Com o objetivo de resolver os gargalos de entregas de produtos de e-commerce comprados por moradores de favelas e periferias, a Favela Holding se uniu à Luft Logistics para criar a Favela LLog. O mercado endereçável inclui as mais de 5 mil favelas onde atua a Central Única das Favelas (CUFA), parceira social do conglomerado de empresas liderado pelo empreendedor social Celso Athayde.
A joint venture foi criada a partir da parceria entre Celso e Luciano Luft, um dos acionistas da gigante de logística brasileira que leva seu sobrenome. Segundo o CEO da Favela Holding, a aproximação entre a Favela LLog, empresa de logística do grupo, e a Luft se consolidou em meio a tragédia ocasionada pelas fortes chuvas que castigaram várias regiões do país entre o final de 2021 e o início de 2022. “Juntas, ambas as empresas foram importantes para o alcance dos mais de R$800 milhões arrecadados e transformados em doações”, diz Celso.
Segundo Luciano Luft, a parceria pode ser descrita como uma “união perfeita”: “Levamos para todo o país alimentos doados pelas empresas, e juntos fizemos chegar à mesa das mães da favela. Pela Luft, usamos a estrutura, a inteligência de logística, centros de distribuição e sistemas operacionais avançados”, pontua.
“A Luft ganhava as estradas e o time da CUFA junto com a Favela LLog respondiam pela última milha. Me impressionou muito o trabalho da Favela LLog em comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e favelas desse Brasil”, acrescenta o empresário.
O novo negócio criado pelas duas empresas deve impulsionar a expansão das atividades da Favela LLog, que foi fundada em 2014 para atender multinacionais como a P&G no Rio de Janeiro e atualmente atende nomes como Natura, que teve mais de 3,5 milhões de produtos entregues pela operadora logística. Com mão de obra gerada pelo Recomeço, programa da CUFA que visa reinserir pessoas que passaram pelo sistema carcerário no mercado de trabalho, a empresa de logística para favelas e periferias atualmente atende 112 favelas e 12 bairros periféricos.
Expansão
O foco da Favela LLog até aqui foi a cidade do Rio de Janeiro e, na nova fase, a empresa passa a atender a favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, antes de expandir para milhares de favelas em território nacional. Citando dados de uma pesquisa recentemente lançada em abril pelo Data Favela, outra empresa da Favela Holding com o Instituto Locomotiva, Celso diz que mais de 3 milhões de moradores de favelas pretendem comprar eletrodomésticos nos próximos 12 meses, o que apresenta uma grande oportunidade para a nova operadora.
Em relação a como a empresa tem respondido ao aumento no consumo via e-commerce nos territórios em que atua, o empreendedor ressalta que a empresa tem ampliado o investimento em tecnologia e infraestrutura, com objetivo principal de otimizar a malha logística. “Também estamos buscando cada vez mais aplicar treinamento para nossos colaboradores em pontos de coleta da Favela LLog, com foco em aumentar a agilidade no recebimento e entrega [de itens pelos] moradores da favela”, acrescenta.
A integração entre as duas empresas deve incluir a superação de desafios, que Celso entende ser um aspecto natural da operação. Por outro lado, a expertise construída desde a fundação da Favela LLog, principalmente no que se refere à rede de entregadores advindos do programa Recomeço, deve ajudar no desenvolvimento da JV. “São pessoas que são da favela e conhecem a favela, acreditamos que esse conhecimento irá colaborar com a integração das operações”, pontua Celso.
O anúncio da JV da Favela LLog e Luft segue a divulgação na semana passada do Plus Codes, projeto do Google, em conjunto com a Americanas S.A. e a startup de logística Favela Brasil Xpress, e em parceria com o G10 Favelas para a criação de endereços digitais para moradores de favelas. O projeto deve atender mais de 100mil moradores de Paraisópolis nos próximos meses.
“As empresas precisam entender que os moradores da favela também consomem”, ressalta Celso. “Portanto, iniciativas como Plus Codes do Google, e a Favela LLog são extremamente necessárias para atender cada vez mais essas pessoas que querem e vão consumir algo e querem ter o direito de receber seus produtos em suas residências como qualquer outro morador do asfalto.”