A Arena.im, martech norte-americana de engajamento para empresas, levantou uma série A de US$ 13,6 milhões liderada pelos fundos CRV e Craft Ventures. O aporte marca a entrada da startup no Brasil e será usado para aproximar profissionais do país ao Vale do Silício.
Lançada em 2018, em São Francisco, a plataforma une experiência de dados e produtos como live chat, blog chat e eventos digitais. A empresa conta com mais de 200 milhões de usuários mensais e 25 mil clientes em mais de 150 países, incluindo Microsoft, Fox Sports e Sony Music, que usam o produto para se conectarem com o mundo digital e engajarem suas comunidades.
O idealizador do negócio é Paulo Martins, brasileiro com passagens em organizações norte-americanas como a Nasa (Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica), como engenheiro de dados, e o serviço de streaming Hulu, onde construiu produtos de publicidade. “Na Hulu, tínhamos dificuldade de atrair usuários engajados das redes sociais e entender seus comportamentos na plataforma”, conta Paulo, cofundador e diretor-executivo da Arena.
Percebeu que o mercado tinha a necessidade de um produto de retenção, que fizesse com que os consumidores ficassem mais tempo no site, e de análise de dados, capaz de entender os usuários para criar ações mais assertivas. Desse insight nasceu a Arena.Im. “A gente reconhece os interesses dos viewers e consegue antecipar os comportamentos para que os times de marketing, produtos e dados façam campanhas e proponham experiências mais relevantes”, explica o executivo. Para criar a empresa, Paulo juntou-se ao brasileiro Rodrigo Reis, que também vivia nos Estados Unidos e trabalhava como engenheiro de software senior no Walmart.
Conexão Estados Unidos-Brasil
Além de CRV e Craft Ventures, participaram do investimento fundadores e executivos do Twitter, Shopify, Twilio, Datalog e Intercom. A rodada chega em momento de expansão para a empresa, que acaba de iniciar as operações no Brasil.
Para sustentar a expansão, a martech vai usar o dinheiro para aumentar o time local. “Vamos abrir 70 vagas no Brasil, sendo 45 delas para desenvolvedores”, afirma Paulo. A prioridade, pontua o executivo, são pessoas que tenham uma boa pegada técnica e ambição de estarem próximas ao Vale do Silício.
“O objetivo é fazer a ponte entre o Brasil e o Vale do Silício e dar oportunidade para talentos que queiram fazer parte de algo global”, explica o diretor. Para fortalecer a conexão e atrair profissionais qualificados, a Arena.im oferece compensação financeira em dólar e permite que os colaboradores sejam sócios minoritários com participação na empresa.
Além disso, a startup abre as portas do escritório em São Francisco para funcionários brasileiros que quiserem passar uma temporada ou se transferir para o Vale do Silício. “A gente incentiva que eles fiquem de 1 a 5 meses nos Estados Unidos para conhecer e respirar o ar da região”, diz o executivo. O fundador acrescenta que a companhia cobre os custos dos colaboradores, patrocina o visto ou green card e dá a oportunidade deles visitarem outras empresas e participarem de eventos na região.
“Essa movimentação os inspira a conhecer a cultura e aumenta o rendimento e a produtividade. Permite que a equipe veja como funciona e quais são os segredos para o sucesso de uma empresa do Vale”, pontua Paulo. Refletindo sobre as oportunidades de brasileiros trabalharem em companhias do Vale do Silício, o executivo reconhece que é um mercado muito competitivo para os talentos e as empresas. Por outro lado, considera que a martech traz diferenciais importantes para contratar profissionais latinos.
“Como a Arena.im foi fundada por brasileiros, conhecemos a comunidade e podemos traçar planos de carreira para os colaboradores que queiram crescer e evoluir”, afirma. Ele acrescenta que o encontro entre o Brasil e os Estados Unidos ajuda os colaboradores brasileiros que trabalham em São Francisco a se identificarem com cultura organizacional.
Por aqui, as operações acontecem de forma remota. A startup chega ao Brasil com grandes nomes em sua cartela de clientes como Globo, Telegraph, Vtex, Facebook, Figma, Vans, Universidade de São Paulo, Nubank, Bradesco, C&A, Avon e Bayer. A empresa também está expandindo os times de vendas e marketing na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Um pouco de contexto
A rodada, observa Paulo, acontece em um ótimo momento em termos de mercado, já que, com o fim da era dos cookies, marcas e empresas buscam coletar seus próprios dados de clientes ao invés de depender de Google, Facebook e Amazon para ter informações sobre os usuários.
O Google, por exemplo, anunciou que a partir de 2023 o navegador Chrome deixará de dar suporte para qualquer tipo de cookie de terceiros, acompanhando a tendência dos concorrentes Firefox, da Mozilla, e Safari, da Apple. “Em muitos casos, está se tornando mais restrito ter acesso a cookies. A Arena.im criou outras oportunidades de entender o comportamento dos usuários e trazer potenciais consumidores das redes sociais para as plataformas e sites de nossos clientes”, considera Paulo.
A companhia levantou o seu 1º aporte em 2020, numa rodada seed de US$ 2,3 milhões liderada pelo fundo Redpoint eventures. De 2020 para 2021, a empresa viu sua receita crescer 5 vezes. “Foi um crescimento acentuado, que chamou a atenção dos investidores. Felizmente, encontrei os parceiros certos”, afirma Paulo, ressaltando a parceria com a Craft Ventures.
A Craft foi cofundada por David O. Sacks, ex-diretor operacional do PayPal e ex-diretor-executivo da Yammer, rede social corporativa adquirida pela Microsoft em 2012, por US$ 1,2 bilhão. “É uma pessoa de muita reputação e um operador de bastante pegada. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar com ele na Craft Ventures, foi o momento em que decidi levantar a Série A”, diz o fundador da martech. O fundo, assim como a CRV Ventures, está situado no Vale do Silício.
A Arena.im projeta chegar à marca de 100 mil clientes globais em 2022 e conquistar empresas dos segmentos de e-commerce, fintechs, mídia e educação online.