Nenhuma lista de possíveis unicórnios brasileiros ou mundiais jamais trouxe a Wildlife Studios como uma candidata a um lugar no panteão das empresas mais valiosas da atualidade. Mas o estúdio de jogos para celulares paulistano atingiu essa marca em uma rodada de investimento liderado pelo badalado Benchmark Capital – cuja equipe certamente não vai receber cartões de Natal do fundador do WeWork, Adam Neumann.
O aporte foi de US$ 60 milhões, com um valuation de US$ 1,3 bilhão para a companhia que nasceu há nove anos. Também colocaram dinheiro nessa rodada Javier Olivan, executivo do Facebook; Ric Elias, co-fundador e presidente da Red Ventures, Micky Malka, sócio da Ribbit Capital; Divesh Makan, sócio do ICONIQ Capital; e Hugo Barra, vice-presidente de realidade virtual do Facebook.
Com escritórios em Buenos Aires, Dublin, São Paulo, São Francisco, Orange County e Palo Alto, a Wildlife tem 500 pessoas e pretende chegar a 800 em 2020. A companhia já lançou 70 jogos.
Contexto: Faz tempo que o mercado de jogos deixou de ser coisa de criança. A estimativa é que chegue a US$ 152,1 bilhões em 2019. E o mundo dos celulares é o segmento mais promissor. Os chamados jogos casuais não exigem que o jogador sente em frente a uma tela com um equipamento específico para jogar. Basta sacar o telefone do bolso a qualquer momento e pronto. Isso ajuda também nas vendas, já que no afã de melhorar seu desempenho, ou passar de uma fase, o jogador fica mais aberto ao impulso de gastar alguns dinheiros para comprar itens.
Segundo a Wildlife só 10% dos jogadores fazem compras. O percentual é baixo, mas suficiente para pagar as contas e ter uma bela margem que justifica um valuation de US$ 1,3 bilhão sem múltiplos agressivos. A escala global dilui custos, o que ajuda. Entretanto, as barreiras de entrada para competidores são baixas e se manter em destaque exige investimento e porque não um pouco de sorte para ter os jogos certos no momento certo.