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CODEX: Bad, bad Zuck

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Boa tarde,

A semana passada não foi muito boa para Mark Zuckerberg nem para Brian Chesky. O primeiro viu seu querido Facebook ser alvo de novos processos questionando suas práticas e políticas. Já Chesky viu seu Airbnb estrear na bolsa superando todo o cenário negativo de 2020 e registrando uma super valorização que não foi totalmente capturada pelos coordenadores da oferta. No primeiro dia de negócios, o papel mais que dobrou de valor. Ou seja, os acionistas deixaram dinheiro na mesa. Bom, pelo menos ele foi positivamente surpreendido, ao contrário do Zuck. Também teve o IPO do DoorDash, que deu outra porrada com o valuation saltando de US$ 3,4 bilhões para US$ 41 bilhões.

Aqui no Brasil, foram muitas aquisições e aportes consideráveis, como os R$ 130 milhões recebidos pela Intelipost (o deal é de fevereiro, na verdade, mas só foi anunciado agora), que também seu primeiro M&A, se juntando à AgileProcess, de Florianópolis (SC).

E ao que tudo indica, as movimentações que você tem acompanhado aqui pelo Startups, são só o começo. “Se você olhar os dados da China, da Índia e de outros mercados, eles também tiveram pontos de inflexão similares. Em algum momento, você teve um caldo primordial que levou a uma explosão cambriana. E acho que no Brasil isso está para acontecer”, disse Mate Pencz, cofundador da Printi e da Loft, durante o Asia Summit do Milken Institute.  E aí, quem se candidata a me ajudar a acompanhar tudo que vem por aí?

Boa leitura e boa semana!

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe

 


Rodadas de investimento

  • A Conductor levantou US$ 20 milhões com o Temasek, fundo soberano de Cingapura. O aporte é uma continuação da rodada de US$ 150 milhões que a companhia anunciou em outubro com o fundo de hedge Viking Global Investors e a Sunley House Capital. A Conductor é controlada pela Riverwood Capital e tem a Visa como investidora. Os recursos serão usados para acelerar a expansão na América Latina. Em julho a Conductor havia comprado a Muxi para dar início a esse processo.
  • A Intelipost anunciou uma rodada de investimento de R$ 130 milhões com a Riverwood Capital. O aporte foi fechado em fevereiro, mas só foi apresentado agora porque no meio do caminho teve uma pandemia. A empresa também queria esperar um pouco para anunciar junto a compra da AgileProcess. Fundada em 2014, a Intelipost tinha recebido duas rodadas de investimento até agora: uma de US$ 1,3 milhão da Project A Ventures, em 2014, e outra, de US$ 3,4 milhões, da Performa Investimentos, em 2016. A atual composição do quadro societário não foi revelada.
  • A Dolado, nova empresa dos ex-Grow Marcelo Loureiro e Guilherme Freire, que tem foco na digitalização de pequenos comerciantes de regiões periféricas e pequenas cidades, recebeu um aporte de US$ 2,2 milhões liderado pela Valor Capital. com a participação da Global Founders Capital, Provence e Norte Capital, além de investidores anjo de empresas como iFood, Stone, Olist, Viva Real, Paypal e sócios de fundos internacionais como Lightspeed Ventures e Expanding Capital. Com os recursos, a startup irá ampliar equipe e fazer investimentos em tecnologia e produto.
  • A exchange mexicana de criptomoedas Bisto levantou U$ 62 milhões com a Kaszek e a QED. O plano é usar os recursos para entrar no Brasil;
  • A HFocus, empresa de atendimento a clientes especializada na área de saúde, recebeu um aporte da Green Rock, family office dos fundadores do laboratório Salomão Zoppi e da butique de fusões e aquisições Setter Investimentos. Foi o primeiro investimento da Setter no segmento de venture capital. O valor da rodada não foi revelado.
  • A agritech israelense SeeTree levantou R$ 30 milhões em uma rodada liderada pelo IFC, do Banco Mundial. Na terceira rodada de investimento da companhia participaram também a brasileira Citrosuco, Orbia Ventures (braço de investimento da Orbia), a fabricante japonesa Kubota (especializada em equipamentos agrícolas) e o fundo Hanaco Ventures (que já era investidor da companhia);

