A temporada de balanços nos Estados Unidos trouxe algumas surpresas positivas para as Sete Magníficas, que ganharam, juntas, US$ 1,29 trilhão em valor de mercado no mês de maio. O destaque ficou por conta da Nvidia, que teve suas ações negociadas acima de US$ 1.000 pela primeira vez após registrar um aumento de mais de 600% nos lucros, e encerrou o mês com alta de 23,4% nas ações negociadas em Nasdaq, cotada a US$ 1.095. Na ponta negativa, a Tesla acumulou queda de 1,7% em maio, após apresentar resultados aquém das expectativas e anunciar novas reduções de preços.
A Nvidia encerrou o mês com alta de US$ 537 milhões no seu valor de mercado, segundo levantamento do consultor Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, feito com exclusividade para o Startups. Com isso, a companhia de chips passou a valer US$ 2,697 trilhões, e se aproxima ainda mais do patamar da Apple (US$ 2,948 trilhões) e da Microsoft (US$ 3 trilhões).
Em relatório divulgado ao mercado, a XP afirma que, no setor de tecnologia, 55% das companhias reportaram surpresas positivas nas receitas, e 79% nos lucros, nos balanços do primeiro trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado. “Neste início de 2024, as ações do setor de tecnologia seguiram impulsionando o índice S&P 500, mas não mais no posto de liderança de performance observado ao longo de 2023. Em termos de lucros, no entanto, o setor segue impulsionando o índice. O destaque do setor seguiu sendo Nvidia, que entregou mais um trimestre de desempenho recorde, com resultado consideravelmente acima das expectativas”, aponta.
As big techs Microsoft, Apple e Nvidia tiveram crescimento de lucros de 25,2% ante uma expectativa de 19,6%, segundo a XP. Na categoria de consumo discricionário, Amazon e Tesla tiveram alta de 25,1% nos lucros, ante uma expectativa de 15,3%. E, no segmento de comunicações, as empresas Alphabet, Meta e Netflix viram seu lucro subir 34,5%, superando a expectativa de 19,3%.
Os balanços de Alphabet, Microsoft, Amazon, Meta e Tesla já haviam sido divulgados em abril, mês em que as big techs perderam, juntas, US$ 389 milhões em valor de mercado. Os resultados de Nvidia e Apple, porém, que vieram depois, viraram o jogo para as Sete Magníficas.
Nvidia
Fundada em 1993 e pioneira no desenvolvimento de unidades de processamento gráfico (GPU), a Nvidia saiu na frente da corrida pela construção da infraestrutura para a inteligência artificial, e hoje nada de braçada nesse mercado. No último dia 22, a companhia superou expectativas com o balanço financeiro do primeiro trimestre, com crescimento de 628% no lucro líquido e de 262% na receita, na comparação anual.
O destaque ficou por conta das vendas no segmento de data centers, que atingiram a receita trimestral recorde de US$ 22,6 bilhões, um aumento de 23% em relação ao quarto trimestre de 2023 e de 427% em relação ao ano anterior.
Com os papéis da empresa negociadas acima de US$ 1.000, a companhia anunciou que dividirá suas ações em dez por um, a partir de 7 de junho, e aumentará dividendos trimestrais em 150% em uma base pós-divisão. Ou seja, quem possui uma ação da Nvidia no valor de US$ 1.000, por exemplo, passará a ter dez de US$ 100 cada. A ideia é tornar os papéis da empresa mais acessíveis e aumentar a liquidez.
Em relatório, o Bank of America (BofA) ressalta que as ações da Nvidia são agora as nonas mais caras no S&P 500. Desde 2022, outras três big techs dividiram suas ações: Google, Amazon e Tesla. “Historicamente, as ações que sofreram divisões obtiveram retornos totais de 25% nos 12 meses após o anúncio, em comparação com 12% para o índice geral. As divisões impulsionaram os retornos em todas as décadas, incluindo no início dos anos 2000, quando o S&P 500 enfrentou dificuldades”, destaca o BofA.
Apple
A Apple registrou US$ 90,8 bilhões de receita no trimestre, uma queda de 4% na comparação ano a ano, e lucro diluído de US$ 1,53 por ação. Os números vieram ligeiramente melhores do que o mercado esperava, que era de US$ 90,33 bilhões de receita e lucro diluído de US$ 1,50 por ação.
O que chamou a atenção do mercado, porém, foi a queda menor que o esperado na China e o anúncio de ampliação do programa de recompras, que terá um adicional de US$ 110 bilhões. As vendas líquidas para a China caíram 8,1% na comparação anual, contra as expetativas de queda de 10,9%.