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Agtech Muda Meu Mundo levanta R$ 4 mi e planeja expansão

A agtech opera como um marketplace B2B que conecta pequenos produtores a médios e grandes varejistas

Foto: Canva
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Apesar do cenário macro desfavorável, as sócias Priscilla Veras e Laís Xavier não se assustaram na hora de captar investimento. “Somos duas mulheres nordestinas à frente de uma startup. Para nós sempre foi difícil levantar dinheiro. Ter desafios nesse processo não é uma novidade”, diz a cearense Priscilla, fundadora e presidente da agtech Muda Meu Mundo.

O coração da startup é um marketplace B2B que conecta pequenos produtores a médios e grandes varejistas. No entanto, a plataforma também tem uma pegada de fintech, permitindo a emissão de nota fiscal, adiantamento de recebíveis e opções de microcrédito. Além disso, disponibiliza serviços de logística e assistência técnica em qualidade e agricultura regenerativa, bem como dados de ESG para os clientes acompanharem os impactos na cadeia produtiva.

O modelo atraiu o AgroVen, clube de empresários do agronegócio que participou do recente aporte de R$ 4,2 milhões. Entre os principais investidores da empresa também estão os fundos Bossanova, Sororitê e Squared Ventures e investidores-anjo como Pedro Paulo Diniz (Fazenda Toca), Ticiana Rolim (Somos Um), Eduardo Mufarej (ex-Tarpon Investimentos e fundador da edtech Galena). A startup tem Silvio Meira (conselheiro na Magazine Luiza e CI&T), André Fachetti (Colorado Investimentos), Erica Stul (Sororitê), José Calasans (Itaú) e Marcos Pedote (Trê) como membros do conselho.

“Trouxemos investidores que têm muito conteúdo para agregar e contribuir com o nosso crescimento”, afirma Priscilla, em entrevista ao Startups. Segundo a executiva, os investidores trazem conhecimento em áreas específicas como tecnologia, fintech, varejo, impacto e estratégia. O dinheiro do pré-seed será usado para aprimorar o produto e captar novos clientes.

Laís Xavier e Priscilla Veras, sócias da Muda Meu Mundo
Laís Xavier e Priscilla Veras, sócias da Muda Meu Mundo
(Foto: Divulgação)

Planejando a expansão

Os produtores não pagam para usar a plataforma e, segundo Priscilla, tendem a ganhar em média 70% a mais pela justa remuneração e rápido pagamento (graças à antecipação de recebíveis). Na plataforma, eles recebem capacitação e qualificação sobre precificação, qualidade e outros temas relacionados à comercialização.

Com a análise de dados e redução dos intermediários, a Muda Meu Mundo promete diminuir o desperdício de alimentos de 30% para menos de 3% ao mês. A companhia atende grandes redes varejistas como Carrefour, GPA (Compre Bem, Extra, Pão de Açúcar), St. Marche, Mercadinhos São Luiz e Natural da Terra, além das startups Frubana, Jüsto e Liv Up. Sem revelar nomes, Priscilla adianta que mais startups deverão entrar na base ainda este ano.

O modelo tem rendido um crescimento acelerado. De dezembro/21 a abril/22, a agtech triplicou o número de agricultores cadastrados, que hoje somam cerca de 400 produtores. A expectativa é chegar a 600 parceiros até o fim de agosto (80% de São Paulo e 20% no Ceará, onde fica a sede da companhia) e 1.000 produtores até o fim do ano. Segundo Priscilla, a empresa tem crescido 300% em faturamento ano a ano desde sua fundação, em 2016, mas este ano o salto deve chegar a 400%.

“O maior desafio hoje é criar um modelo escalável, mas sustentável. Que dependa de investimentos apenas para crescer, e não para manter o negócio”, diz a executiva. Para escalar, uma das estratégias é um programa de indicação para os produtores, no qual quem indica um usuário ganha benefícios na plataforma). 

A partir de 2023, a Muda Meu Mundo espera expandir as operações para Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Segundo Priscilla, a parceria com as grandes redes será essencial nessa expansão, já que muitas delas têm unidades além de São Paulo e querem se aproximar de produtos em outras regiões do país.