Depois de levantar um capital semente no ano passado com a Target Ventures, a fintech Bankme acaba de colocar mais gasolina no tanque. A startup, que cria e opera mini bancos para médias e grandes empresas, recebeu um cheque de R$ 5,5 milhões da DOMO Invest, Apex Partners, Bamboo Capital Markets e do investidor-anjo Aury Ronan Francisco (ex-Movile).
Lançada em Londrina (PR) em agosto de 2020, a plataforma permite que empreendedores criem estruturas financeiras e financiem suas cadeias produtivas com oferta de crédito, sem intermediários. No primeiro ano, o negócio movimentou R$ 70 milhões e hoje possui 60 mini bancos em operação no Brasil com clientes como Guichê Virtual, Vale Verde, Tmov, Hydronorth, Natufert, entre outros.
Com os recursos captados, o objetivo é otimizar a tecnologia e investir em novas soluções. O serviço da fintech é a antecipação de recebíveis, mas a empresa espera trabalhar com outros serviços como emissão de crédito bancário e consignado, além de trava bancária nas maquininhas de cartão. Segundo o fundador e presidente da Bankme, Thiago Eik, a empresa tem hoje 55 colaboradores e espera chegar a mais de 100 no fim de 2023.
“Nós programamos o crescimento e vínhamos em um processo bastante sustentável. Temos conseguido muita gente boa [para o time] e estamos tranquilos em relação à entrada de novas pessoas”, diz Thiago, refletindo sobre a atual redução de custos e demissões em massa do mercado. Ele afirma que a fintech já operava no break-even (sem lucros, nem prejuízos) antes da rodada e tem mais de 2 mil currículos cadastrados em seu banco de talentos.
O empreendedor conta ainda que durante as negociações sentiu a mudança no ecossistema e os desafios de captar investimento em um cenário de maior aversão ao risco. “No início, as conversas foram bem fluídas. Mas quando começou a guerra na Ucrânia e na sequência houve o aumento da inflação e do preço do combustível, foi um momento estressante”, pontua.
Ele descreve como um momento “mais frio do que antes”. No entanto, diz que a Bankme não se desesperou com a possibilidade de adiar a captação. Thiago explica que como a empresa estava no break-even, se esse não fosse o momento para a fechar a rodada, a fintech continuaria crescendo organicamente e buscaria o novo aporte em 2023. “Mas os fundos perceberam que estávamos seguros com o nosso planejamento, vieram para a mesa e fechamos uma boa rodada”, analisa.
De mãos dadas com os investidores
Segundo Thiago, que cofundou a Bankme junto com André Bravo, a fintech tem caixa para pelo menos 18 meses e passará o próximo ano focada no desenvolvimento de produtos e da empresa como um todo. Para isso, ela conta com o apoio dos investidores, os quais Thiago diz ter selecionado cuidadosamente olhando para a complementariedade de cada um.
“A DOMO é um dos principais players do Brasil em investimentos em startups do nosso tamanho e traz toda sua expertise de mais de 80 investidas”, pontua. Ele cita também a o conhecimento de mercado da Apex e a liderança da Bamboo, cujos executivos têm passagens pelo mercado financeiro em empresas como Banco Santander, Itaú BBA e Bradesco, além de grandes startups como a Movile. “Agrega muito networking e nos ajudará a pensar formas de estruturações financeiras para o futuro”, acrescenta Thiago.
Para o empreendedor, o principal desafio da Bankme é educar o mercado. “É um produto muito novo e não conseguimos nos comparar com ninguém”, explica. Conforme a empresa aumenta o número de mini bancos em seu portfólio, o processo fica um pouco mais simples, já que aumenta os cases para mostrar ao ecossistema. “O crédito sempre vai ser necessário. Não é um mercado com muita volatilidade e cada vez mais a tendência é de aumento da necessidade do financiamento. Quando a gente cria oportunidades de crédito, estamos permitindo que as empresas cresçam mais”, diz Thiago.
O tempo médio para abertura do mini banco é de 15 dias, e a startup disponibiliza um time operacional, relatórios gerenciais, welcome kit de marketing e outros itens para impulsionar as operações. As empresas e empreendedores contam com a Plataforma Bankme, exclusiva para realizar as operações e para os clientes do negócio se cadastrarem e solicitarem as antecipações.
Sem abrir números específicos, ele diz que a Bankme dobrou o faturamento entre o começo do ano para o momento atual, e a expectativa é repetir o crescimento até dezembro. A empresa, que vendia em média quatro operações por mês, registrou o seu recorde em agosto, com sete negócios fechados.