startup, traduzido para o português como Startup Enxuta. Seu autor, Eric Ries, é um dos principais nomes da criação e definição do que seria um Produto Mínimo Viável. Segundo suas próprias palavras:
“Um Produto Mínimo Viável consiste na versão de um novo produto que permite uma equipe coletar a maior quantidade de aprendizados possíveis validadas sobre os clientes, com o mínimo esforço”.
E, de acordo com o resultado, é possível saber se o seu produto seria capaz de atingir boas vendas ou se o melhor é repensar a ideia.
Essa validação pode ser crucial para o futuro do seu negócio. Principalmente se levarmos em consideração que entre os principais motivos, com 42%, apontado para o fracasso de startups é exatamente a criação de produtos que não possuem demanda de mercado.
Principais benefícios do MVP
Oferecer um MVP ao invés de um produto cheio de funcionalidades logo no início tem diversas vantagens. Você, por exemplo, vai gastar menos tempo desenvolvendo e precisará investir um valor menor comparado ao que gastaria com uma versão completa.
Além disso, terá a possibilidade de validar sua utilidade com as pessoas que vão utilizá-lo em suas atividades. Sendo assim, entre os seis principais benefícios em desenvolver um Produto Mínimo Viável, estão:
1 – Investimento inteligente
Talvez num primeiro momento você ainda não tenha um alto valor para investir. Mas isso não significa que não possa começar o seu negócio.
A criação de um MVP, como já falamos, demanda gastos menores de desenvolvimento porque sua evolução é progressiva. Além disso, se o seu produto tiver uma boa aceitação por parte dos clientes, ficará muito mais fácil conseguir atrair investidores.
Esse ciclo permite que você utilize seu dinheiro de forma muito mais inteligente.
2 – Menos retrabalho
Funcionalidades extras logo no início podem acabar atrapalhando a experiência do usuário com o seu produto. Além de poder causar uma certa confusão sobre sua real proposta de valor.
Então, voltar seus esforços ao core business vai diminuir possíveis retrabalhos que nem mesmo acabariam ajudando o cliente da maneira que você imaginava.
3 – Foco na proposta de valor
Para criar um MVP você precisará definir uma proposta de valor muito clara e objetiva, o que vai evitar distrações com funcionalidades extras.
Além disso, essa é uma ótima oportunidade para definir metas e investir seu tempo no que realmente importa.
4 – Relações duradouras
Como o MVP tem foco em feedbacks, ficará mais fácil criar bons relacionamentos. Pois seu público-alvo terá uma participação ativa na melhoria do seu produto, sugerindo alterações ou mesmo novas funcionalidades. .
Esse relacionamento próximo pode estimular o senso de comunidade e pertencimento, criando laços mais duradouros entre seu negócio e os usuários.
5 – Identificação de erros
Mais uma das vantagens da ação ativa dos usuários é a facilidade em identificar pontos fracos e alterá-los com rapidez. Assim, seu produto terá suas funcionalidades funcionando da melhor forma possível.
6 – Melhor entendimento do cliente
Por fim, a criação de um MVP permite que você observe o real comportamento e interesses dos seus clientes com seu produto, sem mesmo tê-lo desenvolvido completamente.
E poder acompanhar de perto as ações dos seus usuários oferece dados muito mais valiosos e realistas do que se você enviasse a eles apenas uma pesquisa com perguntas.
MVP na prática
Se você quiser ter certeza que seu produto é capaz de solucionar as necessidades dos seus clientes, a melhor opção é desenvolver um MVP. Pois ela é uma estratégia eficiente de experimentação.
Porém, precisamos deixar claro que mesmo sendo chamado de “Produto Mínimo” isso não quer dizer que a versão apresentada aos seus potenciais clientes possa ser algo inacabado, com erros e mal feito.
É preciso lembrar da palavra “Viável”. E isso significa que o seu MVP já deve solucionar o problema para o qual ele foi desenvolvido, mostrando valor aos primeiros usuários e atraindo mais clientes.
Ele já realiza com excelência sua proposta de valor, mas poderá ser aprimorado, seja por meio de sua evolução em user experience, novas funcionalidades ou mesmo design.
Para não restar dúvidas sobre o conceito correto de um MVP, podemos pensar no seguinte exemplo:
Você mora em uma cidade pequena e gostaria de abrir uma hamburgueria. Porém está na dúvida se há um número de clientes suficientes para comprar seu lanche. Então, antes de fazer um grande empréstimo, você decide fazer um teste, oferecendo apenas uma opção de cheeseburger. Porém, investe na qualidade dos produtos, no tempero e a versão final para os potenciais clientes é um lanche delicioso, mesmo que simples.
Aos poucos, a demanda cresce e você percebe que existe um mercado para hambúrgueres na sua cidade. Com isso, decide investir na evolução do seu cheeseburger. Agora, além do pão, carne e queijo, ele passa a contar com tomate, alface e rodelas de cebola frita. Nesse exemplo, a primeira versão do cheeseburger é um MVP que possuía as “funcionalidades essenciais” para testar o mercado. E o acréscimo de itens, como o tomate, é a evolução do MVP.
Porém, desde o primeiro momento o seu cheeseburger era delicioso e pronto para ser apreciado pelos clientes. Ou seja, um MVP não é um lanche em construção, feito de qualquer forma e sem qualidade.
Como criar um MVP
Bom, agora que não restam dúvidas sobre o que é e o que não é um MVP, chegou a hora de aprender quais são os principais passos para criar o seu.
Passo 1. Qual problema seu produto resolve? Um dos fatores que mais podem influenciar no sucesso do seu Minimum Viable Product é a proposta de valor. Por isso, é muito importante que você saiba exatamente qual problema seu produto irá solucionar e como (funcionalidade core).
Coloque tudo isso em uma documentação e sempre use como guia na hora do desenvolvimento.
Passo 2. Mão na massa. O segundo passo é colocar a mão na massa. Ou seja, depois de ter sua proposta de valor bem definida, então é hora de seguir para o desenvolvimento. Nessa etapa é essencial contar com profissionais qualificados.
Afinal, como comentamos acima, MVP não significa um produto mal feito e pouco estruturado. Uma equipe eficiente vai reduzir gastos com tempo e recursos.
Passo 3. Escolha os malucos. Com seu MVP em andamento, uma boa forma de fazer a validação antes de lançá-lo para um grande mercado é oferecendo um versão beta a um número restrito de usuários (chamados de beta tester).
Para atrair interessados, você pode criar uma landing page explicando o funcionamento do seu produto e disponibilizando a opção de cadastro.
Passo 4. Analise os dados. Com a lista de interessados em mãos, libere o acesso a essas pessoas e aproveite para coletar dados. Além de acompanhar o comportamento dos beta testers com seu produto.
Passo 5. Feedback é igual assalto: não reaja. Chegou a hora do feedback. Após um tempo utilizando seu produto, os usuários poderão opinar sobre as funcionalidades, se faltam opções importantes ou se existem recursos desnecessários. Além de compartilhar impressões gerais, apontar erros e falhas.
Passo 6. Ajustes. Com essas informações em mãos, você já terá uma boa noção se o produto é eficiente e cumpre sua proposta de valor. Talvez você perceba que ele ainda não está pronto para o mercado ou mesmo que a ideia não vale a pena ser levada adiante.
E se caso você decidir que é o momento de liberar o uso para todos, tenha em mente que melhorias podem ser feitas gradativamente, à medida que você possuir mais recursos. No próximo tópico separamos empresas que começaram por meio de um MVP e que hoje são grandes nomes. Elas podem ajudar você a se inspirar ainda mais.
ps: conhecemos MVPs brasileiros que foram feitos em Google Drive, Typeform e outras ferramentas.
MVPs famosos
O conceito do MVP pode ser utilizado por startups que estão começando do zero e querem criar seu primeiro e principal produto. Como, também, por empresas que já existem e estão pensando em lançar um novo produto.
Independente de qual seja o seu caso, abaixo separamos alguns nomes de MVPs famosos que podem servir como exemplo para o seu projeto. Deixei também, abaixo dos exemplos, imagens de sites e plataformas dos respectivos cases. Olha a Amazon…
Spotify
A empresa começou desenvolvendo um aplicativo para desktop e optou por oferecer uma versão beta fechada, com o intuito de testar o mercado. Ao se deparar com bons resultados e perceber que seu produto oferecia exatamente o que as pessoas queriam, o Spotify se dedicou a contactar mais artistas e a desenvolver uma aplicação mobile.
Mas o importante a destacar é que em seu começo eles focaram em seu recurso mais importante: o streaming de música.
O MVP do Facebook, chamado Thefacebook, era extremamente simples e tinha o objetivo de conectar os estudantes da universidade de Harvard. Por meio da plataforma, eles poderiam ainda compartilhar mensagens em seus perfis.
Diante do seu sucesso e feedback positivo, a empresa foi capaz de desenvolver outras funcionalidades que ajudaram no seu crescimento quando aberta ao público.
Airbnb
Mais uma gigante da era digital, o Airbnb (ou AirBed&Breakfast) também começou por meio de um MVP. Seus fundadores, Brian Chesky e Joe Gebbia, estavam com dificuldades de pagar o aluguel e resolveram alugar um espaço em seu loft em São Francisco, nos Estados Unidos.
Para isso, eles criaram um site simples, tiraram algumas fotos do seu espaço e publicaram. A resposta positiva mostrou que existia um mercado interessado em curtas hospedagens sem passar por um hotel.
Amazon
Dá para acreditar que a Amazon começou apenas como um site para vender livros por um preço acessível? E, hoje, é considerada uma das maiores empresas de varejo e comércio eletrônico, expandindo suas vendas para, praticamente, todas as categorias.
Hoje seu MVP ainda existe, porém já bem evoluído e com diversas funcionalidades a mais, sem contar a criação do formato Kindle.
Dropbox
Um fato interessante sobre o MVP do Dropbox é que seus criadores divulgaram a ideia antes mesmo de sua criação. Eles gravaram um vídeo de 30 segundos demonstrando visualmente o conceito do produto.
A empresa recebeu em torno de 70 mil e-mails de pessoas interessadas em se tornaram clientes. Com a clara demonstração de público, o Dropbox não demorou para lançar a primeira versão de seu produto.
O Dropbox tem inclusive um dos conteúdos mais interessantes sobre MVP e validação de ideias, assista ao vídeo abaixo e entenda:
Reid Hoffman, fundador do LinkedIn e membro da Paypal Mafia, tem uma frase célebre sobre MVPs, que gostamos bastante:
“Se você não tem vergonha da primeira versão do seu produto, você demorou demais para lançar.”
A criação de um MVP é uma ótima estratégia de experimentação. Sua principal função é descobrir se existe um público interessado na sua solução. Assim, é possível evitar altos gastos com desenvolvimento e perda de tempo com uma ideia que não será utilizada por ninguém. Um dos principais passos da criação de um Produto Mínimo Viável é a importância de fazer testes e colher feedbacks.
MVP é a melhor solução para tirar negócios do papel em um curto espaço de tempo.