A 99Food deu a partida na sua operação no Rio de Janeiro, em um movimento que marca uma nova fase para o rival do iFood no Brasil. Em uma coletiva de imprensa realizada no Copacabana Palace, na Zona Sul carioca, a empresa ressaltou que dobrou sua previsão de investimentos no país, e irá aportar R$ 2 bilhões até junho de 2026 para expandir a operação para 100 cidades e se tornar um superapp.
“O mercado brasileiro pode crescer muito e queremos transformar a 99Food em um superapp para os brasileiros. A chegada ao Rio de Janeiro é o primeiro passo para essa expansão”, disse Simeng Wang, diretor geral da 99 Brasil.
Segundo o executivo, o Rio de Janeiro é hoje o segundo maior mercado para a 99 no Brasil. Para os serviços de duas rodas, com motocicletas e bicicletas, o Rio é o principal mercado para a companhia.
A fase de testes do aplicativo de entregas contará com um investimento de R$ 350 milhões e começará pela capital e outras sete cidades: Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo e Nilópolis. Em um ano e meio, a expectativa é aumentar o mercado fluminense de delivery em 50%.
O processo de consolidação de um superapp será feito em etapas, que consistem primeiro no desenvolvimento de cada uma das frentes da companhia – 99, 99Pay e 99Food.
“Um superapp precisa ter pelo menos três serviços essenciais, com milhões de usuários, o que a 99 já tem. O próximo passo é fazer com que cada um deles seja sólido por si só e seja um player relevante em seus setores. A segunda etapa é expandir esses serviços, como temos feito com o 99 e o 99Pay. No caso das entregas, podemos imaginar no futuro entregas de farmácia, supermercados. E a terceira etapa é a integração desses serviços”, explicou Simeng.
Controlado pela chinesa DiDi, o 99Food retomou sua operação no Brasil após ter encerrado o serviço de delivery de restaurantes em 2023. A nova tentativa da companhia começou este ano com uma operação piloto em Goiânia, que foi considerada bem sucedida pela 99. O serviço chegou a São Paulo em agosto e agora começa a funcionar no Rio. A ideia é alcançar 100 cidades até 2026.
Durante a coletiva de imprensa, Simeng admitiu que a tentativa anterior de operação da 99Food no Brasil foi “um fracasso”, que ele atribuiu a uma estratégia dispersa de expansão simultânea do app para diversos países. Hoje, o 99Food atua no México, Colômbia, Costa Rica e Peru.
“O Brasil é o mercado mais estratégico do grupo, e vai receber toda a nossa atenção e dedicação”, assegurou o executivo.
Para disputar no concorrido mercado de delivery, hoje dominado pelo iFood, a 99 tem apostado em diferenciais como taxa zero para restaurantes que mantêm no aplicativo o mesmo preço do balcão. A empresa também passou a oferecer aos estabelecimentos a possibilidade de fazer delivery com preços diferentes do restaurante. Neste caso, é cobrada uma taxa, que segundo a companhia é abaixo do mercado.
A estratégia da 99Food é permitir que os preços no seu aplicativo sejam mais baixos que na concorrência. Uma pesquisa feita em parceria com o Instituto Locomotiva, com objetivo de acompanhar os hábitos de uso do delivery no dia a dia dos cariocas, aponta que mais da
metade dos entrevistados já deixou de pedir delivery por conta do alto preço.
Questionado sobre a capacidade da companhia de manter a política de taxa zero e cupons de desconto no longo prazo, Simeng disse que a ideia é fidelizar os clientes e restaurantes.
“Os brasileiros adoram cupom, principalmente quando precisam quebrar a inércia de um mercado dominado por um único player. A retenção dos usuários após o cupom é muito satisfatória, e isso nos permite um futuro de rentabilidade”, falou.
Para os entregadores, a 99Food vai oferecer R$ 250 por dia para quem completar 20 entregas, sendo pelo menos 5 de comida; além de um bônus de até R$ 7 por pedido entregue durante o primeiro mês de operação na cidade.
Assim como em Goiânia e São Paulo, a 99Food atuará no Rio de Janeiro com o esquema de Operadores Logísticos (OLs) para reforçar a operação. A empresa enfrentou críticas por adotar o modelo durante o projeto piloto em Goiânia, mas, segundo Luis Felipe Gamper, Diretor de Logística da 99, a parceria com esses intermediários tem sido acompanhada de perto para garantir que não haja problemas como os que foram identificados no passado.
“O que a gente quer é que o motociclista que está com o Operador Logístico tenha a mesma experiência do nosso entregador próprio”, disse.
A chegada da 99Food ao Rio de Janeiro marca um momento de forte concorrência no segmento de delivery, com a chegada de novos players, como a chinesa Keeta, controlada pela Meituan. A companhia vai começar suas operações no país nas cidades de Santos e São Vicente, no litoral paulista, com um investimento de R$ 5,6 bilhões.