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Mais um big deal cancelado: Amazon desiste de comprar iRobot

Aquisição da fabricante dos robôs aspiradores Roomba estava avaliada em US$ 1,7 bilhão, mas foi barrada por reguladores

Roomba
Roomba. Crédito: Canva

No mês passado, a Adobe pulou fora de sua fusão de US$ 20 bilhões com a Figma, após ser barrada por reguladores da União Europeia. Agora, a Comissão Europeia atacou novamente, não dando o aval para a compra da iRobot pela Amazon, um negócio que valeria US$ 1,7 bilhão.

A Amazon anunciou nesta segunda (29) que não seguiria adiante com o negócio, alegando que não existe “um caminho para a aprovação regulatória para o negócio”. Além disso, com a transação cancelada, a iRobot, famosa por seus robôs aspiradores Roomba, anunciou medidas drásticas para assegurar seu futuro – ou seja, teve que demitir.

Segundo nota publicada no próprio site da iRobot, cerca de 31% de sua força de trabalho – o equivalente a 350 pessoas – devem ser dispensadas imediatamente. Aliás, até o CEO da companhia, Colin Angle, sairá da companhia nesta onda de cortes.

“A rescisão do acordo com a Amazon é decepcionante, mas a iRobot agora se volta para o futuro com foco e compromisso de continuar a construir robôs e inovações domésticas inteligentes que tornam a vida melhor”, disse Colin, em um comunicado.

Do lado da empresa de Jeff Bezos, a compra foi barrada pela UE sob a alegação que o acordo proposto poderia fazer com que a Amazon impedisse os rivais da iRobot de competir no mercado online da Amazon. A comissão argumentou que a gigante do ecommerce poderia retirar ou reduzir a visibilidade dos produtos rivais nos resultados de pesquisa ou em outros lugares.

“Nossa investigação aprofundada mostrou preliminarmente que a aquisição da iRobot teria permitido à Amazon excluir os rivais da iRobot, restringindo ou degradando o acesso às lojas da Amazon”, disse Margrethe Vestager, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, em comunicado. Ela acrescentou que o controle da Amazon sobre o mercado “poderia ter restringido a concorrência no mercado de aspiradores robôs, levando a preços mais altos, qualidade inferior e menos inovação para os consumidores”.

Do lado da Amazon, ela terá que pagar à iRobot uma multa de US$ 94 milhões por quebra de contrato, mas segundo o senior VP e conselheiro David Zapolsky, a empresa está “decepcionada que a aquisição da iRobot pela Amazon não pôde prosseguir”.

Duros na queda

Com a desistência da Amazon na compra da iRobot, reguladores europeus aumentam a sua lista de negócios que não passaram ou tiveram dificuldades em passar por seu escrutínio. O mais recente foi o da Adobe, que viu seu megaacordo de US$ 20 bilhões para levar a plataforma de design Figma ser barrado, e pulou fora do negócio.

O negócio foi visto de forma negativa por muitos órgãos reguladores, sob o pretexto que ele seria nocivo no segmento de ferramentas gráficas, onde a Adobe já é uma líder de mercado. Tanto a agência antitruste do Reino Unido quanto a da União Europeia já tinha anunciado o lançamento de investigações para analisar os impactos do negócio.

Outro caso recente foi o da compra da plataforma de gifs Giphy pela Meta. Em 2020, a empresa de Mark Zuckerberg pagou US$ 400 milhões pela companhia, mas o negócio foi contestado pela Autoridade de Concorrência e Mercados no Reino Unido (CMA). Foi a a primeira vez que um regulador britânico forçou um gigante de tecnologia dos Estados Unidos a vender uma empresa já adquirida, e no ano passado a Meta acabou vendendo o Giphy por US$ 53 milhões para o Shutterstock.

A lista continua com a compra da publisher Activision Blizzard pela Microsoft, uma tentativa de reforçar a sua frente de games – o Xbox. O negócio, anunciado em 2021, acabou passando, mas viveu uma novela junto a reguladores até ser liberado no ano passado, resultando em um acordo de US$ 75 bilhões.