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C6 Bank inicia onda de demissões e desperta reação sindical

Segundo fontes não oficiais, cortes podem chegar a 500 funcionários, 12% do efetivo. Uma lista já está circulando nas redes

C6 Bank
C6 Bank. Credito: divulgação

O C6 Bank começou nesta segunda-feira (6) uma leva de demissões em seu quadro de colaboradores. Segundo fontes não oficiais, os cortes podem chegar a 500 funcionários (cerca de 12% do quadro), algo que chamou a atenção do Sindicato dos Bancários SP, que convocou uma reunião emergencial com o banco.

O perfil Layoffs Brasil divulgou a onda de cortes, assim como uma lista preliminar com alguns nomes de colaboradores já dispensados – até o momento a lista tem cerca de 60 pessoas. Contatado pela reportagem do Startups, o C6 Bank confirmou os cortes, mas não deu o número nem os setores afetados. Olhando mais atentamente à relação dos demitidos, é possível ver que os setores mais afetados são os de produto e desenvolvimento.

Segundo apuramos junto a fontes ligadas ao banco, os cortes não representam necessariamente um enxugamento na operação do banco. Inclusive, em nota enviada ao Startups, o banco está com 400 vagas em aberto e deve encerrar o ano com 800 contratações.

“O número de novos funcionários neste ano superará em centenas de posições o número de profissionais desligados. Nos próximos meses, o grupo ocupará dois novos escritórios na região dos Jardins, em São Paulo, para poder acomodar seus colaboradores”, afirmou o neobanco em nota.

Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, os cortes tem mais a ver com um redesenho de rota do banco. Fundado em 2019, o banco apostou suas fichas no crescimento através do desenvolvimento de produtos e plataforma, chegando a mais de 4 mil funcionários – só no ano passado a companhia chegou a dobrar seu efetivo. No entanto, para 2023 as coisas devem mudar.

Atualmente com uma base de mais de 20 milhões de clientes, agora o foco do banco é aumentar sua eficiência operacional e a qualidade de seus serviços já existentes, o que resultou na decisão para demitir.

“Como é praxe nas empresas que buscam o melhor nível de eficiência nos mercados em que estão inseridas, o grupo avalia periodicamente a produtividade das equipes e, quando necessário, faz readequações de cargos e profissionais, bem como adequações de suas estruturas ao momento do negócio”, disse o banco.

A decisão do C6 Bank não é a primeira do tipo entre os neobancos este ano – e provavelmente não deverá ser a última. Na semana passada o Nubank anunciou a dispensa de cerca de 40 funcionários, desativando a sua área de assessoria de investimentos.

Reação do sindicato

Apesar das explicações, o banco não escapou das pressões. O Sindicato de Bancários de São Paulo convocou o C6 para uma reunião nesta tarde. Segundo o sindicato, a questão do anúncio repentino e do curto prazo para as dispensas faz com que o C6 deva dar algumas respostas.

Segundo o sindicato, a decisão do C6 surpreende por ir na contramão das notícias positivas que o banco anunciou no fim de 2022. No ano passado, o C6 Bank recebeu um acionista de peso na forma do banco norte-americano JP Morgan Chase, que comprou 40% da empresa, o que capitalizou ainda mais a fintech.

“Queremos dialogar com o banco porque acreditamos que, com resultados tão bons, o C6 Bank pode manter os empregos e preservar os direitos de seus trabalhadores”, afirmou a secretária-geral do sindicato, Neiva Ribeiro, ao portal do órgão. O plano da entidade é reverter a decisão das dispensas, ao menos para o curto prazo.

ATUALIZAÇÃO: No final da tarde desta segunda, o Sindicato do Bancários de São Paulo soltou uma nova nota sobre a reunião realizada com o neobanco. “O C6 Bank não informou o número de desligamentos, mas afirmou que haverá uma reestruturação na área de tecnologia da informação e nos setores corporativos e operacionais. Por sua vez, o Sindicato solicitou a suspensão das dispensas para o início de um processo de negociação, o que foi negado pelo banco”, afirmou a entidade.