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Avaliada em R$ 670 mi, Beep Saúde levanta série B de R$ 110 mi para ser "clínica de tudo" no celular

Avaliada em R$ 670 mi, Beep Saúde levanta série B de R$ 110 mi para ser "clínica de tudo" no celular

Cursando a faculdade de medicina, Vander Corteze descobriu que levava mais jeito para empreendedor do que para médico. “Eu era o cara que organizava as festas porque só tinha festa ruim. Que criticava e era protagonista”, conta ele. Terminando a graduação, em 2018, ao invés de procurar uma residência, ele foi até o IBMEC e se matriculou em uma especialização em gestão de negócios. Na turma com engenheiros, economistas e administradores, Corteze achou sua tribo.

Oito anos mais tarde, fundou a Beep Saúde, sua 2ª empresa, que acaba de ser avaliada em R$ 670 milhões em uma rodada série B de R$ 110 milhões. O aporte na healthtech de serviços de saúde domiciliar foi liderado pelo Valor Capital e contou com a participação de investidores anteriores, como DNA Capital (gestora que tem recursos da família Bueno, do DASA, que foi o 1º investidor), Bradesco e anjos como David Vélez, cofundador do Nubank (que também investe no plano-de-saúde-que-não-quer-ser-chamado-de-plano-de-saúde Alice). O Endeavor Catalyst, da Endeavor, também entrou. Corteze se tornou um empreendedor Endeavor no fim do ano passado. “As healthtechs são as novas fintechs”, brinca Corteze.

Com a rodada, a companhia soma mais de R$ 130 milhões captados até agora e pretende dar sequência ao projeto de ser a “clínica de tudo” no celular das pessoas. Quando nasceu, em 2016, a Beep oferecia serviço de médico em casa. Um ano mais tarde, achou sua vocação (ou product market fit) ao migrar para a oferta de vacinas. No fim do ano passado, a companhia começou a oferecer exames em domicílio – um mercado 20 vezes maior, com o dobro de margem e muita sinergia operacional com o que a companhia já faz. “O negócio já está em break even, não precisaria da rodada mas o momento é de ampliar”, diz Corteze. No plano de expansão, ele coloca a entrega de medicamentos, óculos, aplicação de remédios, telemedicina (por acaso, ele ajudou a fundar a Conexa Saúde, que atua nessa área), entre outros serviços.

A ideia de oferecer uma gama completa de opções é o objetivo Corteze desde a concepção da Beep. Em 2016, quando estava na BR MED – uma rede de clínicas de medicina do trabalho que ele montou logo que entrou no IBMEC, e da qual ainda é sócio e presidente do conselho -, ele enxergou enxergou espaço para uma nova empreitada. Dessa vez, no mundo B2C. “Ninguém criou uma solução que seja a referência para a área de saúde. Ninguém vai fazer? Eu vou”, relembra.

Atualmente a Beep atua em 100 cidades no Rio, São Paulo, Distrito Federal e no Paraná. Nelas, a companhia tem instalados 7 hubs – laboratórios que centralizam as operações, mas não prestam atendimento a clientes. Até o fim do ano, o objetivo é dobrar o número de cidades atendidas, ampliando também a atuação para mais dois estados: Minas e o Espírito Santo. O número de hubs deve ficar entre 10 e 12. “Não vejo a Beep com 100 hubs. A ideia é que sejam poucos que consigam suportar um volume grande”, diz Corteze. Em termos de atendimento, a expansão deve multiplicar a quantidade em mais de 10 vezes, saindo das atuais 20 mil visitas por mês, para 300 mil – sendo que uma visita pode incluir mais de um serviço prestado. Em 2020, a companhia teve receita de R$ 53 milhões. A meta para 2021 é chegar a R$ 140 milhões – o que implica que o múltiplo da rodada ficou próximo a 4,8 vezes a receita projetado.

A equipe, que tem 500 pessoas, deve dobrar de tamanho até o fim do ano. A Beep internaliza todas as funções de atendimento, com técnicas de enfermagem, motoristas e até carros próprios (no modelo de leasing operacional, é claro, porque não dá pra rasgar dinheiro também). Segundo Corteze, isso é importante para manter a qualidade de atendimento que ele acredita ser o principal diferencial – e a principal métrica de sucesso – da Beep.