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Em abril deste ano, Patrick Hruby surpreendeu o mercado ao anunciar que estava deixando a Movile em um momento em que a holding, dona do iFood, passava por uma série de reestruturações internas. A ideia do executivo era tirar um ano sabático e recuperar as energias após mais de uma década de trabalho em grandes empresas de tecnologia como Google, Facebook e a própria Movile, onde ingressou em 2019 e assumiu as operações a partir de 2020.

Mas ele decidiu encurtar as férias quando recebeu o convite para fazer parte da DrumWave, startup de certificação e monetização de dados pessoais criada pelo brasileiro André Vellozo no Vale do Silício. “Jeff Bezos tem uma política de tomada de decisão baseada em reduzir o remorso. Ele se questiona: ‘daqui a 20 anos, quando olhar para trás, vou me arrepender de não ter feito o quê?’ No meu caso, teria me arrependido muito se ficasse no sabático. Não queria perder o bonde da DrumWave, então deixei as férias de lado para fazer parte dessa história”, diz Patrick, em conversa exclusiva com o Startups.

O executivo conheceu a empresa há alguns anos, quando a DrumWave se aproximou da Movile para negociar um possível investimento. “Quase investimos na DrumWave quando eu estava na Movile”, revela. “Mas as taxas de juros estavam subindo e o mercado, em crise. Acabamos não dando sequência no aporte, mas mantive contato com o André, fundador da startup, pois ele tinha um perfil super inovador”, diz ele.

Patrick tinha acabado de voltar de uma viagem com os filhos, quando André o convidou para tomar um café – em Palo Alto. “Fiquei uma semana na Califórnia e vi que tudo aquilo que há um ou dois anos era apenas uma promessa, estava começando a ganhar forma. Senti que tinha espaço para entrar e que eu consigo ajudar a fazer o negócio acontecer. Esse trem só passa uma vez, e não iria perder a oportunidade”, conta Patrick.

Questionado sobre sua saída da Movile, o executivo é discreto. “Saí em abril com o momento da Movile, do iFood e da Prosus, que é a principal investidora. E, nesse movimento, tive o privilégio de escolher ficar um ano sem trabalhar”. O Startups noticiou em primeira mão que o iFood estava incorporando as operações da Movile, que deixaria de atuar de forma independente para integrar a sua estrutura operacional ao app de delivery e otimizar os negócios.

Visão otimista

“Imagine o paralelo de quando Mark Zuckerberg, o cara da tecnologia, chamou Sheryl Sandberg para organizar as operações do Facebook, com toda a parte de cultura e negócios da empresa”, diz Patrick. A ideia é que ele seja para André o que Sheryl foi para Zuckerberg, embora o executivo seja modesto. “Serei a Sheryl do Mark, mas estou a um nível bem abaixo dela”, afirma.

Patrick assume como COO (chief operations officer), ou diretor de operações, da DrumWave, para fortalecer a missão da empresa de mudar a forma como os dados pessoais são custodiados. A companhia espera garantir às pessoas a segurança e o controle do fluxo de seus dados, para que elas tenham poder sobre as suas informações e gerem valor a partir delas.

A companhia concluiu uma rodada de investimentos há alguns meses, anunciada agora em primeira mão ao Startups. Patrick revela que o cheque foi de aproximadamente US$ 20 milhões. “É como se tivéssemos fundado a startup novamente. O negócio nasceu em 2015 como uma empresa de consultoria que trabalhava projetos complexos e com uma escala massiva de dados. Ao longo dos anos, criou diversas patentes e melhorou a tese. Agora, a visão é muito mais ambiciosa e tecnológica, e o aporte veio para encorpar os negócios”, explica.

O executivo dividirá o seu tempo entre São Paulo e Palo Alto, fortalecendo a ponte entre o Brasil e os Estados Unidos. Segundo Patrick, um dos diferenciais competitivos da DrumWave é que a matriz da empresa está no Vale do Silício e toda a parte de engenharia é feita no Brasil. “A base da empresa e a área de produto são tocadas dos EUA, mas temos a oportunidade de usar a engenharia do Brasil, que tem uma capacidade incrível e mais barata”, explica. 

A chegada de Patrick contribui para fortalecer este modelo. “Trabalhei na Califórnia quando estava no Google, e no Brasil com a Movile e o Facebook. Conheço as características de cada região e conseguirei fazer a ponte entre os mercados, culturas e formas de trabalhar”, pontua o novo COO.

Hora da largada

A expectativa é lançar o produto no início de 2024. Segundo Patrick, a companhia já está trabalhando com uma grande rede hospitaleira e um dos principais bancos do país, explorando os potenciais da plataforma para os negócios e seus clientes. “As prioridades da DrumWave são produto, produto e produto. Com a plataforma no ar, vamos escalar para o Brasil e os Estados Unidos para, depois, expandir para o resto do mundo”, pontua.

A DrumWave encontra-se em um estágio crucial de seu desenvolvimento no Brasil e nos Estados Unidos. No primeiro semestre, a empresa concluiu a 2ª etapa do Ecossistema Brasileiro de Monetização de Dados, na qual as primeiras interfaces da dWallet, sua carteira digital, foram testadas com 15 empresas-líderes de seus segmentos no país. A solução permite que os usuários protejam, gerenciem e se tornem proprietários de seus dados.

A empresa vem montando um time de peso. Em 2018, o empreendedor Bruno Aracaty, fundador da plataforma Colab, assumiu como COO e agora segue na área de vendas e go-to-market com clientes e parceiros (Chief Revenue Officer). No ano seguinte, a companhia trouxe Raquel Oliveira, executiva com passagens pelos bancos Bradesco e Santander, para o cargo de chief administrative officer. O ex-diretor do Itaú Unibanco e ex-CEO da Visa no Brasil, Fernando Teles, é presidente da DrumWave desde 2021. 

“Queremos pessoas que já tenham experiência para trazer esse conhecimento para cá”, destaca Patrick. Recentemente, a companhia contratou Hugh Dubberly, conhecido por seus trabalhos como diretor criativo da Apple e Netscape, para liderar os times de design das interfaces da dWallet, e contratou Tim Misner, ex-Oracle e FICO, como CTO.

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