Peças de lego montadas com o logo do Nubank - Startups
Nubank. Crédito: divulgação

O Nubank anunciou nesta quinta-feira (27) a contratação do time da dex Labs, plataforma de engenharia de dados e infraestrutura em nuvem com uso de inteligência artificial.

Segundo o neobanco, a chegada do grupo – formado majoritariamente por engenheiros de dados e liderado pelos fundadores Gustavo Beltrami, Matheus Beltrami e Luan Guimarães – reforça o investimento contínuo em dados e IA, pilares centrais para sua ambição de se consolidar como uma empresa AI-first. A equipe passa a integrar o Nubank oficialmente em 2 de dezembro.

Apesar de o comunicado apresentar a movimentação como uma “contratação de equipe”, alguns elementos reforçam a leitura de que se trataria de um acqui-hire. No site da própria dex Labs, a empresa informa que sua plataforma continuará operando apenas até 1º de fevereiro de 2026, com suporte restrito a questões de estabilidade, suspensão do desenvolvimento de novos conectores e encerramento de novos cadastros a partir de hoje. Em outras palavras, há um roadmap de encerramento gradual da operação como produto independente.

Ainda assim, fontes com familiaridade no assunto afirmaram ao Startups que realmente não se trata de uma aquisição da dex Labs, mas de uma contratação completa da equipe. Segundo essas pessoas, o Nubank está absorvendo os talentos, e não a plataforma ou o produto.

Por isso, a operação da dex será descontinuada gradualmente: os profissionais migrarão para os times de dados e IA do Nubank e passarão a se dedicar exclusivamente aos projetos internos do banco digital.

Em conversa com especialistas do setor jurídico e de M&As, o Startups apurou que, do ponto de vista legal, é possível fazer uma espécie de acqui-hire sem que haja, necessariamente, uma aquisição formal da empresa. No caso da operação com a dex Labs, o interesse do Nubank está apenas nos talentos, sem precisar trazer “para dentro de casa” um novo CNPJ, junto com todos os ativos e passivos que vem na compra de uma outra companhia.

“Em um M&A tradicional, teria todas as questões de due dilligence envolvidas, assim como possíveis equity swaps para a compra. Ao optar pela contratação, o Nubank pode simplesmente oferecer stock options a fundadores e talentos-chaves, e em contrato, estabelecer uma janela para os executivos liquidarem sua empresa”, afirma Layon Lopes, fundador e CEO do Silva Lopes Advogados, escritório especializado no mercado de startups.

“Não necessariamente é uma decisão mais barata, mas é mais segura do ponto de vista legal e mais ágil em termos da integração”, completa o especialista.

O que diz o Nubank

“A contratação do time da dex Labs reforça o investimento contínuo do Nubank em dados e em capacidades de IA, com o objetivo de seguir avançando na disrupção global em serviços financeiros, viabilizada pelos avanços em inteligência artificial”, disse a companhia em comunicado.

O roxinho afirma que, em sua jornada para se tornar uma empresa AI-first, tem integrado modelos fundacionais em suas operações, com o objetivo de impulsionar uma interface nativa de IA em todas as frentes do negócio.

Do ponto de vista do cliente, o foco está em oferecer recomendações personalizadas, insights no momento certo e experiências mais inteligentes. Para o negócio, a IA tem fortalecido a gestão de riscos, a escalabilidade, a precisão na concessão de crédito e a prevenção de fraudes, além de permitir estratégias de cobrança mais eficientes.

A expectativa é que o time da dex Labs, especializado em coleta, transformação, orquestração e monitoramento de dados em grande escala, contribua para o aprimoramento de iniciativas de IA do banco, possibilitando decisões baseadas em informações mais confiáveis.

“Ao longo dos últimos anos, a equipe da dex Labs processou centenas de petabytes de dados, contribuindo para a transformação das operações de dados de empresas líderes em seus segmentos, garantindo redução no tempo de entrega de pipelines e dos custos operacionais”, finaliza o Nubank.

Em uma publicação no LinkedIn, Gustavo Beltrami, CEO e cofundador da dex Labs, escreveu que a empresa nasceu com a missão de “tornar a engenharia moderna de dados acessível para qualquer companhia”. Segundo ele, a dex foi construída como “uma plataforma all-in-one que combinava coleta, transformação, orquestração e monitoramento de dados de forma a eliminar a complexidade e permitir que as equipes focassem no que torna seus negócios únicos”.

Beltrami também ressaltou a aderência entre a visão da dex e a do Nubank: “Sempre admiramos a missão do Nubank de combater a complexidade e empoderar as pessoas por meio da tecnologia. A oportunidade de levar nossa expertise em plataformas escaláveis de dados para trabalhar ao lado do time do Nubank é incrivelmente empolgante.”

A dex Labs recebeu um aporte pré-seed em 2023, em rodada de valor não divulgado. O investimento foi liderado pela EquitasVC, com participação da Grão VC e de investidores-anjo como Doug Scherrer (Nubank), Denys Monteiro (ZRG Partners), Carlos Lopes e Pedro Vazques (BluStone Capital), entre outros.

O desenho da movimentação

Procurado pela reportagem do Startups, o Nubank afirma que não aquisição formal da dex Labs, e a operação ficou apenas nas contratações de talentos.

Em seu site, a dex divulgou um guia completo de migração para os clientes, com recomendações de caminhos via dbt Cloud + Fivetran (para times que preferem ferramentas especializadas) ou Databricks (para quem busca uma plataforma integrada), incluindo comparativo de funcionalidades, precificação e instruções passo a passo.

O time da dex informou ainda que entrará em contato individualmente com cada cliente para apoiar a transição, destacando que o objetivo é garantir um processo organizado e sem interrupções.

Na mensagem final aos usuários, a dex agradece os times e engenheiros de dados “que confiaram na plataforma” e afirma estar “extremamente empolgada em fazer parte das futuras conquistas do Nubank”.