Negócios

Após fechar portas no Brasil, Maas Global pivota e mira parceiros locais

O CEO Sampo Hietanen fala sobre saída da empresa do mercado brasileiro, fim do app Quicko e próximos passos

Sampo Hietanen, presidente e fundador da Maas Global
Foto: Divulgação

Há pouco mais de uma semana, a empresa finlandesa Maas Global, dona do aplicativo de integração de serviços de transporte urbano Whim, anunciou que estava fechando as portas no Brasil. A companhia operava por aqui há cerca de 6 meses, após comprar a startup brasileira de mobilidade urbana Quicko, mas o Startups apurou, e a companhia confirmou, que encerraria as operações do app em todas as cidades onde atua – São Paulo, Salvador, Curitiba  e Rio de Janeiro.

Na época da aquisição, a Maas Global disse que via na Quicko uma oportunidade de expandir as operações e entrar oficialmente na América Latina. No ano passado, o player finlandês adquiriu a rival espanhola Wondo como parte de sua estratégia para expandir para novos mercados e aumentar a oferta de serviços. Meses depois, a companhia levantou US$ 33 milhões da BP Ventures, Mitsubishi Corporation e Nordic Ninja.

A Maas Global opera sob a marca Whim em todos os países em que atua – Finlândia, Bélgica, Reino Unido, Áustria e Japão. Ela incorporou os mais de 60 funcionários da Quicko após a fusão – com o encerramento dos negócios, todos colaboradores da sede do Brasil foram desligados. Pedro Somma, diretor-executivo da Quicko, assumiu o cargo de diretor de estratégia da Maas Global, mas a empresa não havia informado se o executivo continuaria nas operações.

Lançada em 2018, a Quicko tinha metas ambiciosas para 2022, como dobrar o número de usuários para 1 milhão até o fim do ano e aumentar a receita em cerca de 3 vezes. Dados do fim de março indicam que a startup tinha mais de 500 mil usuários, e triplicou seu GMV (Volume Bruto de Mercadorias) no ano passado. A startup também planeja fechar uma série C para consolidar mercados e lançar novos serviços.

Em entrevsita so Startups por e-mail, o presidente da companhia, Sampo Hietanen, deu mais contexto sobre a saída da empresa no mercado brasileiro os seus próximos passos.

Startups: Na época da aquisição, a Quicko tinha metas ambiciosas de crescimento no Brasil. O que interrompeu a consolidação desses planos?

Sampo Hietanen: A mudança repentina nos mercados financeiros se agravou com o passar dos meses e, apesar de termos alcançado a maioria dos marcos que foram definidos, não conseguimos encontrar financiamento suficiente para o negócio.

S: Como andam os negócios da Maas Global/Whim nos outros países? A dificuldade de se manter foi só no Brasil?

SH: Estamos migrando para um modelo de menor consumo de capital, onde trabalhamos apenas com parceiros. Para isso estamos avaliando todos os países e sua viabilidade. No Brasil, tivemos um bom parceiro saindo de última hora e isso impossibilitou financiar o incrível trabalho que a Quicko fez para melhorar o cenário brasileiro de mobilidade. 

S: Frente às condições financeiras desfavoráveis globalmente, quais são as estratégias da Maas Global para contornar esse cenário e manter as operações nos outros países?

SH: Em função da atual dificuldade em encontrar financiamento e expandir os negócios por conta própria, a MaaS Global irá pivotar o seu modelo de negócio. Por meio da tecnologia da Whim, insights de produtos e mercados, a MaaS Global irá fazer parcerias com empresas e parceiros que desejam fornecer MaaS localmente.

S: Quais são as projeções para os próximos meses?

SH: Esperamos ter notícias positivas em breve com parceria em algumas geografias e nos concentramos nelas por enquanto para provar a abordagem do mercado colaborativo e sua viabilidade.

S: Em comunicado, a Maas Global afirmou que encerraria as operações da Quicko em São Paulo, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro. Mas o site da startup indica que ela operava também em Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza, mas não são indicadas no comunicado. Essas operações já haviam sido encerradas antes?

SH: A implementação do MaaS nas cidades é feita por série de etapas e a operação nessas cidades ainda estava em desenvolvimento. 

S: Pedro Somma, que assumiu como CSO da Maas Global após a fusão, segue na companhia?

SH: Pedro Somma ainda está na empresa dando suporte para finalizar processos.