Aquisições

  • A Ame Digital, fintech da B2W e das Lojas Americanas, comprou a Bit Capital. O valor da operação não foi revelado. A Bit Capital concorre com Zoop e Swap no fornecimento de infraestrutura bancária como serviço, usando tecnologia blockchain. Não está claro se ela continuará a vender para outras empresas, ou se será totalmente integrada. Ame já tinha investido na companhia há cerca de 6 meses em uma rodada liderada pela Gávea Angels que contou com a participação da Gear Ventures. Nos próximos anos, a B2W anunciou que pretende fazer investimentos da ordem de R$ 5 bilhões.
  • A Bitz, carteira digital do Bradesco, fez seu segundo acqui-hire: a fintech de pagamentos e infraestrutura como serviço 4ward – que também atua com blockchain. É a segunda das duas operações que a Bitz havia prometido fazer quando foi lançada, em setembro. O negócio anterior foi a compra da DinDin. Leandro Lucas, sócio-fundador da 4ward, passa a ser o head de produtos da Bitz.
  • A RankMyAPP comprou a Digital Influencers, investida da Bossa Nova, e ampliou suas ofertas, incluindo relacionamento com influenciadores. O valor da operação não foi revelado.
  • A Locaweb comprou a Ideris, um integrador de anúncios feitos em marketplaces. Foi a quarta aquisição anunciada pela companhia no ano. O negócio foi feito por meio da Locaweb Commerce, subsidiária da Locaweb. O valor foi de R$ 18,3 milhões, sendo que uma parte desse montante – cujo valor não foi revelado – será retida como garantia e liberada posteriormente conforme regras e procedimentos previstos no contrato. Os sócios-fundadores do Ideris, Valeria Abreu Andrzejewski, Alessandro Ribeiro Silveira, Giovani Girotto e Edilson Rafael da Silva, permanecerão na companhia, com direito a earn out atrelado a metas financeiras apuradas com base na receita operacional líquida da companhia – cujo valor e prazo não foi revelado.
  • A companhia também recebeu a luz verde do último acionista que faltava aceitar a compra da Vindi. Agora falta o Cade liberar a operação.
  • O banco modalmais comprou a Investir Juntos. O escritório de agentes autônomos que se desligou da XP tem foco em educação financeira.

Novo investidor na Volpe, de André Maciel

  • O BTG será um dos investidores da Volpe Capital, nova gestora criada por André Maciel após sair da SoftBank. O valor aportado não foi revelado, mas ajudou a nova casa a fazer o first closing de seu fundo, com US$ 50 milhões. O objetivo é captar US$ 100 milhões até o fim de 2021 para investir em companhias em estágio de série A. A Volpe conta com recursos da SoftBank, do próprio Maciel e também de Marcelo Claure, Paulo Passoni e Shu Nyata, da SoftBank.

Vai e vem

  • O ex-Nubank e Easy Taxi, Dennis Wang, se juntou à Igah Ventures como sócio e diretor executivo, responsável pela operação do fundo.
  • Depois do aporte de US$ 47 milhões recebido em junho, a Tembici anunciou uma série de reforços em seu time executivo e no conselho: Paulo Kakinoff, presidente da Gol Linhas Aéreas é novo membro do colegiado, que também tem representantes dos fundos que investem na companhia – Luis Felipe Magon (Igah Ventures), Romero Rodrigues (Redpoint Eventures), e Scott Sobel (Valor Capital).

Quero ser banco (versão academias)

  • O Gympass lançou uma maquininha de cartão voltada especificamente para academias. A Gympass Plus está sendo oferecido em parceria com a fintech Hashdex. “Agora, graças a tecnologia fornecida pela Hash, nossos parceiros poderão contar com taxas e benefícios que uma academia sozinha não conseguiria ter”, disse Samir Zetun, vice-presidente de academias do Gympass, em comunicado.

Quero ser banco (versão sindo de dentro do banco)

  • Enquanto Bradesco quer que sua carteira digital Bitz se mantenha apenas como uma carteira digital, o Itáu quer que seu aplicativo de pagamentos iti vire uma conta completa.

Rappi passa a entregar anúncios

  • Em mais um passo em sua estratégia de diversificação de receitas, o Rappi entrou na disputa pelas verbas de marketing das empresas e lançou o Brands by Rappi – “ferramenta que integra marketing digital, performance de marca e insights para aproximar as marcas de seus consumidores e ajudá-los a antecipar suas necessidades com a finalidade de aumentar seu crescimento”, como explica a própria companhia. Quem aderir ao novo serviço até o dia 31 de dezembro deste ano poderá triplicar o investimento das campanhas por três meses em 2021. Se apresentar como espaço de mídia tem sido um movimento do varejo nos últimos tempos para capitalizar da exposição que oferece às marcas. A Amazon já é a terceira maior vendedora de publicidade dos EUA. Aqui no Brasil, o Magalu criou o Magalu Ads.

Carrinho de compras no WhatsApp

  • Se você atualizou seu WhatsApp nos últimos dias, deve ter visto que em alguns perfis comerciais surgiu um ícone de um carrinho no canto superior direito da tela. Essa é a mais nova funcionalidade do serviço. Apresentada inicialmente em outubro, ela faz parte do esforço mais amplo do Facebook de tornar o aplicativo mais transacional, assim como fez com o Instagram. Durante a pandemia o WhatsApp se mostrou um importante (ou a única) ferramenta de vendas para varejistas que tiveram que fechar suas lojas. Próximo passo: incluir os pagamentos pelo WhatsApp Pay.

Falando em WhatsApp…


Muitas contas a mais

  • A Méliuz abriu, durante o mês de novembro, abriu um total de 930 mil novas contas, o que representa um aumento de 284% em relação ao mesmo mês em 2019. Além disso, cresceu em 220% o número de instalações do aplicativo no mesmo período.

 


Spin-off

  • O banco digital Agibank fez o spin-off de sua área de tecnologia e anunciou a criação da Hype Flame, uma companhia focada em inteligência de dados. A ideia é vender para o banco e também para outras empresas. O novo negócio nasce com 400 funcionários e um orçamento de R$ 200 milhões.

Competidor para a B3

  • A Mark2Market, empresa investida da KPTL que tem a ambição de se tornar uma competidora da B3, conseguiu sua primeira vitória nesse sentido. Com o aval da CVM, ela passou a ser depositária de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), um mercado que atualmente movimenta R$ 43 bilhões no país (um dos segmentos) onde só a B3 atuava.

Amazon reforça arsenal no Brasil

  • A Amazon ampliou o leque de ofertas para os vendedores de seu marketplace adicionando o serviço de fulfillment. Com isso, a companhia passa a ficar responsável pela logística, armazenamento, entrega e atendimento a clientes dos vendedores que optarem por essa modalidade. Um dos objetivos desse passo é ampliar as ofertas que se qualificam ao serviço Prime.

Mudança de nome

  • Quase dois anos depois de comprar um de seus maiores fornecedores de tecnologia, a Hbsis, a Ambev mudou o nome da operação para Ambev Tech.

O choque de realidade de Dara Khosrowshahi

  • O Uber chegou à bolsa com prejuízo bilionário, dizendo que, poderia, eventualmente, nunca dar lucro na vida. Mas a execução de Dara Khosrowshahi tem ido no caminho contrário, com uma busca incessante por formas de crescer com rentabilidade – que inclui redobrar a aposta na entrega de comida, sair do negócio de patinetes e sair do projeto de desenvolvimento de carros voadores. No passo mais recente, ela reduziu seu investimento na criação de carros autônomos. A companhia passou sua participação de 86% no Advanced Technologies Group para a Aurora Innovation (startup financiada pela Amazon) e vai investir US$ 400 milhões para ficar com uma fatia de 26% no negócio criado a partir da operação.

Faltou da semana passada


Download

  • Panorama das agências digitais 2021
  • A Liga Ventures lançou o Startup Scanner, um serviço de mapeamento e monitoramento de startups no Brasil apoiado pela PwC (alguém mais sentiu um cheiro de competição com KPMG+Distrito?). O primeiro material é sobre o setor de energia.
  • O Brasil tem mais de 160 startups dedicadas ao desenvolvimento de cidades inteligentes que receberam, desde 2010, mais de US$ 331 milhões em investimentos. A mobilidade é o foco de atuação de quase um terço das companhias, segundo o Distrito Smart Cities Report.