
Sete anos depois de começar a diversificar a atuação da agência BFerraz com a criação da B&Partners, Bazinho Ferraz decidiu dar uma nova configuração ao grupo. Com o movimento, ele criou a gestora Atmosphera, que ficará responsável pela captação de recursos no mercado – por meio de FIPs, FIDCs, private equity, VC etc. – e também pelos investimentos em novos negócios em tecnologia, varejo, marketing, consultoria e até serviços financeiros.
E o primeiro ativo do portfólio da Atmosphera é a própria B&Partners, agora rebatizada como Biosphera. A rede de empresas que atua nos pilares de marketing, vendas, consultoria e tecnologia é formada por 17 negócios comprados desde 2018 com um investimento de mais de R$ 210 milhões. Ela tem 1350 funcionários, 38 sócios e mais de 280 clientes em oito países. A receita consolidada está na casa dos R$ 650 bilhões.
A BFerraz foi criada em 1998 e em 2002 se juntou ao GrupoABC, criado por Nizan Guanaes e Guga Valente. Em 2015 o grupo foi comprado pela Omnicom. Em 2018, Bazinho recomprou a operação e criou a B&Partners. Tanto a Atmosphera quanto a Biosphera ficarão sob o comando de Bazinho.

Novo ciclo
Segundo Bazinho, essa nova estrutura foi pensada para alimentar o novo ciclo de crescimento do negócio. “A gente vem mudando a cada década acompanhando as mudanças do mercado. E já são muitas décadas de experiência”, brincou ele em conversa com o Startups.
A B&Partners surgiu com o conceito de ser um marketplace de especialistas e ao longo desses sete anos foi aumentando os investimentos sempre buscando atuar onde os clientes precisam de soluções. E olhando para o mercado, os grupos de consultoria comprando comunicação e os grupos de comunicação indo para tecnologia.
De acordo com ele, essa nova etapa precisa de um veículo que fale com o mercado de capitais buscando atrair investidores que entendam a sofisticação das operações, com consultorias investindo em grupos de comunicação e vice-versa. Com a tecnologia sendo parte importante da mistura. A ideia é acessar tanto bolsos brasileiros quanto internacionais.
Além de captar recursos para investir em outros negócios, o grupo quer também criar modelos que ajudem o seu próprio ecossistema por meio de serviços financeiros, por exemplo. O grupo hoje já tem uma fintech que oferece serviços de banking as a service. “A gente vê que nossas empresas e parceiros precisam de antecipação de recebíveis, os clientes com estrutura de pagamento de longo prazo. E estamos estruturando com bancos para ter uma estrutura própria”, conta Bazinho.
O modelo da Atmosphera se diferencia do que é feito normalmente pelos grandes grupos de publicidade como WPP, Publicis, Omnicom e Dentsu – que compram diversas empresas e vão somando essas operações debaixo de uma mesma estrutura.
O formato está mais próximo da proposta da S4 Capital, do Sir Martin Sorrell. O grupo nascido após sua saída da WPP em 2016, é a estrutura que dá suporte à agência monks, que é a marca que vai a mercado. A S4 é listada na bolsa de Londres.
Atmosphera tá aí pra negócio
De acordo com Bazinho a Atmosphera está na ponta compradora, mas não há “apego” com ativos. Se aparecer uma boa oportunidade, a venda de participações também pode ser feita. Em junho, a B&Partners anunciou seu primeiro desinvestimento ao passar a agência de performance e Growth a/b lab para a V4 Company. Segundo Bazinho, o negócio teve uma TIR de mais de 30%. A a/b lab ficou cinco anos dentro do grupo.