Cleantech

Cleantech Polen destina R$ 30M a cooperativas para impulsionar reciclagem

Startup usa IA e machine learning para monitorar todo o processo de reciclagem, desde a coleta até a chegada à indústria recicladora

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Renato Paquet, CEO e fundador da Polen
Renato Paquet, CEO e fundador da Polen (Imagem: Divulgação)

A Polen, cleantech brasileira especializada em logística reversa de embalagens, busca transformar a cadeia de reciclagem no Brasil. Para isso, a startup está investindo R$ 30 milhões em cooperativas de todo o país para estruturar operações e melhorar a remuneração dos catadores.

Ativa desde 2017, a startup afirma já ter compensado mais de 230 mil toneladas de resíduos e evitado a emissão de 750 mil toneladas de CO₂ na atmosfera.

Segundo Renato Paquet, CEO e fundador da Polen, o foco em pautas ambientais vem de uma ambição pessoal.

“Sou ecólogo de formação e sempre tive o propósito de trabalhar com conservação ambiental. Enxerguei na reciclagem a melhor maneira de conservar ecossistemas sem precisar lutar por demarcações ou contra ilegalidades. Na reciclagem, cada tonelada de plástico reciclado significa menos extração de petróleo. Assim como cada tonelada de metais reciclados representa menos extração de minério de ferro”, aponta.

Para além da sustentabilidade

Apesar do foco ambiental, a Polen não se resume a isso. Para Renato, as cooperativas de reciclagem são “o coração da operação” e, lembrando disso, o investimento de R$ 30 milhões busca, além de tudo, oferecer apoio para obtenção de documentos, aluguel de galpões e compra de equipamentos e melhores condições de trabalho.

“Dessa forma, além de garantir a destinação correta dos resíduos, conseguimos gerar renda, inclusão social e profissionalização para milhares de catadores e catadoras. A relação com as cooperativas é, portanto, de parceria e investimento: não apenas compramos materiais, mas atuamos para que elas cresçam e se tornem protagonistas da cadeia de reciclagem no Brasil”, diz.

Reciclagem monitorada

Em um cenário repleto de empresas que fazem greenwashing (termo em inglês para descrever quando companhias promovem a si mesmas ou os seus produtos como mais sustentáveis de maneira enganosa), a Polen busca trazer transparência e rigor na rastreabilidade dos resíduos.

Para se ter uma ideia, todo o processo, desde a coleta nas cooperativas até a chegada dos materiais à indústria recicladora, é registrado em uma plataforma própria que reúne documentos oficiais como notas fiscais, certificados de destinação final e manifestos de transporte. A tecnologia, apoiada por inteligência artificial e machine learning, garante que cada etapa seja monitorada.

Ainda de acordo com Renato, a plataforma hoje possui mais de 8 mil tipologias e descrições diferentes de materiais na plataforma, que se resumem em quatro grandes famílias: papel/papelão, plástico, vidro e metais. “O sistema lê o código de cada produto e a descrição na nota fiscal para identificar o material. Por exemplo: se a nota traz ‘cabeça de boneca amassada’, sabemos que é plástico, mas precisamos ensinar o software, via machine learning, que esse item é plástico e qual tipo de plástico”, explica o CEO.

Quem a Polen atende?

Quando o assunto é reciclagem, muita gente pensa apenas na separação doméstica de papel, plástico, metal e vidro. A atuação da Polen, porém, vai muito além desse gesto individual: a cleantech tem como foco grandes corporações que precisam alinhar suas operações às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e aos padrões internacionais de ESG (Environmental, Social and Governance).

Hoje, a empresa atende setores de farmacêuticas, eletroeletrônicos, alimentos e bebidas, abrangendo clientes como Ambev, JBS (Friboi e a Seara) e PremieRpet. “Mas a maior representatividade hoje vem de alimentos e bebidas, já que são a maioria das embalagens que consumimos no dia a dia”, anuncia Renato.