Dois anos depois de iniciar sua operação apenas com uma conta digital e um cartão de débito com bandeira Visa, o alt.bank entendeu que era hora de ampliar seu portfólio e está colocando na rua o seu cartão de crédito. A ampliação do leque de produtos faz parte da estratégia traçada pela companhia com a série A de US$ 5,5 milhões captada no começo do ano passado. Depois da rodada ela já tinha lançado uma oferta de empréstimo pessoal.
“Foram anos de aprendizado para entender como coletar e organizar dados para construir nosso próprio mecanismo de análise de crédito. Se fossemos fazer o que os outros fazem, não íamos atender à necessidade dos nossos clientes”, diz Fabio Silva, country manager e funcionário número 2 do alt.bank.
O cartão
O cartão de crédito da fintech vai trazer para o mundo das pessoas físicas uma característica que se tornou comum nas contas digitais para empresas: o limite de crédito atrelado ao saldo em conta. Isso é interessante porque permite a liberação quase imediata do cartão para quem o solicita e não exige que a fintech tenha um lastro financeiro para suportar a concessão de crédito.
Pelo lado do cliente, isso pode não funcionar muito bem, principalmente pensando em um público de baixa renda, que não tem disponibilidade de deixar recursos parados por muito tempo. Para estimular isso, o alt.bank criou a função “construtor de crédito”, em que o saldo da conta é remunerado diariamente em 100% do CDI. Além disso, o cartão terá limite de crédito dinâmico, podendo variar para cima – ou para baixo – dependendo do comportamento do usuário.
A bandeira do novo cartão já foi definida, mas ainda não está sendo divulgada. No momento, o alt.bank está na fase de integração de sistemas com a processadora e a bandeira. A expectativa é entregar os cartões aos clientes até o fim de março. Atuais clientes terão prioridade na lista de espera que vem sendo montada desde maio do ano passado. A fintech opera usando os serviços da Dock (antiga Conductor).
Com a nova oferta, Fabio espera que a base do alt.bank dobre de tamanho em um prazo de 6 meses. Em 2 anos de operação, a fintech acumula 200 mil 1 milhão de downloads. Fabio não revela o número de usuários ativos. Diz apenas que é um volume “expressivo”.
Histórico e planos do alt.bank
O alt.bank foi criado em 2018 pelo americano Brad Liebmann, que fundou e vendeu a insurtech Simply Business. Com sua parte dos US$ 480 milhões da operação, ele decidiu montar uma fintech para atuar sob o conceito de justiça financeira em algum lugar do mundo. O Brasil foi o local escolhido por conta do baixo acesso a serviços financeiros competitivos e por ter um órgão regulador empenhado em mudar esse cenário.
A operação conta atualmente com 100 pessoas e escritórios nas cidades de São Paulo e São Carlos (SP)
Segundo Fabio, apesar de ter ficado com a pecha de serviço voltada a quem nunca teve uma conta bancária, o alt.bank tem buscado uma atuação que vai além da inclusão financeira. O público-alvo é o que ele chama de planejado. Esse perfil de cliente se preocupa em guardar dinheiro, ter alguma economia, mas não tem acesso completo ao sistema tradicional. “A proposta é garantir que todas as pessoas tenham acesso a produtos relevantes para o seu perfil, que não tenham custo predatório. Queremos abrir a caixa preta para as pessoas entenderem o que elas consomem”, diz.
Na lista de quem está tentando fazer essa simplificação de acesso também estão nomes como o Nubank e o N26. Para Fabio, a existência de mais concorrentes é um reflexo da concentração do mercado, e há espaço para todo mundo.
Segundo ele, o alt.bank quer se tornar um provedor único de produtos financeiros para o seu público, lançando ainda mais produtos. Mas não há pressa para colocar nada no ar. Para 2022, por exemplo, não está previsto mais nenhum lançamento além do novo cartão de crédito. A mesma ideia se aplica à expansão para outros países além do Brasil. “Não temos pressa de execução. Prezamos pela excelência”, diz.