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5 dicas para a sua primeira captação de investimento

Atrair investimento externo é uma estratégia comum no mundo das startups. Mas isso não significa que seja fácil

Foto: Startups
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Atrair investimento externo é uma estratégia comum no mundo das startups. Mas isso não significa que seja fácil. O processo é longo – de 3 a 9 meses, segundo a aceleradora Darwin Startups – e consome energia dos empreendedores entre os pitchs, reuniões com investidores, negociações e burocracia.

Nos últimos meses, levantar dinheiro ficou ainda mais complicado. Com todas as incertezas macroeconômicas atuais, a euforia diminuiu e a diligência aumentou. Embora ainda tenha muito dinheiro disponível, seja por investidores-anjo, gestoras de venture capital ou fundos de grandes corporações, os investidores estão mais criteriosos e os processos, mais estruturados.

Para apoiar os empreendedores nesse cenário, a associação Anjos do Brasil pontuou 5 temas que toda empresa deveria saber antes de fazer sua primeira captação de investimento. No texto abaixo, o Startups explica cada uma dessas estratégias para te auxiliar durante o processo. Veja, a seguir:

1. Preparação

Comece pelo porquê. Quais são os objetivos da sua captação de investimento? O primeiro deles é óbvio: sem capital, o negócio provavelmente não se sustentará. Mas o empreendedor precisa pensar além. “É importante ter claro o momento que seu negócio se encontra e onde ele estará após ter utilizado o investimento”, escreve Anderson Wustro, ex-partner da Darwin Startups, no blog da companhia.

Definido o que você quer validar e quais objetivos espera atingir com a captação, o próximo passo é calcular o tamanho do cheque que você precisa e como os recursos serão aproveitados. E mais: qual o tamanho do equity que você está disposto a entregar aos investidores? Escolha a estruturação societária do seu negócio – Ltda (Sociedade de Responsabilidade Limitada), S/A (Sociedade Anônima), MEI (Microempreendedor Individual), EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), etc. Pense também se vai oferecer um vesting (participação societária aos funcionários).

Separe as métricas e projeções do negócio. Receita, número de usuários, taxa de crescimento, alcance dos produtos, base de clientes, margem bruta, engajamento do cliente, KPIs são informações importantes para o investidor avaliar a proposta.

Aqui, trago mais um ponto: escolha o tipo de investimento ideal para o momento da sua empresa. O capital de risco pode vir de várias formas, valores e rodadas. Seja investimento-anjo, seed, série A, B, C ou corporate venture capital, é importante saber a diferença e as oportunidades de cada um.

2. Materiais

O pitch é um momento crucial para levantar dinheiro – e sua apresentação precisa ser adequada para o estágio em que a startup se encontra. Segundo o relatório Pitch Deck, da Endeavor, rodadas seed devem ter até 20 minutos de apresentação, com 10 a 18 slides sucintos. Já em esforços para levantar um aporte série A, o ideal é fazer de 15 e 25 slides com, no máximo, 15 palavras cada. Nos dois casos, recomenda-se usar gráficos, tabelas e logos para destacar informações relevantes.

Se sua empresa está no estágio semente, dê detalhes do produto e prove que o ele é adequado para o mercado. Fale das dores dos clientes, como o problema é resolvido hoje e como a sua solução se propõe a resolver a questão. Na série A, aborde também a estratégia de penetração do produto no mercado. Indique a experiência profissional dos fundadores e time executivo, o tamanho do mercado, concorrentes e oportunidades. Se houver, acrescente também os fundos no cap table, montante já captado e motivação para a captação.

A Anjos do Brasil ressalta que é importante separar reports e relatórios para os investidores, assim como os documentos para a diligência técnica e jurídica.

3. Principais aspectos jurídicos

Prepare o seu Term Sheet, um documento de acordo pré-investimento. Ele dispõe as intenções do empreendedor e do investidor antes de fechar a negociação. “O Term Sheet estabelece termos importantes, como a participação que o investidor terá na sociedade, como ele poderá se envolver na operação, entre outros”, explica a Endeavor em uma postagem em seu blog.

Segundo a rede de empreendedores, esse documento é normalmente assinado antes da diligência legal, em que a empresa passa por uma série de avaliações e auditorias. “Caso todas as expectativas da diligência legal sejam atendidas, o investimento acontece sob os termos assinado nos term sheets.”

A Anjos do Brasil destaca que as partes devem definir cláusulas essenciais – aquelas que não podem faltar no contrato da negociação. Algumas cláusulas essenciais são qualificação das partes (nome completo, CNPJ, email, endereço comercial, etc), objeto do contrato, obrigação das partes, entre outros.

4. Valuation

Existem algumas metodologias para calcular o valor de mercado de uma empresa – e você precisa estudá-las e conhecê-las bem. De forma resumida, o valuation pode ser feito de 3 formas: pela renda (fluxo de caixa descontado), pelo mercado (múltiplos ou cotação) ou pelos ativos (valores de liquidação ou valor contábil).

A Anjos do Brasil ressalta que as empresas precisam conhecer as boas práticas e entender o momento certo de fazer o valuation. O valor é normalmente utilizado em fusões e aquisições de empresas, separação entre sócios, IPO, fins legais e tributários, entre outros.

5. Governança

O relacionamento com os investidores é importante durante todo o processo. Estabeleça contato com potenciais investidores antes mesmo de buscar uma captação. A sugestão de Rodrigo Catunda, diretor-gerente da General Atlantic e líder das operações do fundo no Brasil, é se aproximar com 1 ou até 2 anos de antecedência e manter contanto constantemente para se atualizar. 

Depois da captação, os investidores podem agregar, além do dinheiro, conhecimento estratégico – o famoso smart money. Podem oferecer mentorias, rede de contatos, dicas de gestão e insights importantes sobre o modelo de negócio. Por isso, é fundamental construir um relacionamento sólido e de confiança com atuais e potenciais investidores.

Segundo a Anjos do Brasil, o empreendedor também precisa buscar as melhores práticas de co-investimento e board de conselheiros para a sua empresa. Novamente, a rede destaca o vesting e pool de opções para funcionários – uma estratégia usada normalmente para atrair, reter e estimular os talentos.


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