Menos de 1 ano depois de anunciar a sua série C, a chilena NotCo, que faz alimentos à base de plantas, trouxe para o seu captable mais um investidor: o Enlightened Hospitality Investments (EHI). O fundo pertence à Union Square Hospitality Group (USHG), holding do fundador da rede Shake Shack, Danny Meyer.
O valor do aporte não foi revelado, mas ficou na faixa de US$ 12 milhões. Conta rápida: na série C ano passado a companhia falava que tinha captado um total de US$ 118 milhões até aquele momento. Agora, fala em mais de US$ 130 milhões. Logo…
No foto: Danny Meyer (à esq.) e Matías Muchnick
O EHI foi lançado em 2017 com US$ 200 milhões para investir em redes de restaurantes fast-casual e companhias de tecnologia que impulsionem o segmento de hospitalidade. O fundo assina cheques que ficam na faixa de US$ 10 milhões a US$ 25 milhões e tem entre os seus investimentos GoldBelly, Banza, Clear e Resy
Why Not?
O aporte na NotCo é a 1ª aposta no crescente segmento de alimentos à base de plantas e será importante para ajudar a companhia a ganhar mais visibilidade em solo americano, segundo Matías Muchnick, cofundador e presidente da NotCo.
Entre as possibilidades está a inclusão dos produtos da companhia nas mais de 18 redes atualmente administradas pela USHG. Quem sabe até a própria Shake Shack (que hoje é uma companhia listada na bolsa) possa ter em seu cardápio hamburgueres, milk shakes e sorvetes feitos com os produtos da NotCo.
Atualmente são 4 categorias: leite, hamburguer, maionese e sorvete. Segundo Matías, duas novas categorias estão na fila de lançamento, incluindo carne branca. Perguntado se o caminho é a carne cultivada em laboratório, ele disse que não. “Ainda tem muita coisa para ser feita no uso de vegetais antes de usar uma tecnologia nova que ainda não tem escala”, diz.
Por que agora?
A EHI estava em conversas para entrar na série C, mas por conta dos impactos da Covid no setor de restaurantes, as negociações esfriaram. Agora, o fundo entrou no que Matías coloca como um meio termo entre a rodada anterior e a série D, que tem previsão de acontecer no fim do ano.
A expectativa é que neste momento a companhia atinja o mítico status de unicórnio. A NotCo não abre números, mas segundo o TechCrunch, ela foi avaliada em US$ 300 milhões na série C. A rodada de US$ 85 milhões foi liderada pelo fundo L Catterton e contou com a participação do Future Positive, do cofundador do Twitter, Biz Stone, do Bezos Expedition (de Jeff Bezos), General Catalyst, IndieBio, Maya Capital, The Craftory (que tem recursos da G2D, da GP Investimentos), Humboldt Capital e da Kaszek.
Terra do Tio Sam
Nos EUA, o carro-chefe tem sido o leite. O produto começou a ser produzido por lá em outubro e foi lançado em 492 lojas da rede Whole Foods. De acordo com Matías, a aceitação foi muito boa. “A gente achava que venderia 40 unidades por semana por loja em dezembro, mas chegamos a esse volume bem antes”, conta. Segundo ele, a formulação do leite para o mercado americano foi feita levando em conta a preferência dos consumidores por um produto mais pesado e cremoso, e privilegiando um sabor bom. “O mercado tem muitas alternativas vegetais ao leite, mas nada que seja realmente um substituo”, completa.
Hoje, o NotMilk está disponível em 3 mil lojas e o plano de chegar a 5 mil pontos de venda em 2021 deve ser superado.
O desempenho nos EUA ajudou a companhia a crescer 4 vezes em 2020. Para este ano, a expectativa é crescer na mesma velocidade. “A Covid fez as pessoas cozinharem mais em casa e o plant based cresceu muito. Internamente, nos tornamos uma empresa mais madura, com mais foco”, diz.
Além de crescer nos países 4 em que já atua – Chile, Brasil, EUA e Argentina – a NotCo pretende desembarcar na Colômbia em 2021.