A Belvo, fintech multinacional que desenvolve soluções de API para players que desejam aderir ao Open Banking, está em meio à sua estratégia de aceleração na América Latina – e acabou de receber um aporte de um parceiro de renome para ajudar nisso. A empresa levantou um investimento de valor não divulgado com a Citi Ventures para intensificar seus esforços em Open Banking, especialmente no mercado mexicano.
“É mais um aporte estratégico do que uma rodada”, explica o diretor geral da Belvo no Brasil, Albert Morales. “Estamos com uma série B em planejamento, mas no momento ainda estamos capitalizados com a rodada anterior (US$ 43 milhões captados no ano passado), e o Citi chega para ser um parceiro estratégico”, explica o executivo, apontando que o smart money do banco é um grande diferencial neste novo investimento.
Com o novo investidor, a Belvo deverá ser o principal parceiro do Citibanamex (banco controlado pela Citi no território mexicano) em seus esforços de incluir recursos de open banking em seus serviços, começando por áreas como pagamento, onde a fintech já tem parcerias na região, como a Visa.
Atualmente, o mercado financeiro mexicano ainda não tem uma regulação em relação ao Open Banking, mas Morales aponta que o cenário pode mudar rapidamente. Aliás, algumas coisas já mudaram: em junho, a Belvo recebeu autorização da Comisión Nacional Bancaria y de Valores (CNBV) mexicana para rodar sua solução de pagamentos eletrônicos banco-a-banco.
“O Brasil é o mercado mais avançado na América Latina em relação à regulamentação do Open Banking, e a Colômbia acabou de dar o seu passo para isso, com a aprovação da lei que regulamenta esta prática. Apesar de estar mais lento, acreditamos que até o próximo ano o México deverá aderir também”, afirma Morales.
Apesar do foco no território mexicano, o investimento também deverá ajudar em planos para o Brasil e Colômbia. “O aporte pode contribuir bastante na parte de produtos, mais na área de pagamentos. O Citi tem muita tecnologia nesta área, e podemos utilizar isso para alavancar nossas soluções”, avalia o diretor.
Foco em crescimento
Para Albert Morales, a parceria com grandes bancos funciona como um acelerador para os planos de crescimento da Belvo, algo que não era tido como fundamental em sua estratégia. “Está ocorrendo um movimento natural de grandes players buscando o Open Banking para aumentar competitividade”, explica o diretor, apontando que a corrida no mercado de serviços financeiros está aberta.
Atualmente a Belvo oferece conexões com mais de mais de 60 instituições financeiras no México, Brasil e Colômbia e opera com mais de 150 clientes, entre as quais, algumas das empresas financeiras que mais crescem na região, de verticais como banco digital, empréstimo e ferramentas para gestão de finanças pessoais. A empresa não abriu números de receita ou crescimento na região.
Mais recentemente, em um outro movimento de acelerar seus planos de expansão, a empresa anunciou seu VP de Finanças. Leandro De Piano, ex-Warren, chegou para apoiar a fintech em seus planos de expansão no mercado brasileiro, assim como no México e Colômbia. Um detalhe curioso, que pode ser coincidência ou não: a Citi Ventures também é investidora na Warren.
No Brasil, a Belvo tem sua operação em São Paulo, empregando atualmente cerca de 150 pessoas. No ano passado, a empresa levantou uma série A de US$ 43 milhões, maior rodada de uma fintech latino-americana na época, junto a investidores como a Future Positive, gestora de venture capital de Fred Blackford e Biz Stone (um dos primeiros investidores de Pinterest, Square e Beyond Meat), além de Kibo Ventures e FJLabs.
Participaram da série A também investidores-anjo como Sebastián Mejía, co-fundador e presidente da Rappi, e Harsh Sinha, CTO da Wise (antiga Transferwise). Os investidores da rodada seed que a fintech teve em 2020 – Kaszek, Maya Capital, Venture Friends e David Vélez (fundador e CEO global do Nubank) – também entraram.
No total, a companhia levantou cerca de US$ 56 milhões até o momento.