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5 Minutos com: Ricardo Corrêa, CEO, Ramper

Em um papo de peito aberto, Ricardo falou sobre suas motivações pessoais e profissionais, hobbies, paternidade e planos

Ricardo Correa, CEO da Ramper
Foto: Divulgação/Startups

A principal mania de Ricardo Corrêa, segundo ele mesmo, é falar. Talvez por coincidência ou até estratégia, o gosto e as boas táticas de comunicação o levaram a criar a Ramper, plataforma de marketing e vendas criada para apoiar a jornada de crescimento de empresas B2B.

Com uma receita que chegou a R$10 milhões no ano passado, a Ramper levantou R$ 8 milhões da Domo Invest, com participação da Smart Money Ventures. Desde sua fundação em 2017, a martech já fez 2 aquisições – a LAHAR e a Linkseller, e vem aumentando o portfólio de produtos para tornar-se uma solução completa para os clientes.

Os eventos mais marcantes na vida de Ricardo aconteceram sem muito tempo para planejamentos. Da antiga empresa, a Siteina, ele teve a ideia de criar a Ramper. E precisou se desdobrar para dar conta dos dois negócios ao mesmo tempo. Aos 20 anos, tornou-se pai e, ainda jovem, teve que aprender a conciliar as responsabilidades de casa com o trabalho e o lazer.

Em um papo de peito aberto com o Startups, Ricardo falou sobre suas motivações pessoais e profissionais, hobbies, paternidade e planos depois da Ramper. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.

Você sempre soube que queria empreender quando crescesse?

Tive a oportunidade de ser um adolescente com computador em casa. Nos anos 2000 eu já tinha acesso à internet e posso me considerar privilegiado por isso. Sem querer, meu pai acertou no que foi o melhor investimento que ele podia ter feito para mim. Naturalmente, eu usava o computador para entretenimento, mas tomei gosto por desenvolvimento de sites. Com 13 anos, desenvolvia sites ligados aos meus hobbies. Crei um sobre Chaves, chamado Chavo Del Ocho. Na época já havia dificuldade para registrar domínios, era muito disputado e consegui um nome em espanhol. Além disso, tive sites sobre skate e outros temas que eu gostava. Isso me ajudou a intuitivamente criar uma experiência como web designer, o que me ajudou na minha carreira.

Na época, não tinha grandes pretensões de empreender, não sabia se era isso que eu faria. Mas desde que comecei a trabalhar formalmente aos 18 anos, tinha um olhar para o negócio muito próximo de onde os sócios olhavam para o negócio. Cedo na minha trajetória tive a oportunidade de entender como uma empresa funciona quase que por inteiro. Isso me encorajou bastante a acreditar que em algum momento eu seria sócio de uma das empresas em que trabalhei ou que criaria a minha própria companhia.

Quais são os seus hobbies? O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?

Gosto muito de atividades ao ar livre. Durante muito tempo andei de skate aos fins de semana, algo que carrego desde a adolescência, mas precisei abrir mão por conta do trabalho e da família, Fui pai cedo, aos 20 anos, e a minha vida foi de um jovem com poucas responsabilidades para alguém que tinha uma responsabilidade muito grande. Entrei de cabeça na paternidade e na minha carreira. A primeira coisa que precisei cortar foram os hobbies e coisas que poderiam me atrapalhar em levar uma vida séria e mais focada.

Mas ter aberto mão disso não me fez tão bem. Em algum momento minha vida ficou séria demais, e tive um desencontro com a minha própria personalidade. Mais velho, entendi que não precisava abrir mão de tudo e pouco a pouco fui retomando alguns hobbies, entre eles o skate. Venho conseguindo praticar com uma certa frequência, porque é algo que me conecta com as minhas origens. Sempre gostei do lifestyle e da cultura underground.

Hoje estou casado e tenho 3 filhos, então tenho uma dedicação grande para a família. Se deve algo de bom com a pandemia foi que pude me conectar muito mais com a minha família e estar mais próximo dela. Antes, tinha uma agenda grande de viagens e a Ramper fazia eventos itinerantes. Trabalho até tarde por costume e voltava muito tarde para casa. Se seguisse nesse modo automático, provavelmente eu acompanharia pouco a infância dos meus filhos. Hoje tenho aproveitado muito mais, conseguido participar muito mais. 

Sou muito ligado a cuidar da minha saúde, é algo que não abro mão. Meu dia começa cedo e com atividade física. Não sou a mesma pessoa se eu não fizer atividade física. O que encaixa melhor na minha rotina é fazer academia. É algo sagrado, vou todos os dias. Junto com isso tenho uma série de bons hábitos que fui adicionando ao longo dos anos. Depois que passei dos 30 anos, comecei a dar muito mais importância para me alimentar direito e ter uma boa noite de sono.

Já fui o empreendedor super-herói, que achava que dormir era para os fracos e eu dormia apenas 4 ou 5 horas por noite. Estava sempre um caco, mas não assumia. Hoje, respeito que o meu corpo precisa de descanso. Além disso, sou muito ligado a esportes, gosto de leitura e filosofia. Procuro cuidar da minha mente da mesma forma que faço com o meu corpo. Durante a pandemia peguei hábitos novos como fazer yoga e meditação.

Com tantos hobbies e responsabilidades pessoais e profissionais, como você faz para dar conta de tudo?

Só tem um caminho, e tive que também aprender na marra: ser disciplinado e organizado. Para conseguir fazer tudo o que eu quero no dia, a agenda vira minha maior aliada. Teho o hábito de colocar tudo na agenda, até as coisas pessoais. Em 90% dos casos, o que eu estou fazendo reflete com o que está programado na agenda.

Procuro sempre incorporar um hábito e ser bem religioso com ele. Para conseguir ir à academia, tenho que ir todos os dias, sempre no mesmo horário. Assim como meu tempo de trabalho é sagrado, e quando estou focado na Ramper minha dedicação está toda na empresa, tenho também meus blocos de agenda para estar com as pessoas queridas e comigo mesmo, que não abro mão de hipótese alguma.

Você pensa em empreender novamente no futuro?

Não me vejo em outra carreira. Mas dentro do empreendedorismo existem várias possibilidades. Talvez 9 a cada 10 empreendedores, concordem, mas eu sou muito conectado à causa do empreendedorismo. Me encanto muito pela história de outros empreendedores. Ajudar outras pessoas que estão nessa trajetória é algo que me faz muito bem e me dá energia.

Me vejo um dia me dedicando um pouco mais a isso. Não sei de que forma, talvez passando para o lado do investidor ou quem sabe trabalhando com algo mais ligado à comunidade empreendedora, não necessariamente aportando dinheiro. Se um dia minha jornada na Ramper terminar, o próximo passo vai depender da minha idade. Teria que avaliar se tenho gás para ser CEO outra vez e começar uma empresa do zero. 

Tenho a curiosidade de ver o que mais eu poderia construir tendo o meu conhecimento atual. O que seria possível criar com a expertise que tenho hoje, desviando dos erros que já sei que são comuns e usando a minha rede de relacionamento. Seria possível fazer outro negócio muito mais rápido depois da Ramper. Por outro lado, todo negócio traz sua complexidade e demanda muita energia.

Até hoje, muita coisa aconteceu na minha vida e quando vi, já estava no meio do processo. A transição da minha antiga empresa, a Siteina, para a Ramper não foi pensada, não tive um período sabático. Simplesmente estava operando as duas ao mesmo tempo e depois desliguei uma e segui com a outra. Assim como a paternidade aconteceu. Possivelmente, em uma próxima empreitada eu teria a oportunidade de pela primeira vez na vida parar e programar os próximos anos, avaliar o que realmente quero fazer e de que forma.

Certamente estarei no empreendedorismo, só não sei qual papel estarei exercendo nele. Já tenho algumas iniciativas pessoais ligadas a esse propósito. Uma delas é a Fountherhood, uma comunidade em formato de safe room para troca entre founders, e um podcast chamado Start Ups N’ Downs, com Cesar Bertini, cujo objetivo é falar das coisas menos glamourosas da jornada empreendedora e dos aprendizados que os momentos difíceis geram.

Quais são as suas motivações? O que te faz levantar da cama, ir trabalhar e fazer tudo o que você faz?

Tenho um compromisso grande com uma evolução pessoal. Tenho a curiosidade de me conhecer no meu maior potencial e saber onde posso chegar. Tenho mais driver por legado do que por fortuna, e me preocupo muito com o que eu construo. Sempre pensando o que estou fazendo para a próxima geração. Não só pensando nas pessoas que virão a nascer. Na Ramper, tenho um time de profissionais que exercem papéis de liderança e tenho um prazer grande em desenvolver essas pessoas. Há um compromisso grande com os meus filhos e minha família. Gosto de apoiar outros empreendedores. 

Raio X:

Um fim de semana ideal tem… Família, descanso, leitura e exercícios ao ar livre

Um livro: Li “A revolta de Atlas” (ou “Atlas Shrugged”) 1 ano antes de empreender. Tem uma filosofia e uma utopia um pouco extremistas em alguns aspectos, mas foi o livro certo na hora certa. Precisava disso para empreender um tempo depois

Algo com que não vivo sem: Exercício físico

Uma música favorita: “Until the end of time”, Tupac

Um prato preferido: Comida limpa

Uma mania: Falar

Como gosto de relaxar: com uma leitura mais leve

Sua melhor qualidade: passar conhecimento