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CODEX: Edição especial - O que 2021 nos reserva

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Boa tarde,

Nesta primeira edição do ano o CODEX vem com uma pegada diferente. Ao invés de olhar só para trás – porque a última semana foi surpreendentemente parada – vou dar uns pitacos do que eu imagino que será notícia ao longo do ano. Em 3 de janeiro de 2022 a gente vê como eu me sai.

Também estou colocando o texto aberto para todo mundo e direto no corpo do e-mail, como fazia antigamente. A ideia é voltar a fazer isso para os assinantes do Startups, para facilitar a leitura. O que acham?

Eu era daqueles que achava que a pandemia ia acabar com os investimentos em venture capital, que o mercado entraria em um inverno nuclear que só começaria a ser revertido no começo de 2021. Mas, como todo mundo já sabe, o que aconteceu foi justamente o contrário. A atividade seguiu quente e 2020 foi mais um ano de recordes, com algo perto de US$ 3 bilhões em aportes – contra US$ 2,78 bilhões em 2019. O ritmo de avanço foi menor que nos últimos anos, obviamente. Mas o crescimento se manteve, o que já é uma ótima notícia.

Em 2021 o ritmo tende a se acelerar. E você vai acompanhar tudo por aqui!

Boa leitura e Feliz ano novo!


O que esperar de 2021

  • Fundadores voltam a ter mais poder nas negociações
    Não que eles tenham exatamente perdido a força nos últimos meses, mas com a poeira baixando, o apetite dos fundos para alocar capital, e dos investidores para encontrar novos ativos, eles voltam a ter vantagem nas negociações dos termos (e valores);
  • Family offices aceleram os investimentos diretos e passam a “disputar” com mais frequência com fundos de venture capital
    Os family offices têm investido em venture capital há tempos, a maior parte do tempo via aportes em fundos. Em 2020 eles começaram a “abrir as asas” e fazer mais negócios diretamente. Em 21 esse movimento deve se acelerar e eles devem pegar, com mais frequência, o espaço que tradicionalmente seria preenchido por fundos em alguns deals;
  • Consolidação no mercado de fundos
    O volume de recursos disponível para venture capital no Brasil cresceu, mas ainda é pequeno. Então a tendência é que mais dinheiro seja destinado para essa classe de ativos, seja em gestoras tradicionais, ou novatas. Ao mesmo tempo, gerir um fundo não é simples nem barato, o que deve levar mais casas juntarem forças como fizeram Inseed e A5 (KPTL), Performa e BR Opportunities (X8 Investimentos) em 2019 e Bzplan e FIR Capital (Invisto) e bricks e Joa (Igah), ano passado;
  • Fundos tomando mais risco
    A afirmação pode parecer estranha tendo em vista que venture capital é uma indústria de risco. Mas o trabalho de uma gestora é mitigar risco nos investimentos, e isso passa por investir com referências e conceitos pré-definidos (conscientes ou inconscientes). Com um mundo de possibilidades se abrindo com novos comportamentos surgidos com a pandemia, será preciso se abrir a novos modelos, propostas e perfis de fundadores para conseguir achar os negócios que poderão dar bons retornos no futuro;
  • Encontros ao vivo voltam, mas investimentos pelo Zoom se mantêm
    Um dos principais desafios dos investidores é achar negócios/fundadores que se encaixam em sua tese/crenças. Isso normalmente é feito por indicações de pessoas próximas, ou participando de eventos. Em meio à pandemia, o Zoom (ou o Hangouts ou o Teams) se tornou quase que a única ferramenta para encontrar novos candidatos, o que aumentou a possibilidade de análise das casas. Com a volta dos eventos físicos (no 2º semestre, provavelmente), o contato pessoal voltará a ser uma parte importante do trabalho, mas o Zoom Investing manterá um papel importante no deal flow;
  • Vai faltar fintech (boa) para ser comprada
    Talvez não necessariamente. Mas a provocação é boa. Magalu, B2W, Lojas Americanas, Via Varejo, Locaweb, Méliuz, Enjoei, Totvs, Stone, XP, Mercado Livre. Só para citar os nomes de algumas empresas de capital aberto com caixa e apetite para fazer aquisições em 2021. E o foco certamente será nas fintechs, na medida que as empresas buscam fidelizar clientes, reduzir custos com intermediários e criar novas linhas de receita;
  • Equity crowdfunding e nova opções de investimento em startups para “réles mortais”
    O equity crowdfunding não decolou no Brasil, mas ao longo de 2020 parece ter começado a achar um nicho: captações de empresas com pegada B2C, que ficam fora do radar da maioria dos fundos. Isso deve continuar ao longo de 21, o que tende a atrair a atenção de pessoas físicas que não são investidores profissionais ou qualificados. Também é de se esperar que casas como XP, BTG e comecem a lançar veículos de investimento voltados, ou expostos em venture capital;
  • Novos unicórnios
    MadeiraMadeira, OLIST, Neon, Conductor;
  • IPOs
    Pelo menos 5;
  • Nubank valendo US$ 30 bilhões
    Quando fez a rodada em que foi avaliado em US$ 10 bilhões, em 2019, o Nubank tinha 12 milhões de clientes, o que deu a cada cliente da fintech um valor de cerca de US$ 800. Ano passado, quando levantou US$ 300 milhões com seus investidores, a base chegava a 30 milhões. Com os recentes avanços como a compra da Easynvest e a liberação do registro como DTVM, a próxima rodada certamente colocará o Nubank no patamar dos US$ 30 bilhões – e na fila para um IPO em 2022.

Ame Digital compra a Parati Crédito

  • A Ame Digital, fintech da B2W e das Lojas Americanas, comprou a Parati Crédito por R$ 34 milhões. Com a operação, ela amplia sua oferta de serviços financeiros e reforça a competição com Magalu, Via Varejo, Mercado Livre e outros varejistas, que estão enxergando na oferta de serviços financeiros uma avenida para fidelização de clientes e crescimento de receitas.

Os planos da Loggi

  • A Loggi anunciou que pretende investir R$ 600 milhões nos próximos dois anos, o dobro do que ela faria normalmente. O reforço chega no momento em que a logística tem recebido mais e mais atenção – e investimentos – por conta do aumento na demanda no comércio eletrônico. A rodada mais recente da companhia, quando ela ganhou status de unicórnio, aconteceu em junho de 2019. Então é de se esperar uma nova captação em breve.

Natal acelerado no ecommerce

  • As vendas on-line no Natal atingiram R$ 21,7 bilhões, alta nominal de 54% sobre o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O ritmo de avanço está em linha com o verificado no varejo digital ao longo do ano. O comércio eletrônico apurou elevação de 57% nos oito primeiros meses de 2020 em comparação com igual período do ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Movimento Compre&Confie em parceria com a ABComm.

N26 recebe autorização para operar no Brasil

  • O neobank alemão N26 recebeu autorização do Banco Central para operar no Brasil. A liberação da Sociedade de Crédito Direto (SCD) vai permitir que a operação seja iniciada no país – dois anos depois de a companhia ter anunciado que viria para o país.

Amazon investe em podcast

  • A Amazon fechou a compra da Wondery, uma startup de produção de podcastas. O valor do negócio não foi revelado, mas o The Wall Street Journal já havia dado que o negócio estava em curso e que a companhia era avaliada em US$ 200 milhões.

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