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CODEX: Habemus vacina!

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Boa tarde,

É engraçado como alguns eventos parecem ser definidores de tudo que acontecerá em seguida (ou pelo menos a gente se fia nisso).

Desde março do ano passado o mundo vinha esperando ansioso o início das campanhas de vacinação contra a COVID. Alguns países (50) saíram na frente, com destaque para Israel, que deve ter toda a sua população vacinada em março. No Brasil, o processo começou ontem com a vacinação de uma mulher negra (e provavelmente pobre, mas certamente não rica, porque enfermeiro não ganha tão bem assim por aqui). A típica brasileira.

É uma lufada de ar que, se não for atrapalhada por ingerências e disputas políticas (olha 2022 aí geeente!) vai deixar o ano mais tranquilo como todo mundo pediu no dia 31 de dezembro.

Enquanto isso, tudo muito movimentado no mercado. Foram 10 anúncios de novas rodadas na semana, com destaque para a nova investida da SoftBank, a Contabilizei, que recebeu uma série C de valor não divulgado (por que será, hein?). No lado do M&A, a Easynvest, que aguarda aprovação para juntar as escovas com o Nubank, comprou a Vérios em uma operação que também não teve o valor divulgado (por que será, hein?).

E tem mais, muito mais.

Boa leitura e boa semana.

Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe

 


RODADAS DE INVESTIMENTO

  • Contabilizei recebeu um aporte de valor não divulgado liderado pela SoftBank. Também participaram KaszekIFCQuona Capital e Point72 Ventures. Para uma série C de uma empresa com o perfil da Contabilizei, o valor investido deveria ficar entre R$ 60 milhões a R$ 80 milhões, considerando um valuation entre R$ 350 milhões e R$ 420 milhões. A companhia diz ter encerado o ano de 2020 com 30 mil clientes, o que me faz estimar que ela tenha fechado o ano com uma receita de R$ 70 milhões a R$ 75 milhões. Para 2021, a meta é dobrar essa base, o que a levaria a um patamar de R$ 150 milhões. O valor pode ser superior a isso, no entanto, já que ela pretende adicionar novas linhas de receita além dos três pacotes de assinatura que oferece atualmente;
  • ViBe Saúde recebeu um aporte de R$ 54 milhões liderado pelo fundo sueco Webrock Ventures, que já era acionista da empresa. Os recursos serão usados para reforçar a equipe de médicos da família, enfermeiros e psicólogos que são contratados para atender na plataforma. A proposta é oferecer serviços no modelo freemium para os 160 milhões de brasileiros que dependem de atendimento pelo SUS. Em 2021 a companhia pretende chegar a 5 milhões de downloads de seu aplicativo;
  • A imobiliária digital colombiana La Haus levantou uma rodada série B de US$ 10 milhões. Foi a segunda captação da companhia em menos de um ano. O aporte foi liderado pelo fundo americano Greenspring Associates (AlibabaApp AnnieDocuSignRobloxQuibi, entre outros), que entrou no captable, e foi acompanhada pelos fundos Acrew CapitalKaszek (que também investe no QuintoAndar e na Creditas), NFXIMO Ventures e a Hometeam Ventures. Spencer Rascoff, cofundador da Zillow, site americano de compra e venda de imóveis no qual a La Haus se inspira, também participou. Com atuação na Colômbia e no México, a companhia quer expandir para a América Latina, mas ainda não tem planos de ir para outros países.
  • Skore, de treinamentos corporativos, recebeu uma rodada de R$ 11 milhões liderada pela Astella. Também participou a Alexia Ventures, do ex-DGF Patrick Arippol. Ela já tinha como investidores WayraRedpoint eventuresBarn e Invest Tech, que não acompanharam a rodada. Com o aporte a companhia pretende expandir sua operação para a América Latina e triplicar a receita em 2021.
  • Unbox, que faz uma plataforma de comércio eletrônico para pequenos varejistas, levantou uma rodada de R$ 3,5 milhões com a Maya Capital. Os recursos serão usados para melhorar as integrações de venda da plataforma com as redes sociais e também os serviços de logística e pagamento. A companhia nascida no fim de 2019 fechou 2020 com mais 1.000 clientes atendidos e pretende multiplicar o número por 10 em 2021;
  • A agtech focada em rastreabilidade usando blockchain Ecotrace recebeu um aporte de R$ 3 milhões da KPTL. Os recursos são do Criatec 3, do BNDES, gerido pela gestora (que chega a 9 empresas do setor agrícola no portfólio). Com a rodada, a companhia criada em 2018 soma R$ 5 milhões captados. Entre seus principais clientes estão empresas de proteína animal como JBSMinerva e Frigol. Ela também vem atuando em um projeto na cadeia do algodão juntamente com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA);
  • Yuool, marca de calçados que tem como investidores Eduardo Glitz, Marcelo Maisonnave e Pedro Englert (do StartSe, e ex-XPlevantou uma rodada de R$ 3 milhões. Entre os novos investidores estão Eduardo Galanternick, VP de negócios do Magalu e o ex-XP Alejandro Rebelo. O dinheiro será usado para ampliar a atuação da marca, incluindo a abertura de lojas temporárias em seis cidades.
  • BR Angels investiu R$ 1,5 milhão na agtech de gestão pecuária iRancho. Foi o sexto aporte da rede de anjos feito em 2020, somando R$ 8,5 milhões em recursos alocados. a iRancho pretende aumentar sua equipe de engenharia, continuar desenvolvendo integrações com sistemas de melhoria de genética bovina e investir em marketing e em publicidade (tradicional e on-line);
  • Sensix, startup que atua no processamento e análise de dados de drones, satélites, amostras de solo, sensores e máquinas para o agronegócio, recebeu um aporte de R$ 1 milhão da DOMO Invest e da Silver Angles para ampliar sua operação comercial e investir em marketing;
  • ContaÁgil, startup de contabilidade online para PMEs, recebeu uma rodada de valor não revelado que contou com a participação da Poli AngelsUrca Angels e DOMO Invest.
  • WeCancer, que possibilita o acompanhamento remoto de pacientes com câncer, recebeu uma rodada seed de valor não revelado da Vox Capital. O serviço tem mais de 1,4 mil usuários, sendo que 300 são ativos (usaram nos últimos 30 dias);
  • Company Hero, do húngaro Miklos Grof e do chileno Diego Izquierdo, está com uma captação de até R$ 3 milhões aberta na plataforma de equity crowdfunding Beegin. O objetivo é usar os recursos para dobrar a operação de tamanho em 2021, chegando a uma receita de R$ 11 milhões.

AQUISIÇÕES

  • Enquanto aguarda a liberação de sua compra pelo Nubank, a Easynvest anunciou a compra da fintech de investimentos por robôs Vérios. O valor da operação não foi revelado. A Vérios era investida da Igah (antiga e.Bricks) e do Startup Farm. Sua captação mais recente tinha sido de R$ 5,8 milhões, em 2018. Ela chegou a R$ 400 milhões em ativos sob gestão, que serão somados aos R$ 25 bilhões da Easynvest – e tudo passará ao comando do Nubank, em breve. Como lembrou o Danylo Martins do Finsidersv, a Easynvest tinha um acordo com a Magnetis, principal concorrente da Vérios, que lançou sua própria gestora e está fazendo a transição de sua carteira para seu produto próprio.
  • Locaweb finalizou a compra da Vindi. O processo demorou a ser encerrado porque a Locaweb teve que esperar a aprovação do negócio por alguns acionistas da Vindi (recebido no começo de dezembro) e também precisou da anuência do Cade (concedida na véspera do Natal). A compra da Vindi foi anunciada pelo valor de R$ 180 milhões, sem contar earn out. Pelo valor apresentado, a Locaweb pagou um múltiplo de 5,14x receita pela empresa
  • Visa desistiu da compra da fintech Plaid. O negócio de US$ 5,3 bilhões anunciado em janeiro de 2020, ia ser bloqueado pelo Departamento de Justiça dos EUA pelo que estava sendo considerado um movimento para conter o crescimento de um competidor. A Visa nega. Segundo ela, o negócio da Plaid é complementar ao seu.

E POR FALAR EM NUBANK – PROMOÇÕES E AUMENTOS

  • Nubank promoveu ou aumentou o salário de 85% de seus funcionários em 2020, segundo a companhia. Além disso, mais de 80% deles se tornaram sócios por meio do programa de stock options. O neobank tinha 2,8 mil funcionários em meados de novembro e 30 milhões de clientes. A ver como a bondade impactou os custos do banco na divulgação do balanço do ano de 2020.

NUBANK 3 – BAIXA NOS QUADROS

  • Pouco mais de um ano depois de se juntar ao Nubank como diretor financeiro, o ex-Itaú Marcelo Kopel deixou a fintech. A decisão foi tomada por motivos pessoais. O Valor apurou que ele enfrente uma questão de saúde séria na família. Ele continuará como consultor e será substituído por Guilherme Lago. A transição acontecerá entre janeiro e fevereiro.

SINQIA INVESTINDO EM STARTUPS

  • Sinqia está aportando R$ 8 milhões em fundos da Astella e da Parallax (R$ 4 milhões em cada) e vai direcionar mais R$ 42 milhões para uma terceira gestora que será anunciada em breve. Os R$ 50 milhões serão aplicados por meio da Torq Ventures, o braço de inovação da Sinqia. O objetivo é achar empresas que estejam em estágio de desenvolvido entre seed e série A.

O BANCO DO RAPPI


MAIS RAPPI

  • O aplicativo nomeou Fernando Vilela, que era diretor de estratégia no Brasil, para o cargo de diretor de marketing.

CONTRATAÇÂO

  • A fintech Hash contratou Marcelo D´Affonso, ex-diretor financeiro da Moip e ex-presidente da Wirecard Brasil (que foi vendida para o PagSeguro) para o cargo de diretor financeiro.

R$ 1 BILHÃO

  • As startups instaladas no Cubo receberam aportes ou foram alvo de transações que movimentaram R$ 1 bilhão em 2020, segundo balanço feito pelo hub do Itaú. Dentre as operações está o aporte de US$ 100 milhões recebido pela Take Blip. “O Cubo contribuiu com 14% do faturamento médio das startups em 2020 e mais de 3,2 mil empregos foram gerados – um aumento de 48% em relação ao ano passado. Em média, houve um crescimento de 3X em relação a 2019, com destaque para as fintechs, healthtechs e edtechs”, disse, em comunicado.

FIDC DE R$ 200 MILHÕES

  • Zoop captou um FIDC de R$ 200 milhões para antecipar recebíbeis de cartão de crédito para seus clientes. De acordo com a fintech, a oferta privada teve uma demanda de R$ 500 milhões, o que lhe permitiu negociar a condições. Os detalhes dos termos, no entanto, não foram revelados.

FRETADO FLEXIBILIZADO

  • Buser anunciou um investimento de R$ 100 milhões em Minas Gerais depois de o governador Romeu Zema assinar um decreto que flexibiliza as operações de ônibus fretados no transporte intermunicipal no estado. Os recursos serão divididos da seguinte forma: R$ 15 milhões em infraestrutura de pontos de embarque e desembarque; R$ 25 milhões em financiamentos de veículos e capital de giro para os fretadores parceiros; R$ 20 milhões em itens tecnológicos de segurança, obrigatórios para a frota de parceiros Buser; R$ 20 milhões em ações de divulgação e educação dos consumidores quanto à nova alternativa de transporte e R$ 20 milhões em descontos e gratuidades para usuários testarem e se adaptarem às tecnologias oferecidas pela Buser. Procurada, a companhia informou que os recursos virão de seu próprio caixa e que ela não fez nenhuma captação nova. A mais recente é de 2019. Por dia, mais de 15 mil pessoas usam o serviço da Buser para viajar em todo o Brasil, segundo a empresa. A companhia também anunciou que começou a vender passagens das empresas de ônibus que operam nas rodoviárias (vulgo, suas grandes concorrentes).

MAIS ZEMA

  • No mesmo dia em que mudou regras que beneficiam startups como a Buser, a 4Bus e a Flixbus, o governador Romeu Zema também assinou uma lei com estímulos para o desenvolvimento de startups no estado. A lei completa pode ser acessada aqui. O texto se antecipa a diversas medidas previstas no Marco Legal da Startups, que aguarda aprovação no Senado.

BOLSAS PARA NEGROS

  • QuintoAndar está oferecendo 50 bolsas de estudos para pessoas autodeclaradas pretas ou pardas para o curso de Programação Web Full Stack da Digital House (com 210 horas de carga horária). No fim do curso, os bolsistas poderão participar do processo seletivo para a área de engenharia de software imobiliária digital.

ADIOS, FÁBRICA DA FORD

  • Um dos principais assuntos da semana foi o fechamento da fábrica da Ford no Brasil. Acho que o foco da discussão e dos lamentos está errado. Sim, a perda de mais de 5 mil empregos diretos (e outros tantos indiretos é gigantesca, mas era inevitável e representa pensar em um Brasil do passado.

O PACOTÃO DO BIDEN

  • Uma semana antes de assumir oficialmente a Casa Branca (cerimônia de transição que Donald Trump disse que não vai participar), Joe Biden anunciou um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão para a economia dos EUA. Dentre as medidas estão US$ 15 bilhões para pequenos negócios que se somam ao atual Paycheck Protection Program, além de US$ 35 bilhões de investimento em programas que oferecem crédito com juros baixos e venture capital para empreendedores.

ATUALIZAÇÂO DE TERMOS ADIADA

  • A reação às novas regras de uso propostas pelo WhatsApp foi tão adversa que a companhia decidiu adiar sua entrada em vigor: ao invés de 8 de fevereiro, a data passou a ser 15 de maio. O quiprocó que fez muita gente migrar para aplicativos como Telegram e Signal começou quando o aplicativo de mensagens apresentou os novos termos de uso dizendo que, que não concordasse, aceitando que a companhia compartilhasse dados de conversas com o Facebook, teria o acesso bloqueado. O que não ficou claro é que a alteração se referia a contatos com contas comerciais, não às conversas do dia a dia. O passo faz parte da estratégia de tornar seus serviços mais transacionais. Mas a companhia não conseguiu explicar que fucinho de porco não é tomada e acabou sofrendo mais um baque à sua já bastante arranhada imagem. Isso em meio a toda discussão sobre o bloqueio à conta de Donald Trump e da deplatforming – que já levou as ações do Facebook a caíram 6% e do Twitter 17% no ano.

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