O mercado de apostas esportivas está em alta no Brasil. Segundo dados do portal Mktesportivo, entre 2018 e 2020, ele saltou de R$ 2 bilhões para R$ 7 bilhões em valores movimentados, com potencial de chegar a R$ 10 bilhões até 2023. De olho nesse público crescente, a Appost quer vingar com uma jogada diferente: não ser uma “casa de apostas”, mas um GPS para quem quer navegar por esse mundo, trazendo dicas e educação para os apostadores.
Disponível somente para iOS e Android (sem opção para desktop) o Appost é criação do administrador Juliano Fontes, especialista em apostas esportivas e autor do best-seller “Invista em Futebol” – uma espécie de Nate Silver brasileiro – e do empresário Marcel Szajubok, ex-presidente da Jeunesse no Brasil. Dentre os sócios na empreitada estão o jornalista esportivo Benjamin Back, o Benja, conhecido por seu trabalho no SBT e na Fox Sports e também Thyago Luciano e Vicente Junior. O Startups apurou que o negócio está avaliado na casa do US$ 3 milhões.
A plataforma é focada essencialmente para apostas em futebol, que segundo Juliano representam a maioria do mercado nacional. De acordo com o founder, hoje os portais do ramo no Brasil somam cerca de 30 milhões de cadastros, com 72% deles colocando seu dinheiro em futebol. “Só para ter uma ideia, a média mundial destes sites é de 64% (nas apostas com futebol)”, destaca Juliano, que também atua como CEO da startup. Ele também explica a opção por manter o produto somente para dispositivos móveis. “64% [dos apostadores] no Brasil apostam via mobile”, completa.
E como funciona?
Na superfície o Appost se apresenta como um aplicativo educativo e informativo. Em seu plano free (liberado por 7 dias), ele traz informações de times e campeonatos para o usuário, semelhante ao que fazem aplicativos populares como o SofaScore, por exemplo.
Contudo, de acordo com Juliano, o aplicativo tem o objetivo de ir mais a fundo na parte analítica. A empresa investiu em um time de desenvolvimento para contar com ferramentas próprias, como gráficos de desempenho e simulação de resultados baseada em estatísticas in-app. Com apenas 1 minutos de jogo, o aplicativo já pode começar a dar as dicas de que apostas fazer nos jogos dos mais de 200 campeonatos que são acompanhados.
Estes recursos mais avançados fazem parte da versão paga do aplicativo, que também conta com dicas de apostas, voltada ao público que não quer pensar muito nas odds – no caso, as cotações de cada time em uma partida.
Outro foco do Appost é a parte educativa e interativa. Ele conta com diversas vídeoaulas, trazendo conteúdos explicativos para quem está iniciando nas apostas, como também lições mais avançadas para quem deseja ir mais a fundo neste mundo. Os fundadores também têm o plano de incluir funcionalidades sociais na plataforma, onde jogadores podem trocar informações e interagir sobre os resultados.
Conforme explica o CEO, este foco diferenciado também responde a questão da empresa não querer se tornar uma plataforma de apostas, um mercado bastante disputado e que também exige um grande volume de obrigações em termos de compliance.
O app já tem cerca de um ano no mercado, mas segundo o CEO, ele ainda não entrou em uma fase mais agressiva de divulgação, que deve começar nos próximos meses. Para ajudar nesta estratégia, no segundo semestre de 2021 a empresa recebeu um aporte de valor não divulgado, por meio de uma rodada de capital-semente.
Quanto custa a brincadeira?
O plano premium do Appost sai por R$ 19. Para Juliano, este é um valor acessível, para atrair tanto apostadores hardcore, quanto os mais casuais, que desejam apenas pegar as dicas de apostas e fazer um dinheirinho extra.
O objetivo da startup é fechar 2022 com 300 mil usuários cadastrados, com 2% a 3% de desse montante pagando mensalidade.
“Nosso objetivo é ser uma plataforma atraente tanto para os apostadores casuais, que separam de R$ 100 a R$ 200 mensais para brincar, até aqueles poucos que se dedicam a estudar o mercado e transformam as apostas em uma forma de lucrar”, aponta o CEO.
Para completar, a empresa explora outros meios de monetização. Além da publicidade in-app, a startup tem uma parceria com a Betfair, conhecido site de apostas esportivas, que paga uma comissão sobre novos cadastros e apostas bem-sucedidas de usuários indicados.
Daí a gente tem que perguntar: Mas como assim, comissão por apostas bem-sucedidas? Se vários usuários acertarem suas apostas, isso não seria um mau negócio para a Betfair? Segundo Juliano, esse não é o caso. “O site ganha dinheiro em cima destas apostas, pois cobra comissão dos vencedores, e uma parte dessa fatia nos é repassada. É um ganha-ganha geral”, explica Fontes.
Quando perguntado sobre o índice de acertos do seu app, Juliano imediatamente sacou o celular e mostrou a tela para a webcam, mostrando os resultados dos palpites mais recentes. Em um dia, foram 6 acertos em 8 palpites. Em outro foram 9 acertos em 10 dicas. Segundo o empresário, o app trabalha com uma média de acerto de 70%.
Expectativa de retorno
Na visão de Juliano, o mercado nacional de apostas esportivas tem tudo para deslanchar de vez em 2021 – e um dos principais motivos pra isso está na regulamentação da prática.
Essa questão deve ser analisada e aprovada até o final de 2022, prazo máximo estipulado pelo governo para formalizar o segmento, e também a tempo da Copa do Mundo em dezembro, que promete ser um “game-changer” nas expectativas do setor.
Com o cenário favorável, a Appost planeja atingir o breakeven ainda em 2022, com o plano de buscar um series A em breve. Entre os planos para o futuro estão o lançamento de um marketplace, no qual apostadores poderão oferecer seus serviços a outros apostadores, e a expansão para países latino-americanos.
“Queremos ser a maior plataforma educacional e inspiracional e a maior comunidade sobre apostas online em futebol da América Latina. Desenhamos nosso modelo para funcionar como uma rede social do nicho, onde apaixonados por futebol possam acompanhar partidas e interagir com outros torcedores” finaliza Fontes.