Agronegócio

Com FIDC de R$ 200M, Audax Capital aposta na recuperação do agro

Para a gestora, recuperação do setor já é esperada para o 2º semestre, com uma aceleração forte em 2026 - e fundo quer estar bem posicionado

Audax anuncia FIDC de R$ 200 milhões para a recuperação do agro | Foto: Canva
Audax anuncia FIDC de R$ 200 milhões para a recuperação do agro | Foto: Canva

O mercado agro não tá facil não, mas a Audax Capital acredita que vai melhorar – e está prestes a apostar R$ 200 milhões nisso. A gestora focada no setor agropecuário anunciou um novo FIDC, que começará com um patrimônio líquido de R$ 50 milhões e mais R$ 150 milhões que serão captados até o final de 2025.

Na visão da gestora, uma recuperação do setor já é esperada para o segundo semestre do ano, com uma aceleração forte em 2026 – e o fundo servirá para a Audax estar bem posicionada para fomentar o crédito aos produtores quando isso acontecer.

“O crédito para o agro é muito específico e quem não conhece bem o que está fazendo, corre um grande risco de sofrer um default. É preciso ter um alto controle de risco e isso envolve clima, localização e uma análise detalhada”, destaca Pedro Da Mata, CEO da Audax Capital.

No centro dos novos investimentos, a gestora pretende focar no uso da inteligência artificial para analisar empresas e fornecedores. Segundo Pedro, dessa forma será possível determinar com precisão, por exemplo, a capacidade de pagamento do cedente e dos sacados.

“Além disso, a I.A. também nos ajuda a analisar todas as notificações, eliminando o erro ou a negligência humana. Nosso time de tecnologia representa 20% do nosso quadro de colaboradores e investimos mais de R$ 2 milhões anuais nesse setor para otimizar nossos processos e mitigar qualquer risco”, destaca o executivo.

Com 10 anos de atuação no mercado, a Audax Capital soma R$ 224 milhões em gestão e cerca de R$ 5 bilhões em operações de crédito nos últimos 5 anos. Em 2024, registrou um crescimento de 139% no patrimônio líquido, atingindo a marca de R$ 707 milhões em créditos cedidos. Atualmente, 18 fundos investem indiretamente na Audax, totalizando uma base de 100 mil investidores

Mercado em dificuldades

O anúncio da Audax Capital chega em um momento complicado para o mercado agro. Fatores como queda no mercado de insumos, questões climáticas, baixa demanda por parte dos produtores rurais, a redução nas margens operacionais das empresas de distribuição de insumos agrícolas, impactaram diversos investidores e resultaram em perdas de mais de R$ 6,6 bilhões só em 2024, segundo dados da da CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

Um exemplo recente destes impactos foi o da Agrogalaxy, empresa que já vinha passando por dificuldades financeiras nos últimos anos, mas continuou investindo em uma recuperação do setor, inclusive com uma captação via FIDC de R$ 400 milhões em maio do ano passado.

Entretanto, as medidas não surtiram o efeito desejado, e em janeiro deste ano a empresa registrou o seu pedido de recuperação judicial, seguido renúncia de Axel Labourt, diretor-presidente da empresa no Brasil, e outros seis executivos do conselho.

Na visão do CEO da Audax, baques como o sofrido pela Agrogalaxy são resultado da falta de experiência de parte dos investidores em um segmento tão específico como o agropecuário. ““Há uma grande distância entre a Faria Lima e o chão de terra”, dispara o executivo.

“De tempos em tempos, surgem desafios que podem ser causados por fatores políticos, econômicos ou climáticos. Saber navegar nesse cenário é essencial para quem quer ceder crédito para o agro e é por isso que muitos fundos não se arriscam. O nosso sucesso é revelado pelos nossos números. Temos apenas 0,4% de inadimplência, uma das menores do país”, finaliza Pedro.