Projeções

As principais tendências para o mercado de tecnologia em 2025

O Startups ligou a bola de cristal e pescou algumas tendências para 2025. Na lista estão IPOs, M&As, SaaS verticais, IA e Elon Musk

2025
2025 | Shutterstock

O novo ano está aí. 2025 está só começando. Mas o que esperar dos próximos 365 dias? Como sempre, as expectativas são positivas. Mas a verdade é que as coisas não serão nada fáceis. Juros e câmbio em alta aqui no Brasil, instabilidade política interna e em nível global e acirramento de conflitos. Esses são elementos com os quais tivemos que lidar ao longo de 2024 e que continuam na mesa em 2025.

Especialistas gostam de dizer que o mercado de tecnologia anda descolado do cenário macro. Que ele é anticíclico. O que é uma meia verdade. Muita coisa acontece apesar das dinâmicas externas. Mas quem nunca ouviu um cliente, fornecedor ou investidor pedindo melhores condições porque as coisas não estão fáceis?

Para (tentar) te ajudar a navegar pelo que 2025 nos reserva, o Startups ligou o modo bola de cristal e pescou algumas tendências para o novo ano. Na lista estão itens como IPOs, M&As, SaaS verticais, IA e Elon Musk.

Feliz ano novo!

A volta dos IPOs

Pois é. Mais um ano e mais uma projeção de que os IPOs voltarão a acontecer. Esse pensamento positivo tem uma razão de ser. “Historicamente, os IPOs lideraram a criação de valor dos exits no venture capital, e a recente seca de listagens prendeu uma grande proporção dos retornos potenciais em uma população de unicórnios envelhecida”, avaliam os analistas do PitchBook.

De acordo com a companhia, mais de 40% dos unicórnios norte-americanos estão em portfólios de venture capital há pelo menos nove anos. “A idade média atual dos unicórnios é de 8,4 anos desde sua primeira rodada de VC, um aumento em relação aos 6,4 anos de 2021, quando as saídas ocorriam com mais frequência”, afirmam.

Sem IPOs de unicórnios para gerar grandes retornos, o mercado de venture capital tem permanecido pressionado nos últimos anos. Em 2025, possíveis IPOs realizados por essas empresas pode aumentar o número de exits e revitalizar o ciclo do venture capital, mesmo que em uma escala muito menor do que em 2021.

Prever uma grande quantidade de IPOs de unicórnios em 2025 seria, no entanto, otimista. A PitchBook criou três cenários para o ano: desfavorável, base e ideal. O cenário desfavorável prevê IPOs no mesmo nível de 2024, com apenas seis listagens de unicórnios, gerando cerca de US$ 20 bilhões em valor de saída.

Mesmo que o número de IPOs seja reduzido, o mercado de venture capital sentirá um alívio necessário. “Como essas startups detêm tanto valor, seus exits ainda gerarão distribuições, reiniciarão o ciclo de captação de recursos e contribuirão para a saúde do ecossistema de VC”, consideram os analistas. O cenário base prevê 12 IPOs de unicórnios em 2025, gerando cerca de US$ 70,5 bilhões em valor de saída.

O cenário ideal seria a realização de 20 IPOs de unicórnios norte-americanos, um número alinhado com a atividade de exits pré-pandemia, que poderia gerar até US$ 117,5 bilhões em valor realizado. Para que isso aconteça, as condições de mercado precisariam ser favoráveis, incluindo cortes contínuos nas taxas de juros e maior apetite dos investidores públicos por novas listagens.

Startups abrindo o bico

Ao longo dos últimos três anos o mote para as startups tem sido segurar as pontas para sobreviver ao inverno do venture capital. Teve gente que não aguentou e ficou pelo caminho logo de cara. Teve gente que virou o jogo e que até ficou melhor que antes.

Mas tem um grupo que se esforçou, cortou, ajustou, otimizou e chegou até aqui. Só que não dá mais. Não há mais o que fazer. Chegou a hora de abrir o bico.

O futuro dos M&As

Nos Estados Unidos, o mercado de fusões e aquisições (M&A) de startups tem mostrado lentidão persistente. O relatório aponta que, até novembro de 2024, foram realizadas 699 aquisições, com uma leve queda em relação a 2023, que já havia sido um ano fraco para exits deste tipo. Além disso, o estudo observa que as fusões de grande impacto têm sido raras, devido ao aumento do escrutínio regulatório e às incertezas macroeconômicas.

A partir de 2025, uma possível mudança no cenário regulatório pode beneficiar as grandes fusões e aquisições. A necessidade de liquidez também deve levar mais empresas a buscar acordos. “Esperamos um aumento nas aquisições de startups apoiadas por venture capital em 2025, impulsionado pela urgência de gerar liquidez entre os general partners, pela convergência nas expectativas de preços entre fundadores e compradores e pela busca de empresas por crescimento inorgânico”, avaliam os especialistas.

Outro fator que deve impulsionar os M&As é a busca de empresas por crescimento por meio da compra de players estrategicamente alinhados, especialmente agora que os valuations se tornaram mais atraentes. “Com a máxima ‘caixa é rei’, corporações com amplas reservas de caixa têm vantagem nas negociações, já que alvos de aquisição e investimentos geralmente aceitam descontos em ofertas em dinheiro”, observam.

O cenário por lá pode beneficiar o mercado por aqui. Com o dólar valendo mais, os ativos ficam ainda mais “baratos”, o que abre caminho para oportunidades. Soma-se a isso o fato de alguns fundos nascidos na última década estarem chegam ao fim, o que leva à necessidade de liquidar posições. O que significa que vai ter muito mandato na rua.

Fundos com dificuldade para captar

Muito tem se falado da dificuldade enfrentada pelos fundadores para captar dinheiro. Mas a seca também atingiu os fundos de venture capital. Com resultados não tão animadores para os investimentos feitos nos últimos anos, gestores não estão conseguindo levantar recursos com os seus investidores (LPs) na mesma velocidade de outrora.

O dinheiro precisa começar a circular novamente por meio dos IPOs e dos M&As para que a vida dos gestores fique um pouco menos complicada.

Small Language Models

Os Large Language Models, ou LLMs para os mais íntimos, têm sido o xodó das empresas de tecnologia. Mais e mais dados são necessários para criar melhores modelos de inteligência artificial. Por isso, a cada lançamento, mais alguns bilhões de parâmetros são adicionados. Pelo menos essa é a teoria. E essa premissa começa a ser discutida.

O volume de dados disponível para treinar os LLMs parece estar se esgotando, o que tem trazido debates sobre o uso de dados sintéticos (criados para imitar dados do mundo real) e, principalmente, sobre os Small Language Models. Essas versões mais compactas dos LLMs – como o GPT-4o mini e o Phi-3, usam muito menos parâmetros e, por isso, se mostram mais eficientes e velozes.

Um mundo de agentes

A essa hora você já deve ter ouvido sobre agentes. Se não ouviu, prepare-se porque em 2025 você vai ouvir. E muito. Enquanto os copilotos são aplicações mais reativas da inteligência artificial – eles ficam ali esperando você consultá-los para te ajudar – os agentes de fato trabalham para você, te fazendo ganhar tempo e produtividade.

A produção de posts para redes sociais, por exemplo, pode ser feita por uma equipe de agentes composta por redatores e revisores programados para escrever no tom e nos temas especificados. Rotinas financeiras e de relacionamento com clientes também são aplicações interessantes para a aplicação dos agentes.

A hora dos SaaS verticais (com AI)

Quem acompanha os conteúdos da a16z e da Y Combinator deve ter percebido o quanto eles têm falado sobre SaaS verticais (VSaaS) nos últimos tempos. Esse tipo de software não é nenhuma novidade, obviamente. O lance é que, turbinados pela AI, eles prometem muito mais. Para a a16z, a receita de empresas de VSaaS podem crescer 10 vezes com IA. Um aspecto importante é a abertura de oportunidades em mercados que antes eram considerados muito pequenos ou caros demais para serem explorados. “A IA está destravando uma nova era para o SaaS vertical. Em áreas como marketing, vendas, atendimento ao cliente e finanças, ela irá ampliar as possibilidades, automatizar, ou, em alguns casos, substituir, muitas das tarefas feitas atualmente por pessoas, permitindo que as empresas de VSaaS ofereçam mais com seus softwares”, escreveu a a16z.

O renascimento do branding

A fórmula mágica do venture capital de uns tempos atrás era simples: levanta um caminhão de dinheiro, gasta muito dinheiro em ads e descontos e depois a gente vê como monetizar em cima dessa base que foi adquirida – e aqui o sentido é financeiro mesmo, porque os clientes foram literalmente comprados.

Com essa cabeça de performance, a antiga disciplina de criação de marca foi colocada em segundo plano, ou mesmo desmerecida por muito guru de vendas e estratégia.

Mas com menos dinheiro para ser transferido diretamente para os bolsos do Google e da Meta, fundadores e investidores estão redescobrindo que é preciso investir no bom e velho branding.

Os resultados demoram um pouco mais para vir? Não necessariamente. É mais difícil de medir? Também depende. Mas que os resultados no longo prazo são muito melhores, disso não há dúvidas.

Elon Musk contra “o sistema”

Elon Musk já recebeu de volta algumas vezes o investimento feito na campanha de Donald Trump à presidência dos EUA. Agora como homem mais rico do mundo, ele vai tentar ajudar a nação mais rica do mundo a cortar custos. Claramente ele não vai conseguir fazer os 80% de demissões que fez no Twitter. E certamente vai irritar muito mais gente do que os usuários da antiga rede social.

De fato ele já começou a colecionar alguns inimigos. Ao defender o visto H1-B, uma modalidade amplamente utilizada pelas Big Techs – e do qual o próprio Musk se beneficiou quando para os EUA emigrou vindo da África do Sul – ele mexeu em uma ferida bem aberta e já irritou uma parte do eleitorado de Trump.

E quando ele quiser implantar em Washington as mesmas maluquices que faz em suas empresas e com seus funcionários? Sair demitindo pessoas, ter rompantes de fúria. Prepara a pipoca porque muita roupa suja será lavada em posts no X nos próximos meses.