A startup Barte estreou recentemente no mercado com a proposta de ajudar pequenas e médias empresas com liquidez e gestão do fluxo de caixa. A plataforma alia automação de pagamentos B2B a soluções financeiras integradas, permitindo acompanhar cobranças e movimentações financeiras, configurar lembretes e métodos de pagamento.
Para iniciar as operações, a companhia levantou um aporte inicial de R$ 6,5 milhões no fim do ano passado. O valor da rodada foi anunciado com exclusividade ao Startups. Participaram da rodada fundos como Global Founders Capital, VentureFriends e Flash Ventures.
Com o dinheiro, os empreendedores estruturaram o time, hoje em torno de 26 pessoas, construíram o produto e lançaram a solução. A versão beta da plataforma entrou no ar em fevereiro e a solução foi liberada para todo o mercado há cerca de 3 meses, inciando com os módulos de Contas a Receber e Receita Antecipada.
“Tem sido uma validação muito forte. Já estamos conseguindo resolver as dores dos clientes e a vislumbrar os próximos passos”, diz Caetano Lacerda, presidente da Barte, em entrevista ao Startups. O executivo nasceu em Portugal e construiu sua carreira no mercado financeiro em Londres, onde atuou no Deutsche Bank e depois na deep tech unicórnio Tractable.
Passando uma temporada no Brasil, onde vive alguns de seus familiares, Caetano percebeu os problemas de liquidez e gestão de processos que as PMEs e seus empreendedores enfrentam diariamente. Na mesma época, conheceu Raphael Dyxklay, que passou pelos times de produto das startups Creditas, Loft e Olist. “Eu entendo de indústria financeira e como funciona o lado de negócios das startups. O Raphael tem experiência com aquilo que eu não sei, como tecnologia e o mercado brasileiro”, afirma Caetano.
Segundo os sócios, nos primeiros meses de operação a Barte registrou um número de clientes muito maior do que o esperado e multiplicou por cerca de 20 vezes a base de parceiros. Hoje são mais de 2 mil empresas transacionando na plataforma e a expectativa é crescer de 15 ou 20 vezes nos próximos 12 meses.
O mercado hoje
Segundo Raphael, o mercado global de pagamentos B2B soma US$ 120 trilhões. “As empresas vão precisar de soluções mais mastigadas para que elas possam se beneficiar de tudo que acontece de novo na região em que estão”, afirma o executivo. Ele cita como exemplo atualizações constantes no Pix ou os avanços do Open Finance no Brasil. “Para que as companhias se beneficiem desses movimentos elas preciam de um suporte. É um mercado gigantesco com carência para fazer a ponta entre os dois lados.”
A Barte não é o único player da América Latina que se propõe a flexibilizar contas a pagar e recebecer e integrar soluções financeiras com foco em PMEs. No México, a Higo levantou uma série A de US$ 23 milhões no ano passado com Accel, Tiger Global Management e outros investidores. Já a chilena Yaydoo recebeu um cheque de US$ 20 milhões em uma rodada coliderada por Base10 Partners e monashees.
Os fundadores da Barte dizem estar focados em atender somente o Brasil por agora. “Queremos resolver muito bem o problema brasileiro para depois expandir para o resto da América Latina”, diz Caetano. Mesmo assim, ele adianta que uma expansão internacional provavelmente acontecerá em alguns anos, à medida que a Barte se consolida no Brasil e busque novos mercados.
Nesse processo, ele conta com o apoio dos investidores. “Eles têm muita familiaridade com o que é importante nos passos iniciais de uma empresa, mas também o que precisa ser feito depois disso. Nos ajudarão a identificar o que devemos priorizar nessa fase e trocar ideias para o negócios”, pontua o empreendedor.
Próximos passos
Para sustentar os planos de crescimento, Caetano não descarta uma nova rodada de investimentos. Segundo o empreendedor, a empresa está capitalizada e usaria o dinheiro para acelerar os negócios, não para se manter viva.
“A gente tem nossos planos de crescimento que não precisam dessa aceleração, mas é uma possibilidade que a gente sempre mantém. E se fizer, vamos escolher os parceiros certos para isso, mas não há pressa”, diz o executivo. Os recursos seriam usados para infraestrutura, desenvolvimento do produto e crescimento do time.
“O nosso DNA é verticalizar um problema que queremos resolver ao invés de ficar expandindo segmentos de clientes. O objetivo é ser a solução óbvia para quem tem desafios de fluxo de caixa – esse é o coração da nossa empresa”, conclui Raphael.