A mudança é fundamental no empreendedorismo. O tempo passa, o mundo muda e as companhias precisam se adaptar às vontades e necessidades do público. Até mesmo as chamadas Big Techs, as companhias sexys e invejadas da atualidade, que dominam os mercados em que atuam, surgiram como startups, atuando um jeito e hoje, sao negócios completamente diferentes.
A Amazon, por exemplo, começou com uma proposta bem mais limitada de vender apenas livros online, pelo baixo custo e vasto catálogo de obras disponíveis. Hoje, a gigante de e-commerce vende praticamente tudo.
Já a Shopify nasceu em 2006 por obra de Tobias Lütke e Scott Lake, após tentarem abrir uma loja online de equipamentos de snowboard. A IBM começou com foco em balanças, mas se consolidou com um leque bem mais amplo de produtos e serviços.
Nossos amigos na StartSe listaram famosas Big Techs que se transformaram ao longo de sua jornada antes de se tornaram as grandes empresas que conhecemos hoje. Veja, a seguir, a história de algumas delas:
YouTube
Se tivesse seguido sua proposta original, o YouTube seria hoje uma plataforma de namoro online. Quando foi lançado em 2005, o objetivo era que os usuários enviassem vídeos de si mesmos falando sobre as características que buscavam no parceiro ideal. O site foi idealizado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, ex-funcionários do PayPal.
No entanto, a proposta não vingou. A plataforna não permitia selecionar vídeos, e eles eram escolhidos aleatoriamente. Segundo a revista Vice, o servidor usado para hospedar os vídeos custava US$ 100 por mês. A empresa chegou a oferecer US$ 20 a mulheres que enviassem seus vídeos, mas ninguém se interessou.
Então os fundadores tiveram que repensar toda a estratégia. A solução foi ampliar o leque , permitindo a publicação de qualquer tipo de vídeo na plataforma. De vlogs das férias, vídeos de humor, trechos de filmes, séries e programas de TV a videoaulas, clipes de música e vídeos ensinando a fazer slime colorido.
De acordo com a revista Rolling Stone, cerca de um ano após a criação, o YouTube já contava com aproximadamente 65 mil vídeos e 100 milhões de visualizações diárias. Reformulada, a plataforma chamou a atenção do Google, que comprou o YouTube em 2006, por US$ 1,65 bilhão. Em 2018, ultrapassou 1,9 bilhão de usuários ativos conectados por mês. A estimativa é que a receita do serviço esteja próxima dos US$ 30 bilhões.
Slack
O canadense Stewart Butterfield teve alguams tentativas frustradas para criar um negócio de sucesso. Em 2002, ele e alguns amigos criaram um videogame online chamado Game Neverending, que nunca chegou a ser lançado. Ele reaproveitou as ferramentas usadas no desenvolvimento do jogo para criar o Flickr, site de compartilhamento de fotos adquirido pelo Yahoo em 2005. Depois, criou criou o Glitch, outro game online que também não vingou.
Mas Butterfield decidiu não desisitir completamente do projeto. Durante a criação do game, ele e sua equipe desenvolveram uma ferramenta interna de comunicação para trocar mensagens. Das cinzas do jogo online, nasceu o Slack, lançado ao público em 2013. O nome “Slack” vem do acrônimo para Searchable Log of All Conversation and Knowledge.
Com seu software de comunicação corporativa, o Slack tornou-se uma das principais soluções para empresas como Rappi, IBM, T-Mobile, Gumpass, LATAM Airlines, entre outras. Em 2018, a companhia foi avaliada em US$ 7,1 bilhões após a conclusão da sua série H, que levantou US$ 427 milhões com Dragoneer Investment Group e General Atlantic. No ano seguinte, a empresa fez seu IPO na NYSE, alcançando um valor de mercado de US$ 15,7 bilhões.
Netflix
A história da Netflix começa em 1997, quando os amigos Reed Hastings e Marc Randolph tiveram a ideia de aluguar DVDs pelo correio. Decidiram testar o conceito enviando entre si um DVD e, quando viram que o produto chegou intacto, criaram o projeto Netflix, o primeiro site de venda e aluguel de DVDs do mundo. Formada por 30 funcionários, a companhia tinha 925 títulos à disposição e cobrava taxas pelo alugel.
Em 1999, a Netflix passou a adotar um modelo de assinatura, permitindo que os clientes alugassem DVDs ilimitados sem data de devolução, multa por atraso ou limite mensal. A plataforma ganhou um sistema de recomendações personalizadas que previa as escolhas futuras dos assinantes a partir da avaliação que deram a títulos já alugados.
A Netflix fez o seu IPO na Nasdaq em 2002 e no ano seguinte bateu a marca de 1 milhão de assinaturas. Em 2006, a base já chegava a 5 milhões de assinantes. O modelo do streaming veio em 2007, permitindo que os assinantes tivessem acesso ao catálogo 24 horas por dia. Em 2011 a companhia começou sua expansão internacional com o Brasil como primeiro destino. no ano seguinte, o número de assinantes chegou a 25 milhões, com presença no Canadá, América Latina, Reino Unido e outras regiões.
Entre séries e filmes originais, indicações para os principais prêmios do cinema e da televisão e mais de 200 milhões de usuários, a Netflix chega em 2022 celebrando o seu 25º aniversário e consolidação como uma das principais plataformas de streaming do mundo.
Antes de se tornar a famosa plataforma de fotos e vídeos, o Instagram era Burbn (sim, com a mesma pronúncia do famoso Whisky). Criado em 2010 por Kevin Systrom e Mike Krieger como um app de check-in, o neócio levantou US$ 500 mil em uma rodada seed com Baseline Ventures e Andreessen Horowitz. O app, no entanto, era considerado complicado demais. Com base na localização do usuário, ele permitia fazer check-in em locais específicos, planos para check-ins futuros, ganhar pontos para sair com amigos e postar fotos dos encontros.
Analisando as preferências dos usuários, os fundadores perceberam que as pessoas não estavam usando as ferramentas de check-in, e sim os recursos de compartilhamento de fotos. Decidiram apostar suas cartas nesse segmento. A proposta era criar um app fácil de usar, cortando tudo do Burbn com exceção das fotos, permitindo também curtidas e comentários. Posteriormente, adicionou uma gama de filtros.
O Instagram alcançou 1 milhão de usuários em poucos meses. Em 2012, a empresa foi adquirida pelo Facebook (atual Meta), por US$ 1 bilhão. Desde então, a plataforma ganhou outras funcionalidades, como vídeos, stories, reels, stickers, músicas, ferramentas de monetização, entre outros. O app ultrapassou 2 bilhões de usuários no ano passado.
Após fundar a Blogger e vender a plataforma para o Google em 2003, Evan Williams entrou para a lista dos 100 inovadores do mundo abaixo dos 35 anos, segundo o MIT Technology Review TR100. Ele deixou seu posto na gigante de tecnologia 1 ano após a aquisição e em 2005 decidiu apostar suas cartas na empresa de podcast Odeo, ao lado de Biz Stone (ex-Google), Noah Glass e Jack Dorsey.
Mas na mesma época, a Apple lançou sua ferramenta de podcast no iTunes e a plataforma da Odeo se tornou irrelevante. Segundo o Business Insider, os próprios funcionários da Odeo admitiram que não ouviam tantos podcasts quando imaginavam que estariam. Afinal, a febre dos podcasts demorou alguns anos para se tornar realidade.
Começaram a pensar em novas ideias de como a Odeo poderia seguir. Assim surigiu o Twttr, um sistema em que usuários poderiam enviar uma mensagem para um número e seria transmitido para todos os seus amigos. Depois, a startup mudou o nome para Twitter.
Evan propôs comprar de volta as ações dos investidores da Odeo e, eventualmente, os eles concordaram. Cinco anos depois, os ativos da empresa que os investidores originais da Odeo venderam por aproximadamente US$ 5 milhões agora valiam pelo menos 1.000 vezes mais: US$ 5 bilhões, de acordo com o Business Insider. Hoje a companhia já vale bem mais: no início do ano, o megabilionário Elon Musk colocou US$ 44 bilhões na mesa para comprar a rede social do passarinho azul, com seus 217 milhões de usuários ativos.