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Artifact, aplicativo dos criadores do Instagram, chega ao fim

App de notícias lançado há exatamente um ano não atraiu público suficiente que justificasse os gastos com a empresa

Foto: Site da Artifact
Foto: Site da Artifact

O ano de 2024 mal começou e mais uma startup americana será descontinuada. Depois de noticiarmos no início do mês o encerramento da plataforma de design digital InVision, agora é a vez do Artifact, espécie de TikTok de notícias, “ir para as cucuias”. O app que usa IA para entender as preferências dos usuários e oferecer conteúdos foi criado há um ano pelos fundadores do Instagram Kevin Systrom e Mike Krieger.

Em um post publicado na plataforma Medium na última sexta (12), os empreendedores afirmam que o Artifact foi capaz de cativar um público fiel, mas não grande o suficiente para justificar a continuidade dos investimentos na empresa. “É fácil para startups ignorar essa realidade, mas muitas vezes tomar uma decisão difícil cedo é melhor para todos os envolvidos”, escreveu Kevin.

Segundo ele, algumas funcionalidades do aplicativo já começaram a ser removidas, como adicionar novos comentários e publicações. No entanto, Kevin ressalta que as postagens existentes continuarão visíveis nos perfis dos usuários. Já o recurso principal de leitura de notícias segue normalmente, até o fim de fevereiro.

Quando criaram o Artifact, Kevin e Mike tinham o objetivo de revolucionar a maneira com que as pessoas lêem reportagens na internet. Além de utilizar inteligência artificial para entender os interesses dos usuários e gerar um feed de notícias personalizado, o aplicativo também permite seguir outros usuários e interagir com eles através de comentários e mensagens diretas.

O abismo no setor de mídia

Manter negócios no setor de mídia digital/jornalismo independente não é uma tarefa fácil. O fim do Artifact é mais uma prova do quão desafiador é para negócios do segmento alcançarem alguma sustentabilidade comercial com conteúdo. 

Em parte, a forma como os usuários estão encontrando notícias e informações está mudando com a chegada da IA. Outro ponto a ser considerado é que oferta e demanda nem sempre andam lado a lado, especialmente por conta da acirrada concorrência por atenção digital hoje em dia.

Para além dos EUA, o agregador de notícias japonês SmartNews também teve um 2023 difícil, com demissões e a substituição de seu CEO, enquanto seu aplicativo vem perdendo downloads e usuários ativos. 

O Brasil também não fica de fora desse abismo. No ano passado, a Headline, plataforma criada pelo jornalista Andrei Netto, se viu obrigada a desistir por conta de problemas financeiros. Espécie de “Netflix de notícias”, a plataforma permitia ao usuário acessar diferentes tipos de conteúdo, mediante a uma assinatura. Já quem produzia conteúdo tinha acesso a uma estrutura tecnológica robusta, escala na divulgação e garantia um fluxo de remuneração – baseado no volume de acessos do material.

“Ainda que o pior se confirme, e que Headline venha a desaparecer, não abandonem a ideia de construir uma grande coalizão. Só unidos superaremos os nichos e seremos muito mais fortes. Só uma grande federação do jornalismo independente trará uma alternativa concreta ao jornalismo mainstream brasileiro”, escreveu o fundador em um post no site da Headline em outubro/23.