Nesta quarta-feira (18), usuários brasileiros foram surpreendidos ao abrir seus celulares e descobrirem que o aplicativo do X (antigo Twitter) estava funcionando, apesar do bloqueio imposto pelo Supremo Tribunal Federal em 30 de agosto. Embora algumas pessoas tenham se animado com um possível retorno da rede social, não demorou muito para o STF se pronunciar, afirmando que houve uma “instabilidade do bloqueio da plataforma”.
Agora, a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) também se pronunciou sobre o ocorrido. “O aplicativo X foi atualizado durante a última noite, resultando em uma alteração significativa em sua estrutura de operação. Essa atualização, que já está em funcionamento, passou a utilizar endereços de IP dinâmicos fornecidos pela plataforma Cloudflare, o que dificulta significativamente qualquer tentativa de bloqueio por parte dos provedores de acesso à internet”, disse a associação, em nota.
De acordo com o comunicado, anteriormente o X utilizava IPs específicos e passíveis de bloqueio. Com a nova estrutura baseada no Cloudflare, os IPs agora são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas. “O bloqueio de um único IP poderia comprometer o funcionamento de outros serviços cruciais para o ecossistema digital, o que exige uma análise técnica mais aprofundada e orientações claras da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)“, explica a Abrint.
Possíveis implicações
Segundo a Abrint, os provedores regionais – que representam mais de 53% do mercado de banda larga no Brasil – estão em uma posição delicada. Por isso, a associação orienta que as empresas não tomem medidas individuais até que haja uma orientação oficial da Anatel, uma vez que um bloqueio inadequado poderia impactar negativamente empresas e serviços essenciais, prejudicando milhares de usuários.
O Startups apurou que especialistas de tecnologia de todo o país estão em alerta máximo para trocar de infraestrutura se necessário, caso o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decida suspender a Cloudflare no país, assim como fez com o X.
Considerada uma das maiores redes na internet, a Cloudflare atende líderes globais, incluindo 30% das empresas da Fortune 1000. Em seu site, a companhia diz atender empresas como IBM e Carrefour, que seriam impactadas em um eventual bloqueio da Cloudflare no Brasil. O Startups, inclusive, seria um dos afetados, pois é um site que utiliza os serviços da Cloudflare. A Cloudflare teria cerca de 50 data centers no país, sem nenhum tipo de representação legal localmente.
A Abrint diz estar em contato com a Anatel, aguardando as análises técnicas que estão sendo realizadas. “A associação continuará informando seus associados e o público sobre qualquer atualização relevante que venha a ser divulgada”, pontua a associação.
O Startups entrou em contato com a Cloudflare, mas não obteve resposta até o momento.