O Airbnb resolveu sacudir as suas fundações para poder recuperar o crescimento. Depois de um 2023 de retração em reservas de curta estadia, a startup lançou uma de suas atualizações mais agressivas para atender às demandas tanto de usuários quanto de proprietários de imóveis.
“É nossa atualização mais abrangente em anos, que demandou um grande trabalho de nosso time”, afirma Kirk Paulsen, consultor de produto no Airbnb, em entrevista ao Startups, falando sobre a mexida que a companhia está fazendo em seus processos.
Um dos novos recursos mais badalados pela empresa se chama “guest favorites”, que destaca as listagens com melhor histórico de confiabilidade, avaliações acima de 4,9 estrelas, melhor preço e reclamações de qualidade abaixo de 1% em média.
“No Brasil, houve mais de 10,1 milhões de avaliações deixadas por hóspedes desde o início do Airbnb. No entanto, muitos hóspedes não sabem exatamente como identificar as acomodações anunciadas na plataforma e que mais fazem sucesso entre os hóspedes”, destacou o Airbnb em nota de lançamento do novo recurso, que utiliza inteligência artificial para fazer a triagem das melhores opções para os usuários.
“Antes, a indicação de melhores opções para usuários era baseadas nos superhosts, que tinham um levantamento trimestral. Os Guests Favorites são compilados diariamente, com base em nossas mais de 371 milhões de avaliações”, afirma Richard Townhill, consultor de produto no Airbnb.
Para Kirk Paulsen, a chegada de um recursos como o Guest Favorites é uma manobra para fidelizar usuários que experimentaram o Airbnb, mas não tiveram a melhor experiência na primeira vez. “Cada vez mais os hóspedes estão procurando mais detalhes e uma melhor curadoria para identificar as melhores ofertas”, explica.
Aliás, de acordo com a empresa, essa busca por uma melhor experiência também se reflete em atualizações na ponta dos anfitriões, que agora terão uma aba específica para gerenciar suas listagens, assim como aplicações de IA para organizar suas fotos e detalhamento dos cômodos dos imóveis.
Além disso, os anfitriões poderão comparar as médias de valores de opções na sua região, filtrando por diferentes épocas de ano, auxiliando na definição de preços de forma dinâmica. É uma decisão que vai de encontro a uma declaração recente do CEO Brian Chesky, que destacou que anfitriões terão que pensar em fazer melhores ofertas e repensar suas margens para faturar.
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“Para fazer listagens melhores, é preciso ferramentas melhores, e quem ajusta seus preços tem 30% mais reservas. A parte da listagem sempre foi uma das mais complexas para os anfitriões, e fazer este detalhamento se tornar mais simples exigiu um grande trabalho. Esperamos que mais e mais anfitriões adicionem detalhes nas suas listagens, aumentando seus resultados”, completa Kirk.
Ordem na casa
Todas estas mudanças na plataforma do Airbnb vem no rastro de declarações fortes que o Brian Chesky fez recentemente à Bloomberg, apontando que a empresa precisava “colocar a casa em ordem”, recuperando o ritmo de crescimento que ela não conseguiu reaver desde a pandemia.
Os viajantes reclamaram dos preços altos, dos anfitriões que exigem que eles lavem a roupa e levem o lixo para fora e de listagens imprecisas, enquanto os anfitriões enfrentam um problema de excesso de oferta que foi apelidado de Airbnbust. Segundo Chesky, a companhia “nunca tinha de fato construído a fundação” necessária para o atual tamanho da empresa.
Segundo analistas, o desafio recente do Airbnb é o de deixar tanto os hóspedes quanto os anfitriões felizes, em um cabo de guerra entre as demandas de um lado, por preços e melhores experiências, e do outro, com a necessidade de fazer melhores listagens e ter margens mais satisfatórias.
“7 milhões de listagens é um volume que pode ser muito pesado e difícil de navegar para muitos usuários, tanto para quem aluga quanto para quem lista”, admite Tara Bunch, Head Global de Operações do Airbnb, em conversa com o Startups. “Entretanto, nosso objetivo com as mudanças é que novos e usuários antigos consigam rapidamente o que buscam”, pontua a executiva.
Com o “sacode” na plataforma, o Airbnb espera estar melhor colocado para reverter os números de retração registrados recentemente. Segundo dados do site AirDNA, a taxa de ocupação do site nos Estados Unidos caiu 4% em agosto, mês que é considerado um de grande movimento, já que é verão por lá. Primeiramente, a novidade será disponibilizada na América do Norte, mas terá um rollout para outros mercados globais até o fim do ano.
Perguntada sobre como o Airbnb está no Brasil e América Latina, Tara pontua que a plataforma tem registrado números de crescimento acima da média global, aumentando 24% desde 2019 em termos de receita e listagens. Além disso, ela pontua que os novos recursos deverão cair como uma luva para o mercado brazuca, já que mais de 34% das acomodações anunciadas no Airbnb no Brasil são Guest Favorites.
“Brasil é um de nossos mercados de maior crescimento, e continuamos a investir continuamente no país, tanto para viagens domésticas e para o exterior”, avalia Tara.
