Negócios

Alura se une à FIAP e vai oferecer formação ponta a ponta em tecnologia

FIAP continuará como unidade independente e receita conjunta deve passar dos R$ 400 mi

Gustavo Gennari, da FIAP (à esq.), e Paulo Silveira, da Alura
Foto: Divulgação

Em um movimento que parece fazer pouco sentido para uma companhia digital, mas que seria óbvio do ponto de vista de desenvolvimento do negócio, a edtech Alura decidiu colocar os pés no mundo do ensino tradicional. E não só os pés como todo o corpo, já que a estreia no segmento acontece com a compra da FIAP, instituição de ensino que é a principal referência na formação de profissionais na área de tecnologia no país.  

O negócio, que não teve o valor revelado, aguarda aprovação do CADE. Juntas, as companhias projetam uma receita de R$ 420 milhões em 2022, mais de 1,3 mil cursos e 260 mil estudantes – sendo 250 mil da Alura e 10 mil da FIAP. A aquisição acontece 1 ano depois de a Alura ter comprado a edtech PM3, especializada na formação de product managers.

A FIAP continuará a atuar como uma unidade independente, com seu fundador e presidente, Gustavo Gennari, se mantendo à frente do negócio, junto da atual gestão. A família Gennari era sua única acionista. “Era a FIAP ou nada. Não havia outra opção disponível no mercado com esse perfil. O Gustavo tinha obviamente outras opções, mas a proposta fez sentido”, diz Paulo Silveira, cofundador e presidente do grupo Alura.

Ponta a ponta

De acordo com ele, com os 3 negócios, a companhia passa a oferecer opções de formação de ponta a ponta para quem quer entrar, ou já atua no mundo de tecnologia, se tornando a maior referência do país no assunto.

Segundo ele, essa ampliação de leque compensa o desafio de entrar em um segmento regulado, ao invés de se manter no modelo mais leve, comum às startups. “Eu já investi em quase 50 startups [incluindo o próprio Startups] e se fala muito no modelo asset light. Mas as pessoas esquecem que esses são negócios que precisam perdurar no longo prazo”, comenta.  

De acordo com ele, o plano é lançar cursos cobranded e investir na ampliação da presença geográfica da FIAP. Nascida há 20 anos no bairro da Vila Mariana em São Paulo – mesma região onde a Alura foi criada – a faculdade tem 3 campi na cidade (Avenida Paulista, Vila Olímpia e na Vila Mariana). “Eles são muito conhecidos na Faria Lima e a gente na Vila Madalena. Agora vamos misturar isso”, brinca Paulo.

Alura = Afya 2?  

A tese que a Alura está desenvolvendo lembra muito o que a Afya fez no mundo da saúde, e não é por acaso. A companhia é investida da Crescera Capital, antiga Bozzano Investimentos, que foi quem construiu o case da Afya. A edtech também tem como sócia a Seek, empresa australiana que é dona da Catho.

A formação na área de tecnologia tem sido uma área de investimento pesada nos últimos tempos com companhias com startups como a Trybe levantando bastante dinheiro e até XP e BTG investindo na criação de escolas. O grupo educacional Ânima também tem sido bastante ativo no segmento, com parceria com a Singularity por meio da HSM e tendo comprado a Gama Academy.

Perguntado sobre a competição, Paulo diz que não olha muito para outras edtechs, e provoca os grandes grupos educacionais. “Passamos a ser 4 ou 5 vezes menores que alguns desses nomes. É bom eles olharem bem para o retrovisor a partir de agora”, diz.  

A aquisição foi a 2ª feita pela Alura em 1 ano, mas não coloca a companhia na lista de empresas que são máquinas de M&A, segundo Paulo. O plano no momento é trabalhar na integração dos 3 negócios, que, segundo ele, operam de forma sustentável. “Esse é um lego de poucas peças”, diz.

O Itaú BBA assessorou a FIAP e o UBS/BB atuou do lado da Alura